Dois vereadores acusados de receber dinheiro para aprovar o projeto da construção do Boulevard Shopping foram afastados nessa quinta-feira de suas funções. Hugo Thomé (PMN) e Carlúcio (PR) terão que ficar pelo menos 60 dias sem exercer a atividade parlamentar, porém continuarão recebendo os salários e terão à disposição toda a estrutura dos gabinetes. A decisão da Justiça chegou nessa quinta-feira às mãos do presidente da Câmara Municipal, Léo Burguês (PSDB), minutos depois de ele ler a carta de renúncia de Gêra Ornelas (sem partido) por outras razões. O clima de desalento podia ser percebido nos corredores da Casa, em conversas entre os funcionários, e também com outros parlamentares, que lamentavam a situação do Legislativo municipal.
Balbino foi quem delatou o esquema de compra de votos. Ele sustenta ter participado das negociações, mas depois se arrependeu e entregou todos os envolvidos. O empresário Nelson Rigotto, empreendedor do shopping e acusado de entregar o dinheiro, também assumiu a corrupção para o Ministério Público. Porém, Rigotto afirma que foi extorquido. “Existia um projeto que era lícito, legal, encaminhado pelo Executivo e que deveria tramitar normalmente, mas ele foi procurado pelos vereadores, que disseram que, se não pagasse, o projeto não passaria”, afirmou o advogado de Rigotto, Marcelo Leonardo.
‘Apoio’
O pedido inicial dos vereadores era de R$ 2 milhões para a aprovação do projeto. Durante as negociações o valor foi reduzido e o acerto ficou em R$ 320 mil, sendo que somente metade (R$ 160 mil) foi repassada aos parlamentares. Acusado, Hugo Thomé acredita que pode ter “lucro” com o afastamento. “Tenho recebido muito apoio de meus eleitores”, afirma. Ele garante não ter recebido dinheiro e que provará que é inocente. Carlúcio também firma posição e acredita que será capaz de provar a inocência. Informa que seus advogados vão providenciar uma ação para pedir a suspensão da decisão. Ambos acusam o ex-vereador Balbino de problemas mentais. Quando questionados sobre qual seria a motivação do empresário os dois alegam “motivos políticos” e outros interesses, mas não detalharam quais.
O presidente da Câmara, Léo Burguês, informa que os dois permanecerão afastados por 60 dias, o prazo máximo permitido até a convocação dos suplentes. Enquanto isso, aguarda uma posição definitiva da Justiça ou até mesmo que os afastados consigam derrubar a liminar. “Não podemos deixar que isso contamine as ações do Legislativo”, afirma Burguês. Ele entende que dois vereadores fazem falta, mas acredita ser possível concluir as principais votações até o fim do período legislativo. O salário do vereador é de R$ 9.288,05 e caso os suplentes assumam as vagas, os belo-horizontinos vão pagar as despesas extras com mais dois vereadores.