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Estado de Minas OPERAÇÃO MONTE CARLO

Acusado de corrupção, bicheiro Carlinhos Cachoeira já comandou seis empresas em Minas


postado em 15/04/2012 07:35

O contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso durante a Operação Monte Carlo, tem em Minas Gerais um importante território para a operação dos seus negócios ilegais com o jogo. Cachoeira, assim como seu parceiro, o senador goiano Demóstenes Torres (sem partido), montou empresas no estado em diversas áreas de atuação, há mais de duas décadas, em Uberlândia, no Triângulo mineiro, e em Araxá, no Alto Paranaíba, além de Belo Horizonte. O bicheiro, acusado também de corrupção e formação de quadrilha, já esteve à frente de seis empresas no estado, mas atualmente toca apenas uma delas, a filial da Bet Capital, instalada em Araxá, onde aparece como representante legal . Essa empresa abocanhou um contrato milionário com a prefeitura, já encerrado, mas ainda sob investigação do Ministério Público Estadual por suspeita de superfaturamento na prestação dos serviços.

De acordo com relatório da Procuradoria da República em Goiás, pelo menos 4% dos negócios do contraventor, que já foi dono de, no mínimo, 59 empresas em todo o país, sendo 38 ativas, é movimentado em Minas. No entanto, interceptações telefônicas, feitas pela Polícia Federal com autorização judicial revelam que as empresas legais serviam, na verdade, para ocultar as transações com as máquinas caças-níqueis. Em um diálogo, em julho do ano passado, Lenine Araújo de Souza, sócio da empresa Capital, em Araxá, conversa com um parente de Cachoeira sobre uma comissão de 30% paga a donos de caças-niquéis e um sistema de gerenciamento dos jogos que estava sendo implantado em Uberlândia.

Em outra interceptação, Idalberto Matias, conhecido como Dadá, araponga de Cachoeira, conversa com uma pessoa identificada apenas como professor sobre o esquema de jogos na capital mineira. Na conversa, o “professor” diz a Dadá que vai viajar a Belo Horizonte para se encontrar com uns políticos, “gente forte da área lá” para resolver uma pendência. O inquérito da PF não traz detalhes sobre o negócio.

Escândalo

Desde 2000, Cachoeira vem sendo investigado pelo Ministério Público Estadual (MPMG). A Promotoria de Combate ao Crime Organizado do MPMG iniciou uma devassa nos negócios dele em Minas, mas decisão do Conselho de Procuradores barrou a iniciativa, por entender, que as investigações de contravenção penal, são de responsabilidade do Juizado Especial Criminal. Em 2003, o bicheiro foi protagonista de um escândalo em Minas por operar, sem licitação, jogo da Loteria do Estado de Minas Gerais por meio da Jogobrás do Brasil Ltda, empresa que pertencia a ele.

Documento elaborado pela Assessoria de Planejamento e Coordenação da Loteria Mineira, em julho de 2000, revela que o contrato firmado causou um prejuízo da ordem de R$ 286.254.760 durante a gestão do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB).

Os negócios e as relações políticas de Cachoeira, em Goiás e Minas, tiveram a força de atrair até Goiânia uma comissão de deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), para conhecer uma iniciativa de projeto de lei para regulamentar a jogatina naquele estado. Na ocasião, em 2002, a comissão foi recepcionada pelo secretário de Segurança Pública de Goiás, o então promotor de Justiça Demóstenes Torres, no governo de Marconi Perillo (PSDB). Hoje, o senador e Perillo (PSDB), que retornou ao governo de Goiás no ano passado, são suspeitos de beneficiar o bicheiro Carlinhos Cachoeira, conforme investigação da Procuradoria da República daquele estado. A iniciativa dos parlamentares mineiros, no entanto, não rendeu os frutos desejados. O MPMG, depois da acusação de envolvimento do então procurador-geral de Justiça de Minas Márcio Decat com a jogatina, fez uma dura investida contra os bingos, caça-níqueis e jogo de bicho, enterrando a possibilidade de legalização da contravenção.


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