Pressionado pelo PMDB, o Palácio do Planalto costurou nessa segunda-feira uma solução de redução de danos às suas relações com o principal aliado e formulou uma solução alternativa na montagem do palanque no Maranhão. A presidente Dilma Rousseff comunicou ao senador José Sarney (PMDB-AP) que apesar do seu apoio à candidatura a governador de Flávio Dino (PC do B), rival do senador, apoiará ao Senado a governadora Roseana Sarney (PMDB-MA). O clã defendia o apoio palaciano ao secretário de infraestrutura do Estado, Luis Fernando Silva.
Para o PT, é importante aliar-se a Dino no Estado como uma demonstração de que o partido ainda tem a seu lado aliados históricos, mesmo com a saída do PSB da provável coalizão da reeleição de Dilma. "O Maranhão já pagou um preço alto por essa aliança. Agora, devemos apoiar Flávio Dino, candidato do PC do B com o compromisso dele de apoiar a reeleição da presidente Dilma", declarou o deputado petista Paulo Teixeira (SP), que esteve no Maranhão, na semana passada, participando de diversas reuniões.
"Acho que o PT deveria procurar construir uma frente de esquerda para o próximo período capaz de mudar o Maranhão e Flávio Dino é a melhor candidatura de governo", emendou. O próprio PC do B quer garantia de que o único estado em que tem reais chances de ganhar receberá aval do Planalto. "O mínimo que esperamos do PT é o apoio ao PC do B, um aliado histórico, para a eleição de Flávio Dino", disse o ex-ministro de Lula, Orlando Silva, um dos dirigentes do partido.
A pressão do PMDB sobre o governo foi tão forte que o porta-voz do Planalto, Thomas Traumann, informou que "é especulação" a conclusão da reportagem 'Lula e Dilma se afastam de Sarney no Maranhão'. A presidente Dilma também se viu obrigada a ligar para Sarney para assegurar que continuam como aliados.
A divulgação do problema acabou precipitando discussão sobre o tema e a necessidade de apressar as costuras locais, com o anuncio de que o governo apoiará a candidatura de Roseana ao Senado. Sarney quer uma saída honrosa para sua filha no Estado e tem reiterado que não será candidato à reeleição a uma cadeira no Senado pelo Amapá, rejeitando a engenharia que se estava sendo desenhada.
Para atender e brecar qualquer possibilidade de rebelião dos peemedebistas, o porta-voz do Planalto informou ainda que a reunião da semana passada "não tratou de preferências sobre a sucessão eleitoral no Maranhão". O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que não houve qualquer definição em relação ao Maranhão, mas reconheceu que há estados que será preciso analisar a situação com cuidado. Ele lembrou que esta foi uma reunião inicial e que ainda há muitas conversas com direção de partidos a serem realizadas.