

Para o promotor Garcia, o Novojornal funciona como uma fachada para práticas de delitos contra a honra. Além disso, ele acusa Carone de integrar uma quadrilha comandada por Nilton Monteiro, que está preso na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. Monteiro é tratado como lobista e especialista em falsificação de documentos, entre eles, a Lista de Furnas, com nomes de políticos que teriam recebido recursos da empresa para a campanha eleitoral de 2002.
“Ele (Carone) utilizava o fato de ser jornalista para tentar se acobertar alegando liberdade de imprensa. Como se isso fosse uma carta branca para cometer toda a sorte de crimes, publicando notícias inverídicas e tentando desmoralizar autoridades e instituições com o objetivo de facilitar a atuação dessa quadrilha”, denuncia o promotor. “Era a mesma coisa que um traficante preso transportando drogas alegar que não podia ser preso, por que ele tem o direito de ir e vir”, compara.
O advogado de Carone, Hernandes Purificação de Alecrim, afirmou que está analisando o processo e preferiu não se posicionar. Carone é de uma família com tradição política na capital mineira. Seu pai, Jorge Carone, foi prefeito da capital em 1962 e a mãe, Nísia Flores Carone, foi deputada federal. O irmão, Antônio Carlos Carone, foi vereador em Belo Horizonte entre 1977 e 1988. O Novojornal, que começou em versão impressa, mas nos últimos anos é veiculado somente na internet, publicava denúncias constantes contra o grupo político que comanda Minas Gerais. Entre os alvos prediletos de Carone estão o senador Aécio Neves (PSDB), o secretário de Governo Danilo de Castro (PSDB) e o ex-governador e atual deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB).
Para o promotor, o site funcionava “como uma arma na mão dele”, que era apontada para quem ele desejasse. “Foi assim durante vários anos até que a investigação envolvendo a quadrilha o pegou”, afirma Garcia. Há um mês, o carro do promotor foi incendiado no Bairro Serra. Ele informou que aguarda a conclusão da investigação da Polícia Civil. “Mas não há dúvida que existe suspeita sobre essa quadrilha”, afirmou o promotor.
‘BALCÃO DE NEGÓCIOS’ A relação entre Monteiro e Carone se dava da seguinte maneira, segundo o promotor: “Muitas coisas que o Nilton Monteiro iria falsificar eram publicadas de antemão pelo site (Novojornal), relatando que isso viria a ser feito”. De acordo com a decisão da juíza: “O grupo de delinquentes tem como líder a pessoa de Nilton Monteiro, atualmente preso, e como relações públicas o indivíduo que se passa por jornalista de nome Marco Aurélio Flores Carone, responsável pelo site Novojornal, que nada mais é senão um balcão para os negócios do bando”.
O promotor afirma que o Novojornal recebia cerca de R$ 60 mil por mês e que o objetivo da investigação é descobrir quem são os patrocinadores. Garcia oferecerá a Carone, que está preso no Ceresp da Gameleira, o benefício da delação premiada, caso ele entregue quem são os financiadores. A prisão preventiva pode durar até 90 dias. A denúncia do MP acusa Carone de sete crimes: falsificação de documentos públicos e particulares, fraude processual, denunciação caluniosa, uso de documentos falsos, formação de quadrilha e falsidade ideológica.