Brasília – A oposição promete investigar os gastos com patrocínio feitos pela Petrobras a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Inácio Lula da Silva. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) afirmou que, em geral, as despesas com publicidade da petroleira já podem ser consideradas “abusivas” mesmo em um período em que a estatal enfrenta uma série de denúncias de corrupção.
Ele disse ao Estado de Minas que a nova suspeita estará entre os tópicos da nova CPI da Petrobras, que deve ser articulada pela oposição no próximo mandato parlamentar, que começa em primeiro de fevereiro. Já o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), afirma que o melhor caminho para os parlamentares é fazer uma representação ao Ministério Público.
De acordo com Delgado, a denúncia de que o então presidente Lula pressionou para que patrocínios fossem feitos a escolas de samba só reflete como são mal administrados os recursos da petroleira. Em março de 2009, o ex-gerente de Comunicação de Abastecimento da estatal Geovane de Morais afirmou que Lula forçou o patrocínio a 12 escolas de samba do Rio de Janeiro em 2008. O negócio rendeu prejuízos milionários à estatal, de acordo com o jornal Valor Econômico. Geovane foi demitido da empresa após a descoberta de envolvimento em irregularidades, parte delas denunciada pela ex-gerente de Abastecimento Venina Fonseca, co-responsabilizada por desvios na estatal por comissões internas da apuração.
Em nota, o Instituto Lula afirmou que o ex-presidente participou de uma reunião pública em 8 de dezembro de 2007 com o então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil. No encontro, ficou definido que a Petrobras daria R$ 1 milhão a cada uma das 12 escolas de samba. A assessoria de Lula disse que ele pediu patrocínios, não que fossem feitos desvios com os recursos. “A definição final sobre a aplicação dos recursos e a fiscalização das contrapartidas definidas no patrocínio cabe à Petrobras”, afirmaram os auxiliares do ex-presidente na nota.
De acordo com a Petrobras, foram verificadas a execução do projeto e o cumprimento das contrapartidas de imagem. “O projeto Samba Carioca Patrimônio Cultural do Brasil garantiu grande visibilidade na exposição da marca Petrobras, por intermédio de eventos realizados ao longo de todo o ano, nas quadras das escolas, na Cidade do Samba e durante os dias de desfiles. Além da visibilidade da marca, o projeto tinha como objetivo preservar a tradição do samba no Rio de Janeiro.”
Estratégia
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), afirma que o assunto precisa ser apurado, mas com estratégia. “Para essa nova denúncia, que envolve diretamente o Lula, as oposições têm de pedir apuração ao Ministério Público”, defendeu. O deputado afirma que as CPIs estão “empasteladas pelo governo” e uma acusação contra um ex-presidente da República seria facilmente sepultada no Parlamento. Uma CPI só caberia sobre fatos novos além da Operação Lava-Jato. Assunto não faltaria, segundo Freire. “Esse governo é pior que queijo suíço, com furos de corrupção”, criticou o deputado.
O deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) tripudiou das intenções da oposição. Para ele, Delgado, pré-candidato à Presidência da Câmara, e outros colegas “não têm o que falar”. “É falta de argumento. Quem não apoia o carnaval no Rio e em São Paulo?”, criticou.