O filho do ministro Teori Zavascki, Francisco Prehn Zavascki, publicou ontem no final do dia uma desabafo nas redes sociais ligando a morte de seu pai à tentativa do PMDB de barrar a Operação Lava-Jato e pedindo o impeachment do presidente Michel Temer (PMDB). Teori morreu em um acidente de avião em janeiro deste ano. De acordo com o relato, seu pai sabia quem estava envolvido no “mar de corrupção” e pode ter sido assassinado por isso.
Segundo ele, quando o PMDB percebeu que as investigações começaram a ficar mais perto dos líderes do partido viu que a única chance era barrar a Lava-Jato. “Para isso, precisava do poder. Derrubaram a Dilma e assumiu o Temer. Do que eles são capazes? Será que só pagar pelo silêncio alheio? Ou será que derrubar avião também está valendo?”, afirmou.
O filho do ministro disse ainda que se sente o estômago embrulhar ao lembrar da presença do “cortejo dos delatados” no velório do seu pai. Entre as figuras envolvidas com a Lava-Jato que estiveram no velório estavam o presidente Michel Temer, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e o então ministro José Serra, na época no comando da pasta de Relações Exteriores, todos delatados na Lava-Jato.
Hoje ele voltou ao assunto e disse ter escrito o texto em momento de emoção. O relato de Franscisco foi feito logo após o vazamento das denúncias de que Temer teria sido gravado dando aval para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), preso desde setembro passado pela Lava-Jato. No texto, ele pediu respeito à Constituição.
“Caros amigos, ontem escrevi, num momento de grande emoção, um texto que, mais do que qualquer coisa, representa como eu vejo o que se passou. Ainda sou tomado por muitas dúvidas e, em razão dos fatos de ontem, quis compartilhar a minha opinião.A crise é muito complexa e difícil, por isso penso que só com ponderação, razão, apego à lei e à Constituição (remédios que o meu pai sempre usou) é que podemos superá-las! Precisamos unir o país, não dividi-lo. Força às instituições!”.
O problema é que as investigações começaram a ficar mais e mais perto e os líderes do PMDB viram como única saída, realmente, brecar a Operação a qualquer custo. Para isso, precisava do poder. Derrubaram a Dilma e assumiu o Temer. Do que eles são capazes? Será que só pagar pelo silêncio alheio? Ou será que derrubar avião também está valendo?
O pai sabia de tudo isso. Sabia quanto cada um estava afundado nesse mar de corrupção. Não é por acaso que o pai estava tão afilho com o ano de 2017. Aflito ao ponto de me confidenciar que havia consultado informalmente as Forças Armadas e que tinha obtido a resposta de que iriam sustentar o Supremo até o fim!
Não tem coisa que me embrulha mais o estômago do que lembrar que, no dia do velório do meu pai, diante de tanta dor, ainda tive que cumprimentar os membros daquele que foi apelidado naquele mesmo dia de o “cortejo dos delatados”. Impeachment já! Desculpem o desabafo, mas não tenho como não pensar que não mandaram matar o meu pai!