Se você é adepto das redes sociais, responda à pergunta: consegue imaginar sua vida sem elas? Pois essa mesma questão foi aplicada pelo Ibope na ampla pesquisa realizada no ano passado sobre a presença dos sites de relacionamento na vida do brasileiro. E a resposta foi não, para quase 30% dos entrevistados. E quem já aderiu às redes confessa que quer mais. Sobre a afirmação “comprei um celular ou mudei de plano de telefonia para acessar as redes sociais com mais facilidade”, 20% asseguraram que sim, fato que confirma outras pesquisas que revelam aumento superior a 100% nas vendas de aparelhos com acesso à internet nos últimos cinco anos.
O trabalho do Ibope foi realizado em setembro com 8.561 entrevistados (pessoas acima de 10 anos) e abrangeu 11 regiões metropolitanas, inclusive a Grande BH. Diante dos números apurados, estima-se que o Brasil tenha hoje mais de 25 milhões de usuários de redes sociais. A maioria acessa os sites de casa (70%) – as lan houses vêm em seguida (37%). Apesar de viver um mercado em plena expansão, os celulares estão em último lugar como meio de acesso às redes (5%). À afirmação “quando acesso as redes não me sinto só”, 54% dos entrevistados concordaram. Em média, cada participante de redes sociais tem cadastrado 273 amigos. Em Belo Horizonte, 13% dos participantes da pesquisa revelaram ter mais de 700 amigos. E, quanto mais jovem é o usuário de redes sociais, maior é a tendência de substituir os e-mails e torpedos por mensagens postadas nos sites (56% preferem essa forma de comunicação).
Resultados de estudos sobre o fenômeno das redes sociais, que nos chegam ao conhecimento regularmente, podem ser facilmente comprovados numa simples conversa com usuários de tais endereços. Os sites de relacionamento estão mesmo incorporados à vida do brasileiro, que dificilmente consegue ficar muito tempo afastado deles. Para mostrar isso, o Informátic@ propôs a quatro internautas assíduos o desafio de ficar 48 horas totalmente desconectados de redes sociais. Veja como foi o “sofrimento” de cada um deles:
“Viver sem internet não dá”
“Foi difícil ficar dois dias sem me conectar às redes sociais. Na segunda-feira, 2/5, me desliguei delas, mas não tive como deixar de acessar a internet, pois trabalho com ela. No dia anterior, eu nem me lembrei de despedir dos meus seguidores do Twitter, dos meus contatos do MSN, do Orkut e do Facebook. Deu vontade de quebrar a promessa e acessar meus perfis para fazer isso, até ter a brilhante ideia de passar os dados de login ao meu primo Davidson, para que ele deixasse meus amigos sob aviso, esclarecendo o motivo da minha looonga ausência (rs). Cheguei ao trabalho por volta das 9h e acessei a internet para resolver pendências no site da imobiliária do meu pai. Novamente resisti. Por pouco não abri uma nova aba e acessei minhas contas. Durante todo o dia, cumpri com o meu propósito até o momento em que minha tia ligou pedindo para que eu entrasse no MSN para me enviar um arquivo. Entrei, com a intenção de sair rapidamente. Porém, todos os amigos começaram a me chamar, as janelas piscavam sem parar e, então, não aguentei: os 10 minutos que programei se estenderam por uma hora e meia. Aproveitei para colocar o papo em dia com os amigos com os quais havia conversado no dia anterior. Afinal, de um dia para o outro muita coisa pode acontecer (rs)!!! Depois disso, prometi para mim mesma que não entraria mais durante toda a segunda-feira e também na terça. E assim foi feito. O dia seguinte foi monótono, pois trabalho em um computador, e pior, conectado à internet. Falei para minha prima que trabalha comigo sobre o desafio que me havia sido proposto pelo Estado de Minas. Não sei por que fui falar isso, pois o dia todo ela ficou na minha cola. Faltou pegar meus serviços para fazer, para que eu saísse do computador. Controlei-me bem nesse dia. Conclusão: dois dias é possível, mas viver sem internet não dá. Amo meu MSN e não largo por nada o meu Twitter. Meus amigos, que antes conversavam comigo quase sempre pela internet, até me ligaram nesses dois dias. Um milagre!!! Vou chamar de ‘aventura’ esses dois dias sem internet. Viver em um mundo que nos impõe a velocidade, a busca pela informação rápida e contato imediato com as pessoas é viver conectado à internet. Internet é quase tudo no século 21. Enquanto eu puder, estarei conectada!”
• Ivana dos Santos Ferreira, 17 anos, estudante
“Não me peçam isso de novo”
“O desafio de me ausentar das redes sociais por 48 horas me foi proposto num domingo. Antes de sair de casa para fazer uma gravação, pensei em entrar no Twitter (que é o meu vício maior), mas desisti para não me atrasar. A gravação que fui fazer, entretanto, atrasou. Enquanto esperava tentei entrar na internet pelo celular, mas não consegui. A turma da gravação chegou e a internet ficou para depois. Só que, aí, recebi o telefonema com o desafio, que aceitei sabendo das dificuldades. Cheguei em casa e nem liguei o computador para não cair em tentação, mas eu estava louca para pegar umas fotos com uns amigos. Resisti bravamente! A segunda-feira foi ainda mais difícil. É que eu trabalho ligada às redes sociais. Pedi, porém, à minha chefe para não entrar nos sites de relacionamento aquele dia, expliquei o motivo e ela liberou numa boa. Li apenas e-mails e fiz algumas postagens no blog da empresa. Confesso, entretanto, que a vontade de entrar era demais. Eu fico todos os dias, o tempo todo, nesse mundo e foi superestranho me ausentar dele. Na faculdade à noite foi pior ainda. Aula no laboratório de informática, todo mundo abrindo Facebook, Orkut, Twitter e eu lá...sofrendo...(rs). Cheguei em casa do mesmo jeito, louca para falar com as pessoas com as quais converso todos os dias. Fui até dormir mais cedo para não cair ainda mais em tentação. Mas na terça-feira a primeira coisa que eu fiz ao acordar.... Twitteeeeer!!! Confesso que foi estranho ficar off-line, mas também percebi que deixamos de fazer outras coisas para nos manter conectados o tempo inteiro. No mais, adorei o desafio... Mas, por favor, não me peçam isso de novo!!!”
• Camila Sol, 20 anos, jornalista e fotógrafa
“Fora da rede, senti-me um ET”
“Era 1º de maio, Dia do Trabalho, por volta das 14h, quando fui contatado pelo Estado de Minas propondo-me o desafio de ficar pelo menos 48 horas sem acessar redes sociais, algo realmente bastante difícil para quem, como eu, só não está on-line quando não tem mesmo jeito. Confesso que o primeiro dia, por ser um domingo e eu estar com minha namorada, foi bem mais fácil do que pensava. Isso até às 0h30 do dia 2, quando recebi a notícia que alterou minha tranquilidade e mudou todo o meu pensamento: o terrorista mais procurado do mundo, Osama bin Laden, tinha sido morto pelas forças norte-americanas. Quase fiquei louco de tanta vontade de comentar o assunto, pois sabia que ele seria disparadamente o mais falado do momento. Como não opinar sobre algo tão importante? Chegando ao serviço, às 8h da segunda-feira, fui automaticamente postar algo no Facebook e no Twitter, mas logo que loguei me lembrei que estava no meio de um desafio e acabei saindo. Entretanto, meu desejo de saber como as redes estavam reagindo era bem mais forte do que eu. Não entrei, mas perguntei a um amigo se alguém tinha postado algo interessante no Facebook, pois estava me sentindo um ET. Era como se eu não estivesse neste mundo. Sentia-me totalmente desconectado do que ocorria com as pessoas. A TV pode até mostrar tudo que acontece no mundo, mas não fala nada de gente, que, na minha opinião, é realmente o que mais importa. São os amigos, as pessoas formadoras de opinião que sigo pelas redes sociais. Foi difícil vencer desconectado toda a segunda-feira. Mas, apesar de ter sucumbido à curiosidade e procurado informações de outras formas, acredito ter cumprido, pelo menos em parte, o difícil desafio”.
• Wanderson Claudio da Silva, 29 anos, estudante de comunicação social
“Fiquei tentada a quebrar o desafio”
“Segunda-feira, dia 9, fui contatada pelo Estado de Minas via celular, por volta das 11h, me propondo o desafio de ficar 48 horas sem utilizar qualquer rede social. Achei que seria mais difícil, pois recorro às redes para conversar com amigos e familiares, orientar alunos na graduação e pós-graduação, enviar um recado de forma rápida e segura, ter acesso a publicações. Confesso que fiquei tentada algumas vezes a quebrar o prometido, principalmente quando recebi no meu e-mail a mensagem de que alguém teria deixado um recado numa das minhas contas. Mas, pensei, se fosse alguma urgência, a mensagem seria enviada também por e-mail ou o autor teria me telefonado. Claro que, para algumas pessoas mais próximas, eu avisei dessa minha ausência temporária. Para mim ficou claro que, se até há poucos anos vivíamos sem essas redes, continua possível viver sem elas, apesar da praticidade e da sociabilidade que proporcionam. A discussão é muito interessante: amigos postam reportagens a que talvez você não tivesse acesso se não fosse pela rede. Mas percebi também que o tempo da gente fica maior – foi possível terminar um livro que havia dias empoeirava na minha cabeceira. O mais correto é tirar proveito de forma inteligente delas, entrar, se informar, se relacionar e sair para cuidar do mundo real. Claro que, quando você está com tempo disponível, pode se dar ao luxo de uma resenha pelo chat, mas ficar conectado full time (o que não era o meu caso) deve ser muito cansativo. Uma espécie de overdose de informação. O bom é entrar, ler os tweets que mais lhe interessam, os posts mais legais e ir cuidar da vida.”
• Cássia Torres de Carvalho, 39 anos, coordenadora e professora de publicidade e propaganda