O Observatório Nacional (ON), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, inaugura hoje (3) o primeiro Pool de Equipamentos Geofísicos do Brasil (Peg-Br), o que leva a instituição a situar-se entre os principais centros de geofísica do mundo. A solenidade terá a presença do ministro Aloizio Mercadante.
O diretor do Observatório Nacional, Sergio Fontes, disse à Agência Brasil que as medidas geofísicas incluem dados tridimensionais (como a profundidade) aos estudos geológicos que mapeiam a superfície de determinada região. “A gente consegue mapear de forma indireta, não invasiva, o interior da terra. Conhecer grandezas físicas do interior da terra”.
A densidade, a condutividade elétrica, a variação das ondas provocadas pelos terremotos são algumas dessas grandezas. “Tudo isso a gente pode mapear. Com implicações para recursos naturais e energéticos”.
O Peg-Br recebeu investimentos de R$ 14 milhões da Petrobras. Fontes esclareceu, porém, que o projeto não se destina a atender somente à estatal. De acordo com a Lei do Petróleo, 1% da receita bruta dos poços gigantes da Petrobras e de outras operadoras do setor de petróleo e gás tem de ser aplicado em pesquisas, sendo metade nos centros de estudos das próprias empresas e metade em instituições nacionais. “O Peg-Br resulta desses recursos”.
Fontes observou que os recursos passam a ser da instituição, no caso o Observatório Nacional. ”Não é só no interesse da Petrobras que o pool atua. Atua em qualquer pesquisa de interesse do Brasil, com fins não comerciais”. O projeto está disponível para pesquisadores das instituições que integram a Rede de Estudos Geotectônicos, coordenada pela Petrobras.
O Peg-Br já conta com mais de 30 projetos concluídos ou em andamento. Sergio Fontes destacou, entre os projetos a cargo do Observatório Nacional, a Rede Sismográfica do Sul e Sudeste do Brasil (Rsis) e a Rede Brasileira de Observatórios Magnéticos (Rebom). Os projetos receberam investimentos de R$ 6,1 milhões da Petrobras e de R$ 1,2 milhão da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), respectivamente.
Embora o Brasil não seja um país de grande atividade sísmica, o diretor do ON disse que ocorrem sismos de magnitude entre 3 e 4 graus na escala Richter nas regiões pesquisadas, que precisam ser monitorados. “O fato de a gente monitorar ajuda na formulação de políticas públicas”.
Fontes acrescentou que a rede do Sul/Sudeste está localizada em uma área que apresenta a maior população do país. Outro ponto de destaque é que as informações que essas medidas contínuas fornecem permitem entender muito mais sobre o interior da terra e ver o que existe em profundidades elevadas, acima de 100 ou 200 quilômetros, explicou. Os sismográficos são capazes de detectar sismos que ocorrem em qualquer local do mundo.
Os estudos referentes às redes sismográficas das demais regiões brasileiras estão sendo desenvolvidos pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Nordeste) e pelas universidades de São Paulo e de Brasília. “A idéia é que o ON centralize o banco de dados com todas as estações”. Entre agosto e setembro deverão ser concluídas as instalações e até o fim do ano a rede nacional deve entrar em funcionamento pleno, quando serão feitos boletins regulares da atividade sísmica no país.
A Rede Brasileira de Observatórios Magnéticos (Rebom) conta hoje com quatro observatórios implantados. Esse número será elevado para oito. A rede terá ainda 12 estações itinerantes, instaladas entre o Tocantins e o Amapá. Sergio Fontes lembrou que o campo magnético da terra serviu muito, no passado, para os navegadores, que utilizavam instrumentos como a bússola em seus deslocamentos pelos mares.
Da mesma forma, o campo magnético ajuda nos estudos sobre o interior da terra, permitindo conhecer a condutividade elétrica, a suscetibilidade magnética. “São parâmetros de grandezas físicas que nos ajudam também a entender o que está ocorrendo com o planeta, que é dinâmico. E nos ajuda também com relação aos recursos energéticos, naturais”, concluiu.