A artrose é um desgaste articular causado por uma inflamação na cartilagem. De acordo com o ortopedista Itamar Lins, ela é classificada em dois tipos: primária e secundária. A primeira ocorre em maior número nos idosos e é causada por doenças, como a diabetes. Já a secundária surge depois de fraturas. “O tratamento clínico geralmente utiliza o ácido hialurônico, que lubrifica as articulações, ou infiltrações de corticoides”, explica Lins. A artrose é um problema comum, que chega a atingir cerca de 10% da população mundial.
A pesquisa, realizada durante três anos em 18 países e com a participação de 98 centros de saúde, comprovou que a substância protege a cartilagem da inflamação. Dessa forma, a doença não progride. “O estudo foi divulgado no Congresso Europeu de Osteoporose e Osteoartrite (em março) e foi o mais significativo. No entanto, temos que esperar mais alguns anos para saber exatamente quais são os resultados a longo prazo”, opina Antônio Ferrari, reumatologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). De acordo com ele, o medicamento não é tão benéfico para pacientes com lesões mais antigas, justamente por ele não ter o poder de formar cartilagem. “Mas se mostrou ainda mais eficaz nas lesões no joelho”, conta.
O ortopedista Lindomar Oliveira explica que a artrose pode aparecer isolada ou em conjunto e que o tratamento com o ranelato de estrôncio reforça o osso subcondral, que fica abaixo da cartilagem. “Ao reduzir a degradação da cartilagem, além de atenuar a progressão da artrose, a substância melhora a qualidade de vida dos pacientes e diminui a dor, auxiliando na vitalidade articular”, descreve.
“Opção moderna”
Oliveira conta que os remédios atuais, como os anti-inflamatórios e os analgésicos, agem apenas nos sintomas. Ou seja, melhoram a dor, diminuem a rigidez muscular, mas não interferem na progressão da doença. Diferentemente do ranelato de estrôncio, que, segundo ele, vai se transformar em “uma opção moderna e atual no arsenal de tratamentos”. “Com ele, podemos retardar o processo degenerativo e, nos graus iniciais da artrose, podemos preveni-la”, ressalta.
A dona de casa Ana Maria Caixeta, 55, comemora a descoberta. Há aproximadamente um ano ela descobriu que estava com artrose nos joelhos. “Eram dores fortes, inchava demais. Sofria muito com essa situação”, recorda. Atendida por um médico, recebeu a prescrição de anti-inflamatório e analgésico, além das sessões de infiltração — o medicamento é aplicado diretamente na cartilagem — e fisioterapia. “Foi melhorando aos poucos, mas as dores nunca sumiram”, diz. Há uma semana, Ana descobriu outra lesão nos ombros, o que causou ainda mais dores. “Com a descoberta desse novo tratamento, fico mais esperançosa. Como tenho uma lesão mais recente, talvez o medicamento a faça regredir”, anima-se.
Comprovada a eficiência da bengala
Usada para ajudar na locomoção, a icônica bengala teve os seus efeitos comprovados em um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). De acordo com pesquisadores, o uso do acessório faz com que indivíduos com problemas de locomoção, como a artrose, consumam menos anti-inflamatórios, além de melhorar a capacidade de movimentação.
Realizado com 64 pacientes, o estudo mostrou que a bengala diminuiu a sobrecarga na articulação, fazendo com que o esforço se volte para o membro superior e que seja usado sempre ao lado contrário à perna comprometida. “Quando atinge o joelho, a artrose pode ser muito incapacitante. O paciente sente muita dor e perde autonomia. Tem grande impacto na qualidade de vida”, disse o pesquisador Jamil Natour à agência Fapesp.
O estudo dividiu os pacientes em dois grupos e eles foram avaliados conforme a capacidade funcional (atividades como sentar, agachar e levantar), a dor que o desgaste causava e o gasto energético ao se movimentar com e sem a bengala. Uma parte do grupo recebeu o acessório para ser utilizado durante 30 dias. Outra, durante 60 dias. E uma terceira não recorreu à bengala. Depois do período, todos foram avaliados.
Entre os que usaram a bengala, as queixas de dores diminuíram cerca de 30%, a capacidade funcional melhorou em 20%, assim como o consumo de medicamentos, que foi reduzido “consideravelmente”. A pesquisa pode auxiliar especialistas a convencerem pacientes a usar o acessório. “Muitos resistem a usar a bengala, pois acham que a sua imagem está associada à velhice e à incapacidade. Agora, podemos mostrar os benefícios de forma objetiva”, avalia Natour.