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Estado de Minas CIÊNCIA

Jogar videogame retardaria e até reverteria 'decadência mental'

Estudo feito com pessoas de mais de 50 anos revelou que os jogadores são capazes de melhorar habilidades cognitivas e reverter em até sete anos a decadência relacionada à idade


postado em 01/05/2013 19:16 / atualizado em 01/05/2013 19:33

(foto: AFP PHOTO / Yoshikazu TSUNO )
(foto: AFP PHOTO / Yoshikazu TSUNO )


Jogar videogame pode prevenir e até retardar a deterioração de funções cerebrais, como a memória, o raciocínio e o processamento visual, segundo um estudo publicado esta quarta-feira. O estudo da Universidade de Iowa, feito com centenas de pessoas com 50 anos ou mais, revelou que as pessoas que jogam videogame são capazes de melhorar uma variedade de habilidades cognitivas e reverter em até sete anos a decadência mental relacionada com a idade.

"Sabemos que podemos parar esta decadência e verdadeiramente restaurar a velocidade do processamento cognitivo das pessoas", afirmou Fredric Wolinsky, professor de saúde pública da Universidade de Iowa e principal autor do artigo publicado no periódico PLOS One. "Então, se sabemos disso, não deveríamos estar ajudando as pessoas? É bem fácil e o pessoal de mais idade pode aprender a jogar", afirmou.

O estudo é o último de uma série de projetos de pesquisa que examina porque as pessoas, à medida que envelhecem, perdem a "função executiva" no cérebro, que é necessária para a memória, a atenção, a percepção e a resolução de problemas. Wolinsky e seus colegas separaram 681 pacientes saudáveis em quatro grupos. Cada um destes grupos foi dividido em segmentos com pessoas de 50 a 64 anos e aqueles acima dos 65 anos.

Um grupo recebeu palavras-cruzadas computadorizadas, enquanto os outros três grupos jogaram um videogame chamado "Road Tour", que consiste em identificar um tipo de veículo exibido rapidamente em uma placa veicular. Solicitou-se aos participantes que identificassem novamente o tipo do veículo e o relacionassem com uma placa de trânsito exibida em uma ordenação circular de possibilidades.

O jogador precisa acertar pelo menos três em quatro tentativas para passar de nível, o que acelera a identificação do veículo e adiciona mais distrações. "O jogo começa com uma avaliação para determinar sua atual velocidade de processamento. Seja qual for, o treinamento pode ajudá-lo a ficar uns 70% mais rápido", disse Wolinsky. Os grupos que jogaram por pelo menos 10 anos, tanto em casa quanto em um laboratório na universidade, obtiveram pelo menos três anos de melhoramento cognitivo quando testados depois de um ano.

Um grupo que passou por um treinamento adicional de mais quatro horas com o jogo se saiu ainda melhor, melhorando suas habilidades cognitivas em quatro anos, segundo o estudo. "Nós não só evitamos o declínio (das habilidades cognitivas), como realmente as aceleramos", afirmou Wolinsky. A chave parece consistir em melhorar a velocidade de processamento do cérebro, que também pode ampliar nosso campo de visão.

"À medida que envelhecemos, nosso campo de visão desmorona", explicou Wolinsky. "Ficamos com visão em túnel. É uma função normal do envelhecimento. Ajuda a explicar porque a maior parte dos acidentes acontecem em interseções porque os mais velhos olham para frente e percebem menos as periferias", acrescentou.


O estudo se alicerça numa pesquisa iniciada nos anos 1990 sobre os esforços para melhorar a memória, o raciocínio e a velocidade do processamento visual. Os cientistas descobriram que aqueles que jogaram "Road Tour" tiveram uma pontuação muito melhor do que o grupo das palavras cruzadas em funções como concentração, agilidade com mudança de uma tarefa mental para outra e a velocidade em que a nova informação é processada. A melhora variou de 1,5 ano a quase sete anos em avanço da atividade cognitiva, ressaltou o estudo.

"Trata-se do fenômeno 'use ou perca'", explicou Wolinsky. "O declínio cognitivo relacionado com a idade é real, acontece e começa mais cedo e permanece de forma constante. A boa notícia é que nós podemos fazer algo sobre isto", acrescentou.


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