Shirley Pacelli
A cara fechada da modelo Crislaine Soares (foto), de 18 anos, tem um bom motivo: ela ficou 30 minutos tentando se cadastrar na rede do BH Digital, pelo seu smartphone, mas sem sucesso. A pedido do Informátic@, a jovem faria um teste do wi-fi aberto disponibilizado pela prefeitura na Praça da Liberdade, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Primeiramente, a tela do seu LG Optimus L5 trouxe um aviso de certificado de segurança inválido. Ultrapassada a primeira barreira, apareceu um formulário repleto de perguntas para se inscrever.
Não é só o cadastro no hotspot gratuito da prefeitura que se tornou um obstáculo para alcançar a inclusão digital plena na capital. As centenas de aclamados telecentros, que fazem número para que a cidade ganhe o título de “cidade digital”, não recebem, em sua totalidade, a devida atenção da administração pública. Vários deles, como os do Barreiro, Morro do Papagaio, Centro de Cultura de Belo Horizonte e outros, estão fechados à população por problemas no sinal da internet, falta de funcionários e máquinas defeituosas.
EMPURRÃO
Com 53 hotsposts e 400 telecentros e postos de internet municipal, Belo Horizonte foi considerada cidade digital em um novo levantamento, desta vez do portal Rede Cidade Digital. Enquanto isso, outros municípios do estado deverão alcançar o título em breve. Com o primeiro projeto-piloto em 2012, o programa Cidades Digitais, do Ministério das Comunicações (MiniCom), contemplou 80 municípios, três deles em Minas: Rio Acima, Pimenta e Nepomuceno. A segunda fase, que será implantada neste ano, selecionou 262 cidades, sendo 25 mineiras. O programa prevê a construção de redes de fibras ópticas que possibilitem a conexão entre os órgãos públicos, o acesso da população a serviços de governo eletrônico e a espaços de uso de internet.
O ministério contrata empresas para fornecer a infraestrutura, que posteriormente é doada às prefeituras. Não há repasse direto de verbas. O papel das prefeituras é garantir o funcionamento dos sistemas e a continuidade do acesso livre à web em pontos públicos. Segundo Lygia Pupatto, secretária de Inclusão Digital do MiniCom, foram habilitados municípios com menos de 50 mil habitantes e que demonstraram a possibilidade de contratação de link (capacidade de internet) maior que 10Mbps. “Entre essas foram selecionadas cidades a partir da combinação de dois indicadores: maior número de habitantes e menor densidade de acessos à internet em banda larga”, explica.
A secretária conta que será feita a capacitação de técnicos municipais, desde níveis operacionais até o nível mais estratégico, para realizar a manutenção das redes e equipamentos. Afinal, após a finalização da instalação, a responsabilidade fica a cargo das prefeituras. “Durante o período da operação assistida (seis meses) as prefeituras são incentivadas a construir parcerias com instituições de ensino, associações sem fins lucrativos ou mesmo empresas (neste caso, por meio de licitação) para a operação e manutenção da rede. Todos os equipamentos e instalações têm garantia de três anos.”
Em Ataléia e Botumirim, cidades mineiras selecionadas para a segunda fase, existem telecentros inativos há seis meses por falta de manutenção. A responsabilidade é atribuída ao governo federal pelas prefeituras. Puppato diz que elas receberão a infraestrutura necessária e poderão consertar os equipamentos. Há projetos para inclusão digital também de Rio Acima, Buritizeiro, Araçuaí e Inhapim.