A investigação sobre a questionada publicação de um método simples de criação de células chamadas STAP, similares às células-tronco embrionárias, prossegue, indicou nesta sexta-feira o instituto Riken, cujo diretor lamentou a falta de rigor na apuração.
"Apresento nossas desculpas por esta publicação na Nature que atingiu a credibilidade da comunidade científica", declarou o diretor do Riken, o químico Prêmio Nobel Ryoji Noyori.
Ryoji Noyori também lamentou a falta de seriedade e responsabilidade na forma como estes trabalhos foram apresentados.
Esta tese apresentava um método de criação de células indiferenciadas que poderiam revolucionar a medicina regenerativa para tratar diversas doenças, como os diversos tipos de câncer.
A decisão final de conservar ou anular a publicação, na qual podem existir irregularidades, está sendo estudada pelo Riken, mas, no momento, "nós a confiamos à revista Nature, devido ao fato de que não foi obtido o consenso dos autores", explicou o biólogo Masatoshi Takeichi, diretor do setor envolvido deste instituto de pesquisa público e superior hierárquico da pesquisadora autora da tese, Haruko Obokata.
Takeichi informou que considera "que o artigo em questão deve ser retirado" e afirmou que três dos autores, incluindo a principal, estão de acordo.
Um dos co-autores desta tese científica publicada na Nature também havia pedido que os resultados destes trabalhos fossem suprimidos da publicação, apontando erros na apresentação dos resultados publicados. Este pedido foi o que desencadeou o escândalo.
No entanto, o instituto Riken, que realiza uma investigação, ainda não tirou todas as conclusões e no momento nem todos os questionamentos examinados parecem ter fundamento, segundo os elementos apresentados por um responsável, o professor Shunsuke Ishii.
"A investigação não terminou e não podemos tirar uma conclusão nesta etapa", destacou.
Até o momento, a investigação está concentrada em seis peculiaridades, mas Riken não quis dar o número total de imperfeições denunciadas.
Na Nature, a jovem pesquisadora Haruko Obokata e seus colegas disseram ter roubado o caráter pluripotente das células, através de um processo relativamente simples que estimularia as propriedades de defesa de células submetidas a um estresse particular.
Se fosse assim, seria uma verdadeira revolução científica para a medicina regenerativa.