China e Estados Unidos, os dois maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa, estabeleceram nesta quarta-feira em Pequim novos objetivos de redução da poluição, um ano antes da conferência do clima de Paris, onde os países devem assinar um acordo global.
A Casa Branca anunciou que a China, o principal emissor mundial (com 29%), fixou a meta de alcançar um teto nas emissões "por volta de 2030", com a intenção de "tentar atingi-lo um pouco antes".
O governo dos Estados Unidos se comprometeu a reduzir entre 26% e 28% as emissões até 2025, na comparação com os níveis de 2005.
Em uma declaração à imprensa após o encontro em Pequim com o presidente chinês Xi Jinping, o presidente americano Barack Obama aplaudiu um "acordo histórico" sobre o clima.
Xi Jinping afirmou que seu país e os Estados Unidos estão decididos a alcançar um acordo na reunião de cúpula do clima de Paris, prevista para o fim de 2015.
A ambição da reunião do próximo ano é obter um acordo mundial suficientemente ambicioso para limitar o aquecimento global a 2°C.
A comunidade internacional estabeleceu a meta para evitar problemas em grande escala no clima, o que significaria uma redução dos recursos, conflitos, a elevação do nível dos oceanos e a extinção de espécies, entre outros efeitos nocivos.
Mas o tempo é cada vez mais curto, já que segundo os cientistas as medidas adotadas pelos países são insuficientes para limitar a dois graus o aumento da temperatura global.
Republicanos céticos
Xi e Obama voltaram a se encontrar nesta quarta-feira, um dia após o fim da reunião de cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC).
A Casa Branca destacou que até 2030 a China tentará aumentar a quase 20% a participação das energias não fósseis dentro de seu consumo total. No ano passado, a proporção era de 10%, segundo Pequim.
Estados Unidos e China representam juntos 45% das emissões planetárias de CO2, um dos gases apontado como culpado pela mudança climática.
A União Europeia representa 11%. No mês passado, o bloco se comprometeu a reduzir em pelo menos 40% as emissões até 2030, na comparação com os níveis de 1990.
Uma fonte do governo americano, que pediu anonimato, afirmou que a promessa dos Estados Unidos é "ambiciosa e factível".
A fonte destacou que o "fato de que avancem juntos Estados Unidos e China, considerados tradicionalmente os líderes de dois grupos opostos (nas negociações do clima), vai ter um grande impacto".
Nas negociações sobre o clima, a China defende em nome do desenvolvimento econômico que os países mais desenvolvidos devem reduzir de maneira mais expressiva suas emissões.
Os republicanos, majoritários no Congresso dos Estados Unidos, não demoraram a manifestar dúvidas.
Pouco depois do anúncio em Pequim, o líder do Partido Republicano no Senado, Mitch McConnell, chamou o plano de "pouco realista".
"Este é um plano pouco realista, que o presidente quer deixar para o sucessor", disse McConnell.
Para o republicano, o plano afetará a criação de novos postos de trabalho e o custo da energia.