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André Murad
André Murad
Diretor-executivo da Clínica Personal Oncologia de Precisão de BH. Oncologista e oncogeneticista da OncoLavras.
oncosaúde

Identificadas novas mutações genéticas geradoras de câncer

Cientistas descobriram centenas de novas alterações em genes que podem potencialmente promover o câncer, mostra nova pesquisa

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O câncer é tipicamente desencadeado por algum tipo de mudança em nossa codificação genética que interfere na capacidade de uma célula de gerenciar seu crescimento. Utilizar essas variantes gênicas com tratamentos personalizados pode frequentemente impedir que os tumores cresçam e se espalhem.

 


Até o momento, sabe-se que mais de 600 genes causam tumores quando suas sequências são danificadas por uma mutação. No entanto, há outras maneiras pelas quais os cânceres podem surgir no caminho entre a transcrição de um gene e seu produto final.


Onde a maioria das pesquisas anteriores no campo observou anormalidades inerentes ao próprio DNA, este estudo observa anormalidades que ocorrem quando as instruções do DNA são passadas para o resto do corpo.

 

 


Pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia de Barcelona (BIST) na Espanha usaram algoritmos cuidadosamente construídos para procurar “bugs” no código genético relacionados aos exons: as partes de uma sequência genética que se traduzem diretamente em proteínas.


Partes não codificadoras de um gene, chamadas íntrons, são tipicamente removidas quando o DNA de um gene é transcrito em uma versão de RNA em um processo chamado splicing. Células cancerosas podem interferir no “splicing” (ou emendas) para criar proteínas mutadas a partir de um gene de proteína normal e não mutado.

 


A equipe usou algoritmos cuidadosamente construídos para identificar 813 genes que, quando combinados, poderiam promover o crescimento do câncer.


A nova categoria expande nossa lista de genes que estimulam o câncer, com base na lista existente de 626 genes conhecidos por causar tumores quando mutados. Na verdade, apenas cerca de um décimo da classe "splice" já estava incluída no banco de dados de mutação de câncer mais amplamente usado, que registra genes que podem impulsionar o crescimento do câncer por meio de mutações.


Ao se levar em conta mecanismos não mutacionais como splicing, os investigadores identificaram que pode haver o dobro de alvos genéticos potenciais para controlar o câncer. Esses não são oncogenes clássicos, mas representam uma classe totalmente nova de potenciais drivers de câncer que podem ser direcionados isoladamente ou em sinergia com estratégias existentes.


O algoritmo do pesquisador, chamado Spotter, foi capaz de vasculhar uma enorme quantidade de dados genéticos para identificar eventos de splicing que podem dar ao câncer uma chance melhor de crescer. Em testes de laboratório em pequena escala em amostras de tecido, mirar nesses exons realmente limitou o crescimento do câncer nas amostras. O Spotter não só pode identificar exons potenciais de driver de câncer, que podemos então rastrear até os genes, mas também pode classificar quais exons são mais importantes do que outros em qualquer amostra de câncer, segundo os autores.

 


A utilidade de identificar esses exons não parou por aí: análises posteriores, combinando os dados deste estudo com bancos de dados de resultados de tratamento medicamentoso, mostraram que variações no splicing podem ajudar a prever variações em como diferentes pacientes podem reagir de forma diferente ao mesmo medicamento.


Embora haja muito mais trabalho pela frente antes que se possa destacar e mirar regularmente os exons dentro dos genes, esta pesquisa mostra que há uma boa chance de que isso possa ser feito. E quanto mais armas de combate ao câncer estiverem à disposição, melhor. É uma nova fronteira incrivelmente empolgante para se explorar.


Terapia alvo-molecular


A terapia alvo-molecular atua especificamente nas células tumorais, pois inibe proteínas, ligantes ou receptores relacionados a mutações genéticas específicas presentes exclusivamente nas células tumorais, o que preserva em tese as células normais, premissa esta que concorre para que o tratamento seja menos tóxico e mais efetivo que a quimioterapia convencional. As mutações que ocorrem nas células cancerígenas podem ser herdadas ou adquiridas, através de carcinógenos ambientais. Estas mutações é que determinam o crescimento exagerado e descontrolado das células tumorais.

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