Pesquisa aponta que o café afeta os níveis de bactérias intestinais
Presença da 'Lawsonibacter asaccharolyticus' no intestino do bebedor de café é até oito vezes maior em comparação a quem não ingere a bebida
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Esta é para os amantes do café, como eu: saiu um estudo que não trouxe boas notícias. A bebida afeta drasticamente os níveis de bactérias intestinais, de acordo com pesquisa realizada com 77 mil participantes de 25 países.
Os consumidores de café abrigam até oito vezes mais uma bactéria intestinal específica em relação a quem não ingere a bebida. Descobriu-se que o consumo de café deixa uma assinatura microbiana distinta. Pesquisadores podem identificar os bebedores de café com 95% de precisão apenas examinando suas bactérias intestinais.
Estudo realizado em 2021 mostrou que esta bebida teve a correlação mais forte com a composição do microbioma entre mais de 150 alimentos estudados, afetando notavelmente os níveis de 'Lawsonibacter asaccharolyticus' em aproximadamente mil pessoas.
Estudo do Departamento CIBIO da Universidade de Trento, na Itália, e da Universidade de Harvard, nos EUA, publicado na Nature Microbiology em novembro, aprofundou a compreensão sobre como a bebida afeta a saúde intestinal. Foram analisados dados médicos e da dieta de cerca de 54 mil pessoas em todo o mundo.
Concluiu-se que há forte associação entre o consumo de café e os níveis de 'L. asaccharolyticus', com os adeptos da bebida apresentando níveis de cinco a oito vezes maiores da bactéria em relação aos não bebedores. Esta tendência é globalmente consistente, revelando que em regiões consumidoras da bebida, como Luxemburgo, Dinamarca e Suécia, a bactéria é prevalente. Ela está quase ausente na China, Argentina e Índia.
Porém, o papel da bactéria 'L. asaccharolyticus' na saúde do ser humano permanece incerto. Sua presença no microbioma intestinal está correlacionado a níveis aumentados de hipurato, marcador de saúde metabólica e intestinal produzido por micróbios que metabolizam compostos vegetais chamados polifenóis, que são encontrados no café.
“Não temos evidências conclusivas sobre a 'L. asaccharolyticus' como bactéria benéfica ou prejudicial”, informou Nicola Segata, professor de genética e chefe do Laboratório de Metagenômica Computacional do CIBIO.
A equipe pretende expandir a investigação sobre efeitos de outros alimentos na microbiota intestinal. Por enquanto, as descobertas sugerem o potencial do uso de alimentos individuais para aumentar a abundância ou prevalência de micróbios intestinais que supostamente têm efeitos benéficos, de acordo com Segata.
Acredita-se que no futuro testes de microbioma poderão permitir recomendações dietéticas personalizadas, adaptadas à presença de bactérias associadas a alimentos. Essa abordagem pode ajudar a otimizar dietas, considerando as relações intrincadas entre a ingestão de alimentos e a composição do microbioma.
* Isabela Teixeira da Costa/ Interina