É claro: um passeio por Salvador começa com Acarajé. E o Acarajé da Cida, no coração do Rio Vermelho, é uma parada tradicional. Para não dizer obrigatória.
Mas a Bahia de Todos os Santos revela restaurantes e sabores que vão além. Com poucos dias de viagem eu percebi que a cidade, assim como a nossa, respira gastronomia.
Bares e restaurantes estão espalhados em todos os pontos, e é possível encontrar opções para todos os gostos e bolsos.
Entre cozinhas clássicas, contemporâneas, restaurantes de alta gastronomia focados em valorização da cultura local e restaurantes com influência internacional, fato é que os momentos por lá são um convite para excelentes pausas ao redor da mesa.
Para quem valoriza os lugares com cozinha tradicional, o Restaurante Casa de Tereza é o lugar certo. Focado na valorização da cultura local, a proposta é reunir arte e gastronomia em um só lugar.
O ambiente é um convite para passar o dia, de tão aconchegante. No cardápio, Beiju, Bolinho de Moqueca, Bobó de Camarão e a tradicional Moqueca.
Para a nossa sorte, no dia que visitamos a casa estava recebendo um violinista. Vontade de ir embora, confesso, não tive.
Se a intenção do passeio for apreciar o mar, o Restaurante Lafayette é a melhor opção. Recebi várias indicações e confesso que me surpreendi.
O ambiente é lindo, com uma vista deslumbrante, e um cardápio desenvolvido pelo Chef Elia Schramm, que celebrou a cozinha litorânea de forma criativa, destacando produtos como polvo, camarões, atum etc.
Entre nossos pedidos, destaque para o Atum Selado com Camarão Crocante, molho tarê, purê de batata aromatizado com raiz forte e nirá.
Mas no momento atual, considerando a atenção que os Chefs Fabrício Lemos e Lisiane Arouca estão alcançando no cenário gastronômico nacional e mundial, dediquei parte do meu passeio para conhecer o trabalho desenvolvido por eles nos restaurantes do Grupo Origem.
O Origem, um restaurante que trabalha exclusivamente com Menu Degustação, é um mergulho na cultura alimentar da Bahia, e certamente merece todos os prêmios que tem recebido e que destaquei na nossa última conversa por aqui, que foi exclusivamente sobre restaurantes com menu degustação.
Atualmente a casa ocupa o 76º lugar na lista dos melhores restaurantes do mundo e o 2º lugar na lista de melhores restaurantes do Brasil, de acordo com o ranking da Revista Exame.
No menu atual, intitulado Nossas Heranças, os pratos celebram ingredientes, histórias, produtores locais e influências indígenas e africanas.
As surpresas vão muito além das apresentações. Sabores, texturas, aromas e cores nos levam a uma verdadeira e completa vivência sensorial.
Pão de Dendê, Casquinha de Kirimurê com espuma de coco, Caldo de Lambreta com azeite verde e Mangaba são alguns dos pratos que marcam um jantar de 9 tempos.
E é com brilho nos olhos e muita simpatia, que a equipe apresenta cada etapa, conta histórias e envolve os clientes em um clima verdadeiramente baiano. Basta um minuto de conversa com a Sous Chef Eliana Dias para compreender a receita de sucesso do lugar: lá todo mundo importa, então todo mundo quer estar.
Para seguir conhecendo o trabalho dos Chefs Fabrício e Lisiane, visitamos o Orí. A casa é mais casual, excelente para um almoço e conta com um cardápio bem afetivo, que apresenta pratos que são verdadeiras explosões de sabor, como o Ravioli recheado com Vatapá e o Arroz de Frutos do Mar.
Vale a pena conhecer os drinks, que são preparados com ingredientes locais e contam com nomes inspirados na Bahia.
Mas nossa imersão no grupo Origem não terminou por aí…
Nessa viagem decidimos nos hospedar no Fera Palace Hotel, que fica na Rua Chile, a primeira rua do Brasil. Considerado um ícone da hotelaria no Brasil, ele foi o primeiro hotel de luxo do Nordeste, e o prédio, inspirado no Flatiron Building de Nova York, teve sua inauguração no ano de 1934.
Com 90 anos sendo celebrados neste ano, o edifício foi tombado pelo IPHAN e conta com 230 adornos originais, 640 janelas de madeira maciça e uma decoração que mescla arte decó e cultura baiana.
Mas para além da história, o hotel apresenta quartos extremamente aconchegantes, um café da manhã completo, estrutura completa de serviços e um rooftop com uma vista inesquecível da Bahia de Todos os Santos.
E lá, no Rooftop do Fera, você encontra o trabalho dos Chefs Fabrício e Lisiane em uma versão diferente. O menu degustação conta com inspirações da culinária de países mediterrâneos como Portugal, Espanha, Líbano, Grécia e França.
Técnica é realmente técnica. Mesmo com alguns ingredientes que se repetem entre os cardápios, cada experiência é única.
No jantar, com 10 tempos, Escabreche de Mexilhões, Croqueta de Sépia, Fideuá de tinta de Lula, Vieira e Ravioli de Rabo de Toro com Cogumelos integram a experiência, que é servida com uma harmonização de vinhos internacionais e nacionais, alguns produzidos na Bahia.
Já no salão principal do hotel, o Omí é uma opção para o almoço, permitindo que os hóspedes e não hóspedes desfrutem do charme e a arquitetura do ambiente, enquanto apreciam pratos como Camarão grelhado, arroz negro, fumeiro e aioli, Moqueca, Parpadelle, molho porcini, cogumelos e ricota e outros.
Para completar nossas vivências em meio à gastronomia, também visitamos o Museu da Gastronomia Baiana, no coração do Pelourinho, que apresenta os sistemas alimentares da Bahia, mostrando a relação entre a cozinha baiana e a africana, bem como a importância dessa troca cultural para fortalecer identidades, diálogos e patrimônios.
Como surpresa, também encontramos na Casa Rio Vermelho, a casa do Jorge Amado, um cômodo dedicado à cozinha baiana, onde é possível conhecer ingredientes, sentir os aromas e aprender uma receita em um vídeo interativo.
Escrever esse texto me fez lembrar uma frase que eu repeti várias vezes nos dias que estive por lá: Salvador é realmente a cara do Brasil.
Meu conselho? Só vá!
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