Hulk, com Nathan Silva ao fundo, mira o troféu da Copa do Brasil de 2021, conquistado sobre o Athletico-PR -  (crédito: Albari Rosa/Foto Digital/UmDois Esportes)

Hulk, com Nathan Silva ao fundo, mira o troféu da Copa do Brasil de 2021, conquistado sobre o Athletico-PR

crédito: Albari Rosa/Foto Digital/UmDois Esportes


Dizem que o Campeonato Brasileiro é o mais difícil e disputado do mundo, pois temos pelo menos 10 equipes em condições de levantar a taça. Essa máxima até poderia valer para décadas passadas, mas não para os dias de hoje. Desde 2019, Flamengo e Palmeiras disputam e ganham tudo no nosso futebol, exceto em 2021, quando o Galo levou Brasileiro e Copa do Brasil, e São Paulo, ano passado, que ganhou a CB. Mesmo assim, em 2021, Fla e Palmeiras decidiram a Libertadores e o Porco foi campeão.

 

Atualmente, Flamengo e Palmeiras continuam na cabeça dos torneios, mas nenhuma dessas equipes é uma referência de grande futebol. O time paulista é mais equilibrado, pois tem o melhor treinador do país, Abel Ferreira, e um grupo muito certinho. O time carioca tem, teoricamente, dois grandes jogadores por posição, mas na prática tem jogado futebol ruim, abaixo da crítica, pois tem um péssimo técnico, Tite.

 


Os times mineiros, com um jogo a menos, não estão fazendo feio. O Galo, que perdeu dois jogos e tomou 8 gols, caiu um pouco na tabela, mas atuou com times reservas, se recuperou ao ganhar do Inter. O Cruzeiro surpreende com uma campanha impecável, 100% de aproveitamento em casa, 20 pontos, e com um time bem mediano. Os jogadores contratados pela nova gestão só poderão ser inscritos a partir do dia 10, e nem todos estarão com a condição física e técnica em boas condições. Mas vejam vocês que o grupo atual tem dado conta do recado e feito grandes jogos.

 

 

Há um jogador diferenciado, o melhor 10 da competição, Matheus Pereira. Quando ele joga de forma humilde, sabendo quem ele é, e não se achando um Zidane, tudo dá certo. Então eu pergunto: o Flamengo tem um faturamento de R$ 1,6 bilhão anualmente. O Cruzeiro agora que se recupera da grave crise que viveu e está montando um time à altura de sua tradição, e ambos estão praticamente empatados na tabela, aliás, jogaram ontem, onde está a equipe referência que todos indicam como sendo o Flamengo? Vale lembrar que escrevi essa coluna, antes do jogo de ontem, portanto, independentemente do resultado, minha opinião não muda.


Há tempos, quando as competições começam, a imprensa em geral aponta Flamengo, Palmeiras e Atlético como prováveis campeões, e não tem dado nada diferente disso. Onde estão as outras sete equipes em condições de ganhar os troféus? Eu acho o Brasileirão nivelado, por baixo, onde a técnica já não existe. Vemos jogos sofríveis, que dão sono, com 50 faltas por jogo, arbitragens ruins e times mal treinados. Corinthians, Grêmio e Fluminense ocupam as últimas posições. O time gaúcho ainda tem a desculpa dos problemas graves ocorridos no Sul, e de não jogar em sua arena. Flu e Timão não têm como se desculpar. Têm elencos fracos, e, no caso do Flu, muitos jogadores com idade avançada, que não rendem mais o esperado. Foi uma aposta de Diniz, que acabou perdendo o emprego. A verdade está mais para o campeonato espanhol, pois Fla e Palmeiras, mesmo sem serem equipes referência, continuam brigando pelas taças. Não existe mais isso de 10 equipes. Isso foi no passado, distante e vencedor.


Peguemos como exemplo um jogo da Europa, em comparação com uma partida no Brasil. Parece que estamos praticando outro esporte, que não o futebol. Precisamos resgatar o que de melhor tínhamos, fortalecendo as divisões de base das equipes, para termos times que fiquem juntos, pelo menos umas quatro temporadas. Sabemos que os melhores jogadores saem cada vez mais cedo, porém, se montarmos uma estrutura, como no passado, talvez possamos retardar a saída deles, como aconteceu na década de 1980, quando os grandes jogadores iam atuar na Europa com 28 anos ou mais. Os jogadores brasileiros precisam ter identidade com o povo, que anda distante da seleção. Outra coisa: os preços dos ingressos no país são absurdos e impedem o torcedor de verdade, o pobre, o raiz, de frequentar as novas arenas. Tudo isso contribui para o nosso péssimo momento. Investimento nas divisões de base, formação de novos talentos, são as únicas soluções para voltarmos a ter 10 equipes em condições de ganhar o Brasileirão. Caso contrário, nada feito.