A torcida do Cruzeiro ficou desolada em Assunção, mas a diretoria do clube reafirmou que no ano que vem haverá mais investimentos para trazer títulos -  (crédito: Douglas MAGNO/AFP)

A torcida do Cruzeiro ficou desolada em Assunção, mas a diretoria do clube reafirmou que no ano que vem haverá mais investimentos para trazer títulos

crédito: Douglas MAGNO/AFP

 

A gente que trabalha com o futebol há décadas sabia que o Racing tinha mais time, mais grupo e mais organização, pois é uma equipe sólida, bem treinada e que se conhece há tempos. Mas é claro que em jogo único fica aquela esperança de levantar o troféu. Não deu, mas se a China Azul analisar todo o processo, vai perceber que o Cruzeiro queimou etapas.


Chegar à decisão foi lucro e orgulhou sua gente, sofrida nos últimos tempos. Eu bati nessa tecla o tempo todo. Por mais que o torcedor esteja magoado pela perda do caneco, é levantar a cabeça e pensar em terminar o Brasileiro entre os sete primeiros, chegar à fase preliminar da Libertadores e atingir os objetivos.


Porém, se nem Libertadores der, não será o fim do mundo. Uma reconstrução requer paciência, perseverança e estruturação. O Cruzeiro foi um time montado em praticamente cinco meses e ninguém, nem o mais otimista do torcedor, imaginava chegar à essa final.


Assisti ao jogo ao lado da torcida, coisa que eu não fazia há anos. Enverguei a camisa azul com orgulho, pois o clube é comandado por gente séria, gente da bola, que, com certeza, vai corrigir a rota, contratar jogadores mais vencedores e mais talentosos para se unirem ao grupo e ter um time forte.


É assim mesmo. A gente vê equipes já bem montadas há tempos, que nem sequer chegaram à final. Ganhar ou perder faz parte, mas, confesso que não esperava um primeiro tempo tão ruim, tão apático e tão sem vibração. Tomar três gols em 20 minutos, um deles anulado, não é uma coisa normal.


Decisão não se joga, se ganha, e o Racing, que só perdeu dois jogos na competição, ganhou. Méritos para o time argentino e nenhum demérito para o Cruzeiro. O sentimento na saída do estádio era de orgulho pela camisa azul estar diante da América do Sul, mostrando sua força e sua história.


Claro que a maioria reclamou de Wallace, completamente irreconhecível, dos laterais Marlon e Willian, e da falta de produtividade do ataque, já que o municiador Matheus Pereira se escondeu na partida no primeiro tempo. Tomar de 2 a 0 em 45 minutos e reagir diante de um adversário bem postado e forte não é fácil.


A esperança ressurgiu com o gol de Kaio Jorge, no começo do segundo tempo. Matheus Pereira melhorou muito, Lucas Silva deu equilíbrio ao meio-campo e todos imaginavam que o empate era questão de tempo. Usando a velha catimba, os hermanos foram fazendo cera, irritando o adversário e deixando o tempo passar.


O Cruzeiro teve mais duas boas chances, que não resultaram em gol. No fim, o terceiro gol aconteceu quando o Cruzeiro já estava para o tudo ou nada. Ganhou quem foi melhor a competição toda, quem está com time montado há tempos. Méritos para o Racing e sua torcida, que fez uma bela festa.


Os 12 mil cruzeirenses que vieram aqui (em Assunção) precisam assimilar o golpe e entender que toda reconstrução demanda tempo, paciência e cuidado. O Cruzeiro, há pouco tempo, estava sem rumo, à beira da falência, e com sua gente sofrida. Em pouco mais de cinco meses, tudo mudou, e para melhor.
Ver o torcedor orgulhoso em exibir a camisa azul foi o que mais motivou. Levantem a cabeça. O Cruzeiro tem dono, tem comando e voltou a ser respeitado no cenário nacional e internacional. Continua sendo a segunda equipe brasileira com mais finais internacionais, atrás apenas do São Paulo.


Os cruzeirenses que aqui estiveram, e os que torceram mundo afora, tiveram a certeza de que em pouco tempo o time ganhará mais corpo, mais forma, mais experiência. Que venham as novas contratações, com jogadores acostumados a decidir troféus.


O Gigante está aí, acordado, pronto para reconquistar seu lugar no topo. E, para fechar, o reconhecimento ao trabalho de Pedro Lourenço, Pedro Júnior, Alexandre Matos e equipe. Não deu dessa vez, mas ainda era cedo para algo mais. Esperem o ano que vem e o Cruzeiro Cabuloso vai brigar por taças e títulos, afinal, quem tem DNA vencedor, conhece os atalhos para as taças.


Parabéns ao Gigante por ter chegado tão precocemente a essa decisão. O caminho para as vitórias está traçado e será bem mais curto do que o imaginado. Que o time termine o Brasileirão com campanha importante para tentar vaga na Libertadores. O sonho está mais vivo do que nunca.