Marcílio de Moraes
Marcílio De Moraes
Jornalista formado pela PUC Minas em 1988, com passagem pelos jornais Diário do Comércio e O Tempo. Trabalhou em coberturas de leilões de privatização e em feiras internacionais
Bra$il em foco

Taxa de juros inibe expansão do crédito

Diante das incertezas da economia, a perspectiva das instituições financeiras é de que a desaceleração do crédito continue no próximo ano

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A escalada da taxa básica de juros da economia brasileira, que saltou de 10,50% em julho do ano passado para 13,25% agora, já surtiu efeito sobre a atividade econômica no fim do ano passado e deve reduzir a demanda por crédito este ano. Pesquisa feita pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) indica que o crédito total deve crescer 8,5% este ano, contra uma expansão de quase 11% no ano passado. Para mostrar o impacto, a Febraban destaca que em dezembro a expectativa de expansão do crédito para este ano era de 9%. Além disso, a redução da expectativa de alta foi generalizada entre as instituições financeiras.

 



No desdobramento da carteira, os créditos com recursos livres devem ter expansão de 8,1% (era 8,3% em dezembro), enquanto os empréstimos direcionados devem ter expansão de 9%, uma queda de 0,77 ponto percentual em relação ao previsto no fim de 2024. E no crédito direcionado a queda foi puxada pelos recursos destinados às famílias, que caiu e 9,8% para 8,9%.

“Essa revisão já era esperada e já vinha se desenhando desde o último trimestre de 2024. O resultado reflete a piora do cenário econômico, com expectativa de uma inflação maior, e consequentemente, juros mais altos também ao longo do ano”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban. “O desempenho efetivo do crédito dependerá do cenário fiscal e de outras variáveis relevantes, que poderão alterar a perspectiva atual”, acrescenta Sardenberg.

Diante das incertezas da economia, a perspectiva das instituições financeiras é de que a desaceleração do crédito continue no próximo ano, com a projeção de alta de 7,7%, com o crédito com recursos livres devendo crescer 7,1%, ou um ponto percentual abaixo do crescimento esperado para este ano. Já as linhas direcionadas devem registrar alta de 8,6% no ano que vem, com pequena retração em relação aos 9% previstos para 2025. Apesar da queda na demanda por empréstimos, a previsão das instituições financeiras é de que a taxa de inadimplência nos recursos livres fique estável em 4,6%.

 


Enquanto as taxas de juros devem reduzir o crédito, os tomadores de crédito nem sempre conhecem qual o percentual de juros que irão pagar em um empréstimo, conforme mostra a pesquisa “Jornada de Crédito: como consumidores e executivos avaliam oportunidades e riscos”, realizada pela Matera Insights, unidade de negócio da Matera. A pesquisa, que ouviu 754 consumidores e 15 executivos de todas as regiões do país, mostra que apenas 34% dos consumidores sabem a taxa de juros do crédito que contratam, embora 70% considerem a taxa o fator mais importante para tomar o empréstimo.

“Isso sugere que esse critério pode não ser o único ou necessariamente o mais influente no momento da decisão de contratar crédito”, afirma Ricardo Ferreira, Diretor de Operações da Matera Insights. Um dos fatores que pode explicar o baixo conhecimento sobre os juros cobrados está no fato de o cartão de crédito ser a principal forma de tomar crédito para os consumidores, com 89% dos entrevistados afirmando já ter usado desde o início da vida financeira. Outro dado da pesquisa mostra que 30% já contrataram crédito motivados por uma oferta que receberam.


O estudo da Matera Insights mostra ainda que entre os fatores para a tomada do crédito, além dos juros, estão a capacidade de pagamento, com o valor das parcelas cabendo no orçamento; os prazos de pagamento e as flexibilidades das condições oferecidas, os benefícios como cashback e fidelidade e a confiança na instituição financeira. Já em relação ao motivo para recorrer ao crédito são as necessidades imediatas e compromissos de curto prazo, como cobrir despesas inesperadas ou quitar contas vencidas, a compra de bens duráveis e o refinanciamento de dívidas.

R$ 6,6 bilhões

Foi o volume de recursos captados pela rede varejista Assaí em debêntures e no mercado de capitais em 2024, segundo balanço divulgado essa semana

Burocracia

Uma decisão recente do Ibama que exige a volta da obrigatoriedade do aval do órgão em licenciamentos ambientais para mineração em áreas da Mata Atlântica pode aumentar os prazos e elevar os custos da atividade. O alerta é do sócio-executivo da área de Direito Ambiental e Negócios Sustentáveis do escritório VLF Advogados, Leonardo Corrêa. A decisão foi publicada no primeiro mês do ano.

Linha nova

A Guaxupé Alimentos, que produz o Doce de Leite Guaxupé, está lançando a marca Natury, com produtos como água mineral, mel e farinha de milho. A nova marca ganha em breve uma linha de massas e uma cachaça, a Iluminada. A bebida tradicional vai completar a linha, que teve início com a água mineral. Hoje, a Guaxupé tem uma fatia de 1% do mercado nacional de águas. A aposta é que os produtos da nova linha tenham boas vendas.



 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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