Sou do tipo que adora ler impressos. Livros digitais só quando viajo e as malas atingiram o limite de peso. Gosto de passar as folhas manualmente; chego a quase sentir saudades da almofada de bucha usada para molhar o indicador e facilitar o manejo das páginas (para não dizer da lambida no dedo, prática e automática, enquanto a mente voa através do texto).
Adoro fazer anotações que dão volta na borda e entram entre as linhas. Muitas vezes, quando vou reler, não entendo o que me levou a fazer aquela observação. Mas não importa; na hora foi importante e isso é o bastante.
Nas últimas semanas, a internet do meu celular estava um caos. Até mesmo o Wi-Fi de minha casa era desativado frequentemente. Acredito que uma parte do problema devia ser do aparelho e a outra das duas operadoras (a de internet e a de carne e osso).
Eu precisava muito resolver algumas demandas urgentes e não havia como conseguir fazer uma ligação. Só me restou apelar para as mensagens gravadas. Aí começa outro problema: quando começo a gravar, falo tanto que até me perco no meio da história. Por isso, prefiro escrever, mas, dependendo do assunto, vou passar tanto tempo escrevendo e lutando contra o corretor que entrego os pontos e gravo.
Gostar mesmo, de fato, de conversar: um fala e o outro responde simultaneamente. Daquele tipo de conversa que você sente a respiração das pausas, e não o som de notificação de uma nova mensagem. Ouvir a voz da pessoa, captar a entonação de voz (que diz mais que as palavras empregadas); é isso que quero. Vai mensagem, vem resposta, vai emoji, vem figurinha. Pega o celular, solta e pega de novo, e toma café e …
Sou fã da tecnologia de comunicação. Eu não faria metade do que faço hoje se não tivesse acesso às suas facilidades. Ganhamos muito em todos os sentidos, do material ao afetivo, mas, convenhamos, poderíamos nos falar mais através de expressões que nenhum aparelho é capaz de produzir.