Em um sábado destes me aventurei a sair de casa de bike em direção ao centro da cidade. Quando criança e no início de minha adolescência eu adorava aquela parte da cidade. Quanto mais lotada estava a Americanas, a Caetés e adjacências, mais eu me divertia. No roteiro, uma passada no Quibelanche ou um waffle com sorvete na lanchonete da própria Americanas. Para mim, em lugares lotados de gente andando a passos rápidos e largos, a vida pulsa. Hoje já não me encanta tanto, confesso, mas, ainda assim, o centro de BH me exerce um certo fascínio.
Um ponto positivo é que aos poucos o motorista belo-horizontino está se acostumando ao ciclista dividindo com ele a pista. Acabei chegando no parque municipal. O dia estava ensolarado, o clima ideal para levar a família a um lugar daqueles. Eu me deparei com um grupo de jovens adultos divulgando uma ideia junto aos pais de crianças pequenas.
O que fazer com os filhos durante as férias? Claro que logo me veio a lembrança do tempo em que meus dois filhos tinham idade escolar e energia acumulada pra gastar. Minha sorte, naquela época, é que eu tinha uma ótima rede de apoio: meus pais que amavam ficar com os netos e minha funcionária. As duas frentes tinham moral para dar ordens a serem cumpridas por eles na mesma proporção que os amavam e os bajulavam. Ou seja, qualquer castigo a eles imputados em pouquíssimos minutos estava suspenso para a alegria dos pequenos.
Não ter mais necessidade de uma rede de apoio não significa que essa não seja uma questão que me diga respeito. Até porque daqui a pouco serei avó e certamente sobrará para mim. Assim espero. Mas quem pode se dar ao luxo de pagar cursos diversos ou profissionais full time para confiar seus rebentos?
No próprio grupo que estava no Parque Municipal pregando a necessidade de uma política pública que garanta atividades saudáveis para as crianças durante as férias escolares havia jovens que (acredito) queiram ser pais e mães no futuro próximo. Sabemos que não ter com quem ou com o que contar nesse período da vida tem levado muitos casais a não apenas retardar a ampliação de suas famílias como também a desistir de ter seus filhos. Na minha posição atual, tenho dó dos meus contemporâneos que estão correndo o risco de não serem avós.
Encabeçando a proposta de criar um plano de férias para BH está Sara Vitral, especialista em políticas públicas. O projeto visa oferecer atividades lúdicas, culturais e esportivas durante o período de férias escolares, proporcionando um espaço seguro e enriquecedor para o desenvolvimento infantil.
A ideia é ótima, resta saber se será concretizada. Tomara!