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SIGA NOMuita gente aproveita esta época para arrumar as gavetas. As dos armários que, na correria ou na preguiça, ficaram bagunçadas ao longo dos últimos 12 meses. Essas são fáceis de organizar. Papéis inúteis na lixeira, roupas que não servem mais separadas até que se decida entre novas tentativas (quem sabe se eu emagrecer) versus a vontade de passá-las para frente. Passados meses ou anos, é hora também de devolver os livros que pegamos emprestados na esperança de ler um dia.
Há quem pegue o telefone e ligue para todo mundo que cabe dentro da memória, numa tentativa de resgatar o tempo e tudo aquilo que ele engole e não nos devolve por mais que tentemos recuperar. Mas ainda assim é sempre bom colocar a conversa em dia, mesmo que através de um simples oi ou uma mensagem pré-fabricada daquele tipo que vem com o selo “encaminhada com frequência”. Assim indicamos que ainda estamos vivos e no páreo.
Gavetas difíceis de arrumar são as da mente. Essas deixamos desalinhadas não por falta de tempo. Elas exigem de nós muito mais que um pano úmido, caixas de papelão ou sacos plásticos. É preciso enfrentar a vaidade, o orgulho e encarar que o melhor a fazer é abrir mão de muito volume desnecessário em nossas bagagens. É hora de decidir que pesos vale a pena continuar carregando.
Enfrentar e processar os lutos. Sabe aquele lugar-comum de muitos poemas e textos de autoajuda que nos sugerem buscar a companhia de pessoas com quem de fato vale a pena dividir o ano que se inicia, assim como escolher que disputas merecem nosso suor e músculos?
Algumas pessoas muito queridas partiram. É preciso nos despedir delas e ficar só com a saudade. Outras seria melhor deixarmos ir e, quando de nós se reaproximarem, não permitirmos mais que entrem. São lições que a vida nos ensina e que, por teimosia ou dificuldade de enfrentar a decepção, vamos deixando de lado até que nos vença o cansaço.
Que nos próximos 12 meses saibamos escolher as melhores trilhas a seguir, aprender com suas curvas, desvios e obstáculos de maneira que, ao final, seja preciso apenas sacudir a poeira leve nas gavetas de nossas mentes.