Zen Digital: dominando o bem-estar em um mundo constantemente conectado
Rahaf conduz a conversa para uma perspectiva mais ampla e reflexiva, destacando como a tecnologia deve ser vista e implementada dentro de um contexto social
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SIGA NORahaf Harfoush é uma futurista que aborda temas profundos e atuais que vão além da inovação tecnológica, explorando o impacto da tecnologia na sociedade e na saúde mental.
Harfoush também é estrategista, antropóloga digital e autora best-seller que se concentra nas interseções entre tecnologia emergente, inovação e cultura digital. Ela é diretora executiva do Red Thread Institute of Digital Culture e leciona "Inovação e Modelos de Negócios Emergentes" na Sciences Politique’s School of Management and Innovation, em Paris.
Perfil Atual dos CIOs
No cenário atual dos CIOs, profissionais que assumem um papel cada vez mais estratégico e multifacetado nas organizações, Harfoush compila algumas estatísticas reveladoras sobre esses executivos:
- 86% dos CIOs estão focados prioritariamente na inovação digital e na transformação tecnológica;
- 85% lideram iniciativas que têm poder de transformação (os chamados "changemakers") dentro de suas organizações;
- 80% estão ampliando suas atividades para incluir inteligência artificial, visando impactar diretamente o núcleo do negócio;
- Principais desafios: são três os grandes obstáculos – escassez de talentos, ameaças de segurança e mudanças constantes no ambiente de negócios;
- Diversidade de origem profissional: há um aumento no número de CIOs que vêm de carreiras fora da área tradicional de TI, trazendo diferentes perspectivas e habilidades para o setor.
- Esses pontos são reflexos de um mercado em que esse papel está em expansão, exigindo combinação de habilidades técnicas, visão estratégica e flexibilidade para liderar a inovação.
Tecnologia e contexto social: um novo olhar
Rahaf conduz a conversa para uma perspectiva mais ampla e reflexiva, destacando como a tecnologia deve ser vista e implementada dentro de um contexto social. Ela enfatizou que as inovações tecnológicas não ocorrem isoladas; pelo contrário, são influenciadas e moldadas pelas dinâmicas sociais, culturais e comportamentais.
Por exemplo, alguns produtos tecnológicos estão sendo usados de maneiras que os seus criadores não previram, como:
- Robôs aspiradores com sentimentos: pessoas estão tratando robôs aspiradores com uma humanização inesperada, algumas até os vestindo, revelando como a sociedade cria laços emocionais com dispositivos.
- IA para companhia: inteligências artificiais estão sendo personalizadas “off label” para oferecer companhia e suporte emocional, algo muito além de suas funções originais de assistência digital.
Esses exemplos mostram como as pessoas acabam projetando emoções e necessidades humanas nas tecnologias, muitas vezes em resposta a contextos de isolamento ou de solidão.
Outro ponto relevante é o alerta sobre o crescente burnout e esgotamento emocional associado ao uso excessivo de tecnologia. Vejamos um dado impressionante: em média, interagimos com nossos smartphones 2.617 vezes ao dia, seja clicando, arrastando ou abrindo aplicativos. Esse número revela o impacto significativo da tecnologia no cotidiano e a pressão constante sobre nossa atenção e capacidade mental.
E o uso ininterrupto de dispositivos digitais é uma das razões por trás do cansaço mental e do burnout, uma condição que afeta diretamente a criatividade e o bem-estar. Em um mundo hiperconectado, o estímulo constante gera esgotamento, dificultando a capacidade de desconectar e restaurar a energia mental.
Criatividade e foco: a importância do desestímulo
Para Rahaf, a criatividade e a produtividade não nascem em ambientes de estímulo constante, mas, sim, em momentos de desestímulo e foco. Seguem alguns "hacks" e orientações para CIOs e profissionais da tecnologia melhorarem seu bem-estar e incentivarem a criatividade:
- Momentos de desconexão: estabelecer intervalos regulares de desconexão digital, onde seja possível se afastar das telas e das notificações.
- Tempo de foco profundo: reservar períodos de trabalho em que as interrupções sejam minimizadas ao máximo, permitindo um foco completo na tarefa.
- Práticas de mindfulness e reflexão: incorporar práticas como meditação ou pausas para reflexão, ajudando a reduzir o estresse e a aumentar a clareza mental.
Tecnologia como reflexo de crenças sociais
E aqui vai uma visão profunda e crítica sobre a relação entre tecnologia e sociedade. A tecnologia é uma manifestação das crenças e valores de uma sociedade ou de um grupo social relevante. Em outras palavras, as inovações que desenvolvemos refletem aquilo que priorizamos e valorizamos enquanto sociedade.
Esse ponto traz uma perspectiva de responsabilidade: a tecnologia que criamos e usamos pode tanto curar e ajudar quanto ferir e prejudicar. Rahaf nos incentiva a pensar de forma ética e a adotar uma abordagem consciente, considerando o impacto humano e social de suas escolhas tecnológicas.
A tecnologia deve estar a serviço do ser humano, e não o contrário. Essa visão reforça a importância de um equilíbrio entre inovação e responsabilidade, lembrando-nos de que o verdadeiro avanço só ocorre quando a tecnologia contribui para o bem-estar coletivo.
Esta abordagem humanista e responsável da tecnologia se torna cada vez mais relevante para os CIOs, que não apenas conduzem a transformação digital, mas também moldam o futuro da sociedade.