Ariana Grande e Cynthia Erivo vivem, respectivamente, Glinda e Elphaba, a Bruxa Boa e a Bruxa Má do Oeste, cuja relação ganhará complexidade na trama -  (crédito: universal pictures/divulgação)

Ariana Grande e Cynthia Erivo vivem, respectivamente, Glinda e Elphaba, a Bruxa Boa e a Bruxa Má do Oeste, cuja relação ganhará complexidade na trama

crédito: universal pictures/divulgação

 

O musical “Wicked” foi lançado nos cinemas, na última quinta-feira (21/11), com a missão de revitalizar uma história que vem sendo contada há mais de um século. Depois do sucesso do livro “O mágico de Oz” (1900), de L. Frank Baum, e sua adaptação para os cinemas em 1939, com Judy Garland no papel de Dorothy, a terra de Oz foi reinterpretada de inúmeras formas.

 


Entre as releituras, o livro “Wicked” (1995), de Gregory Maguire, se sobressaiu, ao explorar as origens das personagens secundárias Glinda e Elphaba, a Bruxa Boa e a Bruxa Má do Oeste, respectivamente. Na obra, o autor traz uma abordagem sombria de Oz, discutindo temas como a origem do mal, radicalizações políticas, propaganda e abuso de poder.

 


Winnie Holzman e Stephen Schwartz viram no denso romance de Maguire a oportunidade de criar um musical inovador e, em 2003, “Wicked” estreou na Broadway, com Idina Menzel como Elphaba, e Kristin Chenoweth como Glinda. O espetáculo foi um sucesso, conquistando três prêmios Tony. Uma adaptação brasileira estreou em 2016, com Fabi Bang e Myra Ruiz nos papéis principais.

 


Agora, sob a direção de Jon M. Chu, a narrativa chega ao cinema dividida em duas partes, com a estreia da continuação prevista para novembro de 2025. Na trama, que precede, coincide e sucede a chegada de Dorothy ao novo mundo, o início é claro: a Bruxa Má do Oeste está morta – e isso é motivo de comemoração para todos.

 


Produção grandiosa

Após o anúncio de morte, o filme exibe um extraordinário número de abertura, com “No one mourns the wicked” destacando a grandiosidade da produção. O orçamento de US$ 145 milhões, semelhante ao de "Barbie" (2023), possibilitou que os cenários fossem especialmente construídos para a produção, com o objetivo de recriar a magnitude da Terra de Oz.

 


Glinda, interpretada pela cantora pop Ariana Grande, de 31 anos, conduz as primeiras cenas do filme. Há anos, Ariana expressa o desejo de dar vida à personagem, e a produção marca seu retorno à atuação, uma década depois do início de sua carreira no canal Nickelodeon. No papel, ela demonstra habilidade em capturar as nuances da Bruxa Boa, cuja personalidade mimada e caricatural serve como alívio cômico para a trama.

 


Volta ao passado

Quando Glinda é questionada sobre sua proximidade com a bruxa morta, o filme retorna ao passado, apresentando a trajetória de Elphaba desde a infância até se tornar a temida vilã. Nascida em uma pequena cidade de Oz e marcada pela pele verde, Elphaba enfrentou preconceitos desde criança, inclusive da parte de seu pai, que a culpa pela morte da mãe e pela deficiência da irmã, Nessarose (Marissa Bode).

 


Já adulta, sua jornada a leva à Universidade de Shiz, onde seus poderes mágicos atraem a atenção da reitora Madame Morrible, interpretada por Michelle Yeoh (que se adequa ao papel, embora o desempenho musical não esteja à altura do esperado).

 


A atenção dispensada a ela cria problemas de ciúmes com Glinda, que agora será sua colega de quarto, mas anima Elphaba com a possibilidade de conhecer o Mágico (Jeff Goldblum). Em sua primeira performance musical, de “The Wizard and I”, a personagem mostra sua força vocal e sensibilidade, colocando em relevo a habilidade da atriz Cynthia Erivo, de 37 anos, em retratar as dificuldades de pertencimento de Elphaba.

 


Amizade improvável

O relacionamento das protagonistas, inicialmente conflituoso, ganha complexidade ao longo da trama, sobretudo após a chegada do príncipe Fiyero à Universidade. Interpretado por Jonathan Bailey, que brilha em cena com um charme cativante, o personagem é inicialmente tão caricato quanto Glinda, mas demonstra um desenvolvimento claro para a próxima narrativa.

 


Durante a festa proposta por ele, Elphaba e Glinda protagonizam uma das cenas mais emocionantes do filme. Alvo mais uma vez de zombarias, a garota de pele verde tenta manter a compostura, mas não consegue segurar as lágrimas. Glinda, desafiando suas crenças e atitudes anteriores, decide ampará-la, optando pelo início de uma amizade improvável.

 


A primeira parte de “Wicked” culmina quando Elphaba é convidada a conhecer o Mágico, na brilhante Cidade das Esmeraldas, e decide levar a amiga consigo. A trama atinge seu clímax na performance do sucesso "Defying gravity", encerrando-a no mesmo ponto em que termina o primeiro ato do musical.


Com quase três horas de duração, o filme se aprofunda, sem perder o ritmo, em aspectos que o espetáculo original não consegue, como a política dos Animais que afeta Oz.

 


Para os fãs do musical, a produção é uma experiência vibrante e respeitosa às suas origens. Para os novos espectadores, pode ser um mergulho intenso em um universo repleto de informações, mas, ainda assim, é uma obra capaz de seduzir e criar expectativas para a conclusão dessa história. 

 

"WICKED"

(EUA, 2024, 2h41min). Direção: Jon M. Chu. Com Ariana Grande e Cynthia Erivo. Em cartaz em salas das redes Cineart, Cinemark, Cinépolis, Cinesercla e no Centro Cultural Unimed-BH Minas Tênis Clube.

 

 

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes