Walter Salles conseguiu emplacar “Ainda estou aqui” como representante brasileiro no Oscar 2025. Mas o que isso significa? O longa já está concorrendo à estatueta de Melhor Filme Internacional, que será entregue na cerimônia do dia 2 de março? Ou ainda há etapas a serem cumpridas? Se sim, quais são?
É preciso ter cautela. Para evitar equívocos, a primeira coisa que o leitor deve saber é que o longa, baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva e protagonizado por Fernanda Torres e Selton Mello, ainda não está garantido entre os cinco finalistas que serão anunciados no dia da cerimônia. Antes disso, há algumas etapas – ou "peneiras" – pelas quais o filme precisa passar.
O processo é longo e, para muitos, confuso. Pensando nisso, o Estado de Minas preparou um passo a passo para explicar como funciona a indicação à categoria de Melhor Filme Internacional e quais são as etapas e datas até a premiação final.
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Primeiro passo: a escolha de cada país
Em setembro, o Brasil deu o primeiro passo quando a Academia Brasileira de Cinema escolheu o longa de Walter Salles como representante oficial do país no Oscar. “Ainda estou aqui” foi eleito por votação, superando “Levante”, de Lillah Halla; “Motel Destino”, de Karim Aïnouz; “Saudade fez morada aqui dentro”, de Haroldo Borges; e “Sem coração”, da dupla Nara Normande e Tião.
Assim como o Brasil, outros 84 países selecionaram seus representantes, de acordo com Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que organiza o evento. E há fortíssimos concorrentes, como o francês “Emilia Pérez”, de Jacques Audiard, estrelado por Selena Gomez, Zoë Saldaña e Karla Sofía Gascón; o alemão “The seed of the sacred fig”, de Mohammad Rasoulof, e o italiano “Vermiglio”, de Maura Delpero.
Segundo passo: a 'Pré-lista'
A próxima etapa será a divulgação de uma "pré-lista" com 15 títulos, marcada para 17 de dezembro. Essa seleção é feita pelos membros da Academia de Hollywood, que incluem profissionais de várias nacionalidades.
A partir dessa pré-seleção, começa uma campanha ainda mais intensa de divulgação. Diretores, produtores, distribuidores e elenco participam de festivais, encontros do setor audiovisual e eventos de mercado, tudo com o objetivo de atrair a atenção dos votantes.
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“Estou fazendo zigue-zague no Atlântico, um negócio de maluco mesmo”, disse Fernanda Torres ao EM, no início de novembro. “É como uma campanha política. Você tem que fazer o filme ser visto nos Estados Unidos, na Europa, no Brasil, se possível na Ásia... Uma loucura! Estou vivenciando na pele a glória e seu cortejo de horrores”, comparou a atriz na mesma entrevista.
Walter Salles conhece bem essa maratona. Em 1998, ele conduziu uma campanha semelhante com “Central do Brasil”, estrelado por Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres. O filme chegou a ser finalista, mas perdeu a estatueta para o italiano “A vida é bela”, de Roberto Benigni.
“Em 1998, o Oscar do filme estrangeiro era o resultado da escolha de um número bem menor de pessoas, a maioria vivendo nos Estados Unidos”, afirmou o diretor em entrevista ao EM também no início de novembro. “Vinte e cinco anos depois, esse número de votantes aumentou substancialmente e se descentralizou. A França, por exemplo, tem 200 votantes, quase o mesmo número de toda a América do Sul. Resta saber se essa descentralização favorece o cinema independente, ou estruturas industriais como os canais de streaming”.
Terceiro passo: os cinco finalistas
Após a divulgação da “pré-lista” de 15 filmes, apenas cinco serão selecionados para compor a lista oficial de indicados ao Oscar 2025. O anúncio desses finalistas está previsto para 17 de janeiro. São esses cinco finalistas que têm seus trailers exibidos durante a cerimônia e que concorrem efetivamente pela estatueta.
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Assim, somente após superar essas etapas, os brasileiros poderão alimentar uma expectativa real de que “Ainda estou aqui” conquiste o primeiro Oscar da história para o país.