Em um movimento de ruptura com os moldes artísticos tradicionais que ditavam o conceito de “belo”, surge no início do século 20, no berço das vanguardas artísticas europeias, o abstracionismo. O estilo, ao contrário da arte figurativa que valoriza a representação fiel da realidade, utiliza-se de formas, linhas, cores e texturas para criar obras subjetivas.
“O abstrato permite que o público viaje no quadro. Cada pessoa vê e sente uma coisa. Acredito que o meu trabalho proporciona a livre reflexão”, diz o arquiteto e artista plástico Saul Vilela, de 73 anos.
Natural de Uberlândia, Vilela é formado em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e atuou como marchand freelancer dos artistas Carlos Scliar e Carlos Bracher. Como pintor, Saul Vilela atravessou as fronteiras do país e expôs seus quadros em galerias de Londres, Veneza, Miami e Atenas.
Seguindo os passos do pai, Marco Vilela, de 35, também se formou em arquitetura, mas vem se destacando na linha de expressionismo abstrato. Juntos, pai e filho apresentam “Fragmentos”, exposição de 44 telas que ocupa o Museu Inimá de Paula a partir desta quarta-feira (18/12). Entre as obras, destacam-se pinturas recentes de Saul, produzidas no último ano, e peças de sua coleção pessoal, em uma retrospectiva de sua trajetória artística.
Não é a primeira vez que o Inimá de Paula abriga obras de Saul Vilela. O museu, cujo espaço foi projetado pelo próprio artista e arquiteto em 2007, recebeu o conjunto “I’m ok” (Eu estou bem) há uma década.
Apesar de permanecer fiel ao abstracionismo, o artista garante: “Não me repito”. Saul acrescenta: “Meu trabalho é extremamente abstrato e eclético. Considero cada quadro uma nova história”. Ele afirma ser “hiperativo”, por isso o uso de tinta acrílica, que seca rápido.
“O Marco se arrisca mais do que eu. Ele tenta coisas novas. Eu já sou meio preguiçoso. Sou fiel à tinta acrílica, porque trabalho com isso há mais de 40 anos. Procuro me arriscar em novas cores e formas.”
Senso estético
Não é a primeira vez que pai e filho trabalham juntos. Em 2019, a P.S. Galeria foi ocupada por quadros, esculturas e elementos da moda realizados por Saul e seus três filhos – Daniel, escultor; Joana, estilista; e Marco, pintor.
Imerso na arte abstrata desde criança, Marco admite que foi influenciado pelo estilo do pai, mas que com o tempo desenvolveu técnicas próprias de pintura. Conforme o artista, a profundidade trabalhada por ele nas telas cria a sensação de movimento e de observar.
“Gosto de misturar tintas para criar efeitos e texturas diferentes. É quase uma experiência química”, afirma Marco Vilela. “Olho sempre para a completude do quadro e me guio pelo senso estético. O abstrato pode ser bagunçado e cheio de informação, mas gosto de trabalhar com algo mais limpo e em fragmentos, valorizando principalmente as texturas.”
“FRAGMENTOS”
Exposição de Saul e Marco Vilela. Abertura nesta quarta (18/12), a partir das 10h, no Museu Inimá de Paula (Rua da Bahia, 1.201 – Centro). Até 23 de fevereiro. Visitação terça, quarta, sexta e sábado, das 10h às 18h30; quinta, das 12h às 20h30; domingo e feriados, das 10h às 16h30. Entrada gratuita.
* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro