A coleção Música Popular em Quadrinhos (MPQ), desenvolvida pela Brasa Editora, acaba de lançar seu segundo título, dedicado ao samba. O primeiro volume, intitulado “Grandes sucessos”, lançado em junho de 2023, apresentou as credenciais da proposta: reunir autores de HQs para criar histórias originais a partir de músicas do cancioneiro nacional.
A coleção MPQ surgiu para dar suporte à experiência docente do Instituto Guimarães Rosa – unidade do Ministério das Relações Exteriores responsável pela difusão da cultura brasileira, pela promoção da língua portuguesa e pela coordenação da rede de ensino do Itamaraty no exterior.
Fundador da Brasa Editora, Sandro Gomes, conhecido como Lobo, explica que a ideia era usar os livros da coleção MPQ no ensino da vertente brasileira da língua portuguesa nas unidades do Instituto Guimarães Rosa em outros países. O samba foi a escolha natural para este segundo volume, conforme aponta, chamando a atenção para o fato de que o primeiro ficou “meio esquizofrênico”.
“Como a ideia é trabalhar com músicas conhecidas em outros países, a gente acabou, com 'Grandes sucessos', misturando muita coisa, tipo 'Adocica', de Beto Barbosa, com 'O trenzinho do caipira', de Villa-Lobos, 'Garota de Ipanema', de Tom e Vinícius, com 'Evidências', que Chitãozinho e Xororó gravaram. Agora resolvemos fechar no samba, e o terceiro volume da coleção será só com sucessos da Bossa Nova”, afirma.
Autores e músicas
“Samba” traz as interpretações de Ilustra Lu para “Trem das onze”, de Adoniran Barbosa; de Rafael Calça e Tainan Rocha para “Zé do Caroço”, de Leci Brandão; de Karmaleão para “Alvorada”, de Cartola; de Leandro Assis para “Homenagem ao malandro”, de Chico Buarque; de Evandro Alves para “Coração leviano”, de Paulinho da Viola; de Odyr Bernardi para “Mestre sala dos mares”, de Aldir Blanc e João Bosco; de Cristiano Mascaro para “Malandro”, de Jorge Aragão; e de André Diniz para “Candeeiro da vovó”, de Dona Ivone Lara.
Segundo Lobo, os autores são escolhidos a partir das músicas. “O que é legal nessa coleção é que não são adaptações das letras, tampouco clipes, mas sim histórias originais inspiradas nas músicas. Buscamos quadrinistas que tenham vínculos emocionais com as músicas, para que tenham a possibilidade de criar histórias originais, que não sejam meras traduções visuais das letras”, diz.
Lobo acumula experiências anteriores como editor de HQs. Sua relação com esse universo remonta ao início dos anos 1990, quando atuou como estagiário na primeira Bienal Internacional de Quadrinhos, no Rio de Janeiro – evento que, posteriormente, migrou para Belo Horizonte, onde acabou rebatizado como Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ).
“Trabalhei muitos anos com publicidade e, em 2003, comecei a editar uma revista de rock em quadrinhos chamada 'Mosh'. De lá para cá, nunca mais parei”, diz. A Brasa Editora é seu primeiro empreendimento solo. “É mais demandante, porque sou eu quem cuida de tudo, mas a Brasa é voltada para o tipo de HQ que gosto de fazer, com histórias brasileiras”, diz, acrescentando que o Brasil tem uma cena pujante de quadrinhos que, no entanto, ainda luta para se transformar em um mercado.
MÚSICA POPULAR EM QUADRINHOS – SAMBA”
• Autores: Ilustra Lu, Rafael Calça e Tainan Rocha, Karmaleão, Leandro Assis, Evandro Alves, Odyr Bernardi, Christiano Mascaro e André Diniz
• Brasa Editora (264 págs.)
• R$ 149,90 no site da editora