O artista mineiro Marcelo Kamargo diz que a música-título de seu novo disco, composto durante a pandemia, se relaciona com o filme

O artista mineiro Marcelo Kamargo diz que a música-título de seu novo disco, composto durante a pandemia, se relaciona com o filme "Não olhe para cima" (2021)

crédito: Júlia Guedes/Divulgação

 

Cantor, compositor e violonista, Marcelo Kamargo chega ao sexto álbum da carreira, com o lançamento de “Cometa”, que tem oito faixas, sendo seis de sua autoria. Ele também gravou “Criaturas da noite (Flávio Venturini e Luiz Carlos Sá) e “Sapato velho” (Claudio Nucci, Mu Carvalho e Paulinho Tapajós).

 


“Iniciei esse trabalho em 2020 e finalizei as composições em 2022. As canções foram desdobradas em dois álbuns, 'Louvação' (2023) e 'Cometa'. O primeiro tem uma pegada mais Clube da Esquina, mais MPB. O segundo traz uma pegada mais forte, com as minhas influências dos anos 1970, de Raul Seixas, Mutantes, Tropicália e o Grupo Terço”, diz o artista.

 


Ele explica que a música “Cometa”, que dá nome ao disco, se relaciona com o filme “Não olhe pra cima” (Adam McKay, 2021), em que dois astrônomos tentam alertar a humanidade sobre um cometa em rota de colisão com a Terra .

 


“Porém a minha música fala o contrário [do longa], pois mostra o olhar de um poeta diante de um fato da natureza que poderia acontecer e diante da fatalidade”, diz o cantor e compositor.

 


Motivo para cantar

“Em vez de ficar em pânico, ele entra no universo de autoconhecimento e diz: sou poeta e cantor e tudo vira pra mim um motivo para eu poder cantar. Então, ela tem essa pegada, esse vínculo, essa conexão com o filme. Só que, quando fiz a música, em 2020, o filme ainda não tinha sido lançado. Aliás, ele foi lançado no fim da pandemia e quando fui assisti-lo, pensei, será que isso é sincronicidade? Que coincidência foi essa?”

 


Ele explica também a inspiração para a faixa “Meu lugar”: “Como estava diante da pandemia e vi muita gente deprimida, preocupada, surtando, resolvi falar da vulnerabilidade humana, em face da pressão social que aconteceu e me voltei para o refrão da música que diz: 'Preciso não me debater diante dessa tristeza toda, para poder encontrar um bom lugar para sobreviver e ser feliz, diante de toda essa confusão que foi a pandemia'. Então, a música é forte, visceral, no sentido de mexer com o nosso interior, diante de fatalidades”.

 


Para o artista, o disco tem um olhar para o pop. “Ficou um trabalho interessante, porque os outros que gravei eram mais de raiz. O primeiro, 'Clarão da Noite' (2001), era mais Vale do Jequitinhonha, mais romantismo; o segundo, 'Zerundá' (2004), foi quase um tributo às minhas raízes africanas. É um disco que tem muita percussão, feita pelo Marcelo Tribal. O terceiro, 'Além do sol' (2008), já é mais MPB, mas com um pouco do latin jazz, porque fiz três instrumentais que iriam para o BDMG Instrumental.”

 


Em 2021, ele lançou seu primeiro disco pelo selo Kuarup, “Samba é amor”, que homenageia seu pai, o cavaquinista Mestre Jonas. Nascido em Coronel Fabriciano, Marcelo Kamargo se mudou aos 11 anos para BH, onde estudou música.

 


Marcelo conta que procurou fazer uma conexão com os compositores do samba. “Tem uma música que é mais Paulinho da Viola; outra, Noel Rosa, e outra, Zeca Pagodinho. Ficou um disco com todas essas referências do samba nacional, embora tenha uma pegada mineira.”

 


No ano passado fiz o lançamento do álbum “Louvação”, que é um disco com a influência que recebi do Clube da Esquina. E agora estou lançando 'Cometa', que vem desse universo de referência, de influências da MPB mais pop dos anos 1970”, diz.

 


“COMETA”
• Disco de Marcelo Kamargo
• Kuarup (oito faixas)
• Disponível nas plataformas digitais