A cena gastronômica de Belo Horizonte vai ganhar novos espaços e sabores em 2025. O ano promete a inauguração e reinauguração de padaria, bares e restaurantes, com pratos e ambientes que garantem diferentes conceitos a serem degustados e experienciados. Confira cinco estabelecimentos que chegam para reforçar a versatilidade e a criatividade da gastronomia belo-horizontina.
A Albertina Pães, que surgiu há três anos, depois de uma reviravolta na vida da arquiteta Renata Rocha, hoje padeira, está de mudança para um novo endereço, também no Bairro Lourdes, Região Centro-Sul de BH. Ainda este mês, a padaria, que segue a linha de viennoiserie, especializada em massa folhada, será reinaugurada na mesma rua, em um espaço maior, para receber o público com mais aconchego e aumentar a produção de pães fermentados, que fazem sucesso na capital.
“Crescemos bastante nesses três anos. Fomos nos firmando como uma padaria de fermentação natural relevante aqui na cidade e ficou muito óbvio para mim, há algum tempo, que o espaço era muito pequenininho e não comportava mais a nossa operação. Comecei a buscar um lugar novo até que uma loja maior no mesmo prédio ficou vaga”, explica Renata.
A maior parte do novo espaço será ocupada pela cozinha e instalações de serviço de produção, onde a mágica da fermentação acontece.
Segundo a padeira, lá será um lugar para comprar pão, onde os clientes vão encontrar “o melhor produto que a gente puder fazer”. Além da venda dos pães, haverá um espaço para consumir os produtos com uma variedade especial de bebidas à base de café, infusões frias e quentes e outros tipos de bebidas sem álcool. “A intenção é ter um menu de bebidas que harmoniza bem com nossos produtos e que pode criar uma experiência mais completa para quem optar por comer lá”, conta.
A grande novidade da reinauguração da Albertina Pães é um espaço destinado apenas para a confeitaria, também focada em produtos frescos com pouco açúcar e ênfase no sabor dos ingredientes principais. Como de costume, a casa continuará trabalhando com alimentos sazonais, explorados ainda mais nos doces.
Clássicos fixos
O cardápio continuará a ser quinzenal, com a presença de alguns clássicos fixos, como croissants, baguete, pão multigrãos, sourdough clássico, cookies e cannelés.
“O croissant e o sourdough clássico são os produtos mais tradicionais e que definem nossa assinatura. Mas trabalhamos com menu quinzenal, então a variedade é muito grande. Os panetones que faço em dezembro também são muito disputados. A fila começa em novembro e eles costumam se esgotar 10 dias antes da última fornada”, diz a padeira, que, em três anos, já desenvolveu mais de 250 receitas diferentes. O plano agora é oferecer mais opções e menos rotatividade, mantendo os conceitos de fermentação natural, respeito aos ingredientes e valorização da mão de obra.
Mesmo com uma operação tão pequena, a padaria conquistou o segundo lugar no Prêmio Cumbucca de Gastronomia, em dezembro do ano passado, na categoria Pães.
Cozinha de fogo
Colecionador de boas experiências em diferentes endereços da capital – Caravela, Turi, Capitão Leitão, Fazenda Cervejeira e Mitra, o chef Cristóvão Laruça vai comandar a cozinha do Pastus, a nova casa de carnes e cozinha de fogo que chega no mês que vem ao BH Outlet, no Bairro Belvedere, Região Centro-Sul da capital. O restaurante, especializado em fogo e parrilla, pretende combinar tradição e sofisticação em uma experiência única.
Segundo o português, o Pastus surge como uma parrilla mais moderna, que permite encontros em família e de amigos. Com uma seleção especial de cortes bovinos, o restaurante vai unir o sabor de carnes maturadas com a brasa, acompanhadas de entradas e molhos para completar o cardápio, tudo feito no fogo. Até mesmo as sobremesas, como torta basca, cheesecake e panquecas com doce de leite argentino, serão feitas na parrilla.
Carnes maturadas
A curadoria de carnes maturadas será acentuada com a utilização de uma câmara de dryaged, técnica de conservação de carnes que deixa o alimento mais macio e com sabores amendoados. Com a vivência em diferentes cozinhas na capital, Laruça acredita que o público belo-horizontino tem muito interesse por carnes, o que o incentiva a dedicar um restaurante ao produto.
De acordo com o chef, democratizar o consumo da carne de qualidade, com preços mais acessíveis para um maior número de pessoas é muito importante. Mas ele revela que o público vegano e vegetariano não ficará de fora das escolhas do menu, pois o Pastus contará com parrilla de vegetais na brasa. Para ele, foi importante entender as demandas e, mesmo mantendo a autoralidade, cozinhar mais o que o público deseja.
“O Pastus é um projeto completamente diferente de tudo o que eu fiz até hoje. Entender mais o que o cliente quer e menos o que eu quero. Como trazer todo meu conhecimento e experiência e adequá-la àquilo que o público espera de um restaurante. Ele será menos Cristóvão e mais cliente”, conta o chef, que atualmente trabalha nas cozinhas do Caravela, Mitra e Fazenda Cervejeira.
Sazonalidade no prato
Além da carne bovina, que será o carro-chefe da casa, os clientes poderão degustar guarnições criativas, que vão acompanhar a sazonalidade dos ingredientes. Alguns dos pratos contarão com bacalhau, frutos do mar e vegetais na brasa, enfatizando a cozinha de fogo em todas as opções do menu. Já o cardápio de bebidas contará com cervejas especiais, drinques pensados por um mixologista e uma carta selecionada de vinhos tintos, que combinam com os pratos do restaurante.
Cristóvão espera que o Pastus preencha uma lacuna em Belo Horizonte, que é a falta de restaurantes com comida boa e um espaço legal para crianças.
O chef tem outra novidade para 2025: o Capitão Leitão, que fechou as portas em agosto de 2023, será reinaugurado no fim deste mês. A casa, especializada em carne suína, será reaberta em um novo endereço, no Lourdes, e espera conquistar o público com petiscos, torresmo e drinques. Para quem não aprecia a carne de leitão, haverá uma variedade de pratos que incluem bacalhau, berinjela grelhada com creme de ervilhas e cogumelos e arroz caldoso com vegetais.
Bar japonês
Está prevista para fevereiro a inauguração de um bar na região da Savassi que pretende conquistar o público com um ambiente descontraído, conforto, hospitalidade e o melhor da cozinha oriental. O Marú faz parte do grupo Redentor e Moema, conhecidos pontos boêmios e campeões de público na Savassi.
O proprietário Daniel Ribeiro conta que o novo projeto se inspira na cozinha japonesa contemporânea. Seguindo a linha dos outros bares, o espaço vai proporcionar um clima descontraído com um nível de excelência de restaurante nos pratos quentes e frios, acompanhados de uma cartela de drinques pensada pelo mixologista Tiago Santos.
“O Marú conta com um conceito que ainda não tem em Belo Horizonte. É um japonês mais descontraído. BH tem um perfil mais formal no atendimento de restaurantes orientais, mais intimista, um programa de date. O nosso será mais leve, mais aberto e trará uma mistura do novo com o tradicional. É um lugar para as pessoas ficarem à vontade com qualquer roupa”, conta Ribeiro.
Chopes e vinhos
Diferentemente dos izakayas, tipo de bar japonês que serve alimentos para acompanhar as bebidas, o Marú une a proposta do bar japonês com um restaurante tradicional. Haverá petiscos e porções para consumir com chopes e vinhos brancos.
O cardápio, sujeito a mudanças quinzenais, conforme a criação dos chefs, pretende brincar com a gastronomia e apresentar releituras de clássicos. Entre as opções, crocante de arroz negro, creme de guacamole e camarões em tempura levemente picante, avaliado como “fantástico” pelo dono do estabelecimento. O menu ainda terá pão de brioche acompanhado de bife de wagyu defumado, tradicional corte de carne bovina japonesa, com molho tonkatsu.
“A expectativa é de complementar a oferta da Savassi e gerar bastante movimento, oferecendo um almoço executivo japonês, que não é comum, com um bom custo-benefício na região. À noite, o público vai poder comer comida japonesa com clima de bar”, avisa.
Entre azeites e vinhos
Um ambiente aconchegante que busca abraçar os clientes enquanto oferece uma gastronomia que valoriza os ingredientes em sua essência. Esse é o conceito do Lagar, uma expansão do Tragaluz, localizado em Tiradentes, que passará a ocupar, em março, o DiamondMall, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O restaurante também anuncia uma nova unidade na cidade histórica em fevereiro.
Burrata produzida em Minas com uva confitada no vinho, paleta de cordeiro assada e bacalhau assado no forno a lenha com batatas e azeitonas são alguns dos pratos especiais que estarão no cardápio do Lagar e devem conquistar o paladar dos mineiros. O restaurante também servirá iguarias como empanada de polvo, steak tartare finalizado na mesa, arroz de pato e focaccia no forno a lenha. O menu ainda contará com clássicos do Tragaluz, como a galinha d’angola e a goiabada frita.
De acordo com o chef-executivo dos restaurantes, Felipe Rameh, a proposta do novo projeto é mostrar técnica culinária e uma curadoria de ingredientes. Com ideias semelhantes ao Tragaluz, o Lagar pretende reforçar a identidade mineira, mas também valorizar alimentos de outros estados e até mesmo de outros países.
“O objetivo é que os pratos falem de regiões, que falem de vinhos e azeites de todo o mundo, passando das fronteiras de Minas. Vamos trazer referências do Líbano, da Apúlia, na Itália, do Alentejo, em Portugal, da Grécia, de Provença, na França, e também de Minas Gerais, que produz muito vinho e azeite”, diz Rameh, que enxerga a inauguração com uma “expectativa maravilhosa”.
Responsável pela criação e desenvolvimento dos pratos, além de elaborar cardápios especiais para eventos, o chef acredita que “menos é mais” na cozinha. Dentro da gastronomia, ele preza por utilizar o ingrediente em sua essência. Para o profissional, a cozinha simples, com menos intervenção, aliada ao bom atendimento, será o diferencial do Lagar para conquistar os belo-horizontinos.
“Receber em casa”
“As pessoas se encantam com o serviço do Tragaluz, em Tiradentes, que é eficiente e despretensioso, de ‘receber em casa’. A gente quer trazer isso para BH, porque boa parte do público que recebemos lá é da capital. Aqui é um mercado mais competitivo, variado, principalmente no horário de almoço, então existe uma outra dinâmica, mas Belo Horizonte tem amadurecido muito nesse sentido”, conclui.
Segundo Rameh, não há receita pronta para alcançar o sucesso do restaurante, mas o diferencial do Lagar será o serviço. A casa, que comporta até 120 pessoas, terá um bar em um hall de entrada, um lounge com sofás e mesas, além de uma cozinha frente aos clientes.
O restaurante, que vai trabalhar com sazonalidade e orgânicos para aproveitar os ingredientes em seu melhor momento, vai contar ainda com coquetelaria e serviço de café, com uma linha conceitual entre pratos e bebidas. A harmonização será por afinidade, combinando os pratos salgados com os vinhos, principalmente, e as sobremesas com os cafés.
Arroz caldoso de galinha d’angola (Felipe Rameh – Lagar)
Ingredientes
- 1 coxa e sobrecoxa de galinha d’angola;
- 250g de arroz branco;
- 10ml de azeite de boa qualidade;
- 10g de alho;
- 20g de abóbora japonesa;
- folhas de ora-pro-nóbis;
- 14g de linguiça paio fatiada;
- 120ml de molho roti (à base de carne);
- 80ml de caldo de galinha;
- 25g de cebola branca;
- cominho a gosto;
- manteiga a gosto;
- pimenta-do-reino moída a gosto
Modo de fazer
- Comece temperando a coxa e sobrecoxa de galinha d’angola com alho triturado, sal, tomilho, alecrim, louro e pimenta-do-reino a gosto.
- Deixe marinando por pelo menos 2 horas – o ideal é que fique de um dia para o outro.
- Asse o corte em baixa temperatura (140°C) até atingir uma textura macia e reserve.
- Coloque em uma panela já aquecida azeite, alho e cebola picadas, paio fatiado, folhas de ora-pro-nóbis cortadas em pequenos pedaços e a abóbora japonesa em cubinhos.
- Refogue até dourar.
- Acrescente o caldo de galinha, o molho roti e o arroz branco previamente cozido para que termine de cozinhar neste refogado.
- Quando o arroz estiver quase secando, misture duas colheres fartas de manteiga para dar brilho e mais sabor.
- Ao final, emprate a coxa e sobrecoxa da d'angola já assada em cima do arroz caldoso em um prato de sua preferência e finalize com folhas de ora-pro-nóbis frescas.
Serviço
JANEIRO
Albertina Pães (@albertina_paes)
Rua Fernandes Tourinho, 1.010, Lourdes
Capitão Leitão (@capitaoleitaobh)
Rua Curitiba, 2154, Lourdes
FEVEREIRO
Pastus
BH Outlet – BR-356, 7.515, Belvedere
Marú
Rua Fernandes Tourinho, 604, Savassi
MARÇO
Lagar
DiamondMall – Avenida Olegário Maciel, 1.600, Santo Agostinho
*Estagiária sob supervisão da subeditora Celina Aquino