JULIANA VIGNOLI CORDEIRO, desembargadora do TRT 3ª Região (MG) -  (crédito:  Divulgação)

JULIANA VIGNOLI CORDEIRO, desembargadora do TRT 3ª Região (MG)

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Muitos vieram ao mundo para bater palmas; uns tantos outros para serem aplaudidos. No segundo caso, se encaixa como uma luva a biografia da desembargadora do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG), Juliana Vignoli Cordeiro. Ela se encontra à frente do seu tempo. Não por acaso, ostenta no braço direito, em letras cursivas, uma tatuagem com a seguinte frase do fabuloso poeta lusitano, Fernando Pessoa: tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Às segundas-feiras, no Mercado Distrital do Cruzeiro, Juliana Vignoli se esmera nas estridentes variações rítmicas do seu tamborim, tocado na batida afro-samba. A ensurdecedora bateria do bloco "Bora Pro Nobis" se agita em ensaios coreografados para as apresentações no concorrido carnaval de BH, na Avenida Bandeirantes, que arrasta multidões. Ali ela exercita um trabalho social na escola de música durante a convivência com cadeirantes e deficientes.


"Todo mundo tem talento. A questão é o que se permite", explicou a desembargadora, que se lança sem freio aos desafios que a vida lhe proporciona. Seu universo criativo começa dentro de casa, com um ateliê de costura. Foi no ambiente doméstico, principalmente no cerzir delicado de sua avó Emília, que ela descobriu as infinitas possibilidades da agulha, tesoura e tecido em modelagens próprias. "Faço as minhas fantasias, roupas para festas e casamentos", informou. Sua referência materna é determinante em sua personalidade como mulher e profissional. "A criação não está presa a nada, ela se mostra sem limitações", divagou. Seu requinte na confecção de roupas tem por base o período em que cursou alta costura no Instituto Marangoni, em Milão, cidade italiana e meca da moda mundial.


Uma sua outra atividade extracurricular, além da malhação de praxe na academia, para manter a boa forma física e mental, é a escalada indoor em paredões e rochedos, atividade essa junto à natureza, com obstáculos os mais inusitados, de riscos calculados, embora precavida em técnica e segurança. "Não ache que as coisas estão ganhas", alertou, convicta de que a vida também, por analogia, é uma busca incansável por "algo firme". Por isso não se deve desistir facilmente de objetivos anteriormente traçados.


"A gente vive numa realidade muito sóbria e o direito é muito formal. São 36 anos de experiência neste meu trabalho", acrescentou. Para os jovens, um conselho: "São grandes os riscos de fracasso, por conseguinte a necessidade de começar de novo do zero, mas não se deve desistir". Para tanto, completou, é preciso determinação e resiliência. "Gosto do que faço. Aqui também tenho minhas frustrações. Sou magistrada, mas sou cidadã", confessou. "A resolução da justiça é um bem social. Creio na justiça. Me dá alegria fazer parte de um órgão do Judiciário", emendou.


Juliana Vignoli tem dois filhos: Gabriel (29) e Marcela (28). O rapaz atua com ciência de dados; a moça, advogada, enveredou pelo Direito Penal, com ênfase na defesa da mulher em várias frentes, e almeja a Defensoria Pública. "Ser mãe é a missão que mais me realiza, a que mais me dedico. A melhor parte de minha vida. Nada se aproxima deste sentimento", disse emocionada. A sensibilidade para com o universo social é gritante nesta senhora que esbanja vitalidade e bom humor, expresso em largos sorrisos.


"A preocupação com o próximo me levou para a Justiça do Trabalho, cuja característica se prova a mais social", afirmou. Segundo explicou, as normas legais se assemelham a um trilho no tocante ao enquadramento, sem espaço para singulares variantes ou tergiversações. Seu apurado senso de justiça herdou dos pais, como fez questão de frisar.


Juliana Vignoli tomou posse no cargo de procuradora do Ministério Público do Trabalho, em abril de 2001. Anteriormente, foi juíza de direito substituta em MG e servidora do TJMG. Por quatro anos, ocupou a vice-presidência da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT). Em 2016, assumiu a vaga destinada ao MPT em decorrência da aposentadoria da desembargadora Deoclecia Amorelli Dias no TRT da 3a Região. Dentre outras homenagens, foi agraciada com a comenda da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, em 2017.