Uma maior inserção do público feminino na sociedade, em todos os campos, é bandeira desfraldada com galhardia e coragem pela desembargadora do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Áurea Maria Brasil Santos Perez, hoje presidente da 5a Câmara Cível. Ela considera essa uma pauta global, inclusive referendada pela ONU, em cujo cerne se encontra uma luta pela paridade e igualdade de gêneros. "No caminho da justiça e pacificação, nós, mulheres, temos importante papel a desempenhar", declarou.
O seu currículo profissional registra: primeira mulher a exercer o cargo de diretora do foro da capital mineira, em 2002; e a primeira mulher a ser eleita para a 2a vice-presidência da instituição, no biênio 2018-2020. "São 31 anos de magistratura", informou, além de cinco outros como servidora concursada na área de pesquisa em jurisprudência e doutrina naquele poder. "Ao cursar o mestrado, imaginei meu caminho apenas na área acadêmica, mas o trabalho no TJ, especialmente quando passei a atuar na assessoria jurídica, me possibilitou associar teoria à prática na aplicação do direito em busca da equidade na justiça", para emendar: "me apaixonei por este horizonte". O TJMG abriga 312 juízas de primeira instância e apenas 30 desembargadoras entre 150 de seus pares. Uma maior presença feminina na magistratura, segundo ela, é fruto da ampliação do número de mulheres nos cursos de direito, da dedicação e abertura do mercado de trabalho. Com mais mulheres, acrescentou, a justiça se torna plural na realização de múltiplas tarefas e persevera com mais sensibilidade na superação de adversidades.
Ao desafio incansável de dignificar a toga que veste, Áurea Brasil compensa, nas horas vagas, todos os dias, com intensa atividade física. Aos 40 anos, descobriu-se meia maratonista. A corrida é importante para o corpo, mente e espírito, pois requer resiliência, determinação, confiança e disciplina, explicou, a exemplo da vida profissional. No mínimo duas vezes por ano, a desembargadora gasta a sola de seu tênis especial na prática de corridas oficiais. Ela conhece em detalhes cada buraquinho de toda a orla da Lagoa da Pampulha, com seus cerca de 18 quilômetros.
Para manter a boa forma, ainda se dedica à musculação em academia, pilates e bike. Ao lado do marido, o economista Luiz Fernando Barreto Perez, Áurea Brasil já pedalou 350 quilômetros pelo interior de vários países europeus, parando em cidades para descanso e pernoite. Aos sábados, com um grupo de amigas, faz corridas longas como parte de seu treinamento, embora no intuito social da boa convivência e renovação da amizade.
Uma sua outra diversão extracurricular encontra-se nas cordas de um pinho. "Aprendi desde pequena, quando ganhei um violão de meu avô. Meu primeiro professor era seresteiro, depois ampliei o repertório, mas toco apenas no meio familiar", esclareceu. Suas preferências estão nas batidas do pop rock com Rita Lee, Lulu Santos e Gilberto Gil. Sua avó Elisa, que sempre destacava a importância do trabalho e da independência das mulheres, atuando, inclusive, como voluntária em áreas delicadas, como na assistência a pessoas com hanseníase e suas famílias, é uma referência e inspiração em sua vida. À véspera de se tornar avó, ansiosa, aguarda a chegada em dezembro de seu primeiro neto, filho de Igor e sua primogênita Marina (33), advogada trabalhista. Sua filha mais nova, Gabriela (26), enveredou pela medicina nas áreas de ginecologia e obstetrícia.
Áurea Brasil tem uma carreira brilhante no Judiciário. Graduada pela Faculdade de Direito da UFMG, em 1988, pós-graduada no mestrado em Direito Civil, ingressou na magistratura em 1993. Também esteve à frente da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes, no biênio 2018-2020. Sua fina estampa se sobressai na galeria de retratos dos ex-superintendentes da entidade. Atuou nas comarcas de Brumadinho, Sabinópolis, Rio Vermelho, Contagem e Belo Horizonte, além de juíza substituta na corte eleitoral.