EDUCAÇÃO

Como é a universidade federal com turma de 1 aluna só em MG

Isadora Rezende entrou na primeira turma de Inovação, Ciência e Tecnologia e apenas 12 de 90 vagas foram preenchidas. Cinco já abandonaram o curso

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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A Universidade Federal de Lavras (Ufla), que virou assunto por ter uma turma com apenas uma aluna, inaugurou seu novo campus há três anos. A estudante Isadora Rezende compartilhou sua rotina sem colegas de sala no campus de São Sebastião do Paraíso (MG).

COMO É O CAMPUS NOVO?

O campus de São Sebastião do Paraíso fica no sul de Minas, perto da divisa com São Paulo. Cidades grandes como Franca e Ribeirão Preto ficam a cerca de 75 km e 107 km, respectivamente. A cidade de 70 mil habitantes foi escolhida por apresentar características semelhantes às de Lavras, com forte presença da cafeicultura e da pecuária, e por estar em um raio de 150 km sem a presença de um campus de uma universidade federal, segundo a Ufla. O campus tem área de 150 mil metros quadrados.

A unidade abriga o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação (Ictin) e oferece o bacharelado interdisciplinar em Inovação, Ciência e Tecnologia (BICT). Esse curso tem duração de três anos e pode ser emendado com uma formação em engenharia, de mais dois anos. Ou seja, após a conclusão do BICT, o aluno pode optar por continuar os estudos e se formar engenheiro (são três opções de engenharia: software, produção e elétrica). 

O QUE TEM NO CAMPUS DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO

  • Um pavilhão de aulas;
  • Prédios de "incubadoras de empresas". Segundo a Ufla, "esse programa normalmente consiste em dar acesso a espaço físico, cursos, palestras, treinamentos, serviços de orientação gerencial (consultorias, assessorias), rede de contatos empresariais, entre outros benefícios" para os negócios que entram na incubadora.
  •  Laboratórios.
  •  Um campo de futebol.
  •  Uma quadra multiuso.
  •  Prédios das engenharias (elétrica, software e produção).

A faculdade ainda trabalha na conclusão de obras. Estão previstos um anfiteatro, biblioteca e um centro de convivência e inovação. Equipamentos ligados à tecnologia da unidade foram prioridade na hora de montar a estrutura da universidade.

"Durante 2022 e 2023, foram realizados significativos investimentos em infraestrutura de TI, visando a operacionalização iminente de equipamentos de informática, telefonia, redes de comunicação de dados e pontos de acesso sem fio à internet. Este investimento é estratégico, dada a concentração dos cursos em áreas de desenvolvimento tecnológico, empreendedorismo e inovação", disse Neumar Malheiros, vice-diretor do Ictin, ao site da faculdade. 

PROFESSORES E ALUNOS

O campus de São Sebastião do Paraíso tem 29 professores, todos doutores e com dedicação exclusiva ao campus. Em nota, a Ufla destaca que, além das aulas, eles também atuam em "pesquisa, extensão e inovação", o que "amplia o impacto acadêmico e científico do campus".

Atualmente, 124 estudantes estão matriculados no campus de São Sebastião. O campus da universidade oferece 180 vagas por ano, distribuídas em duas entradas semestrais. A universidade reconhece os desafios de atrair mais alunos. Segundo a Ufla, o formato do BICT e a forma como aparece no Sisu "foi um desafio logo no momento inicial da implantação do campus".

"Como os cursos específicos de engenharia não aparecem diretamente como escolha no Sisu, torna-se fundamental uma comunicação mais ampla sobre as possibilidades do modelo interdisciplinar, ainda um modelo em crescimento no Brasil. Além disso, o período pós-pandemia trouxe mudanças no comportamento dos jovens em relação ao ensino superior", disse a Ufla, em nota ao UOL. 

'BASE' É ANTIGA 

Apesar de a "filial" ser nova, a universidade de Lavras tem 116 anos de existência. Ela foi fundada em 1908 por um pastor da Igreja Presbiteriana, o americano Samuel Rhea Gammon, sob o nome de Escola Agrícola de Lavras, sendo federalizada em 1963.

A faculdade é pioneira em projetos envolvendo a agropecuária. Promoveu a Primeira Exposição Nacional do Milho, a Primeira Exposição Agropecuária do Estado de Minas Gerais e introduziu um dos primeiros tratores a arar terras brasileiras. 

POR QUE ALUNA FICOU SOZINHA EM UMA TURMA?

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Isadora Rezende entrou na primeira turma do bacharelado interdisciplinar em Inovação, Ciência e Tecnologia (BICT), e apenas 12 de 90 vagas foram preenchidas, segundo ela. A já pequena lista de alunos continuou a reduzir quando cinco dos 12 deixaram o curso.

Além disso, Isadora e os colegas tiveram de decidir quais seriam suas especialidades dentro da área: engenharia de software, elétrica ou de produção. E apenas ela seguiu para engenharia de produção. Os colegas também atrasaram o cumprimento de disciplinas obrigatórias -e Isadora acabou pegando matérias eletivas ligadas à engenharia de produção. Com isso, ficou sozinha em sala. Ao UOL, ela contou os prós e contras de fazer aulas sem colegas, apenas com o professor em sala.

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