BH usa drones para mapear e eliminar focos do Aedes aegypti -  (crédito: Jair Amaral/EM/D.A.Press)

BH usa drones para mapear e eliminar focos do Aedes aegypti

crédito: Jair Amaral/EM/D.A.Press

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) realizou, na manhã desta terça-feira (26/11), um mapeamento via drone para identificar focos do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya, no bairro Jardim Europa, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte. A tecnologia adotada pelo município busca reduzir os locais com condições favoráveis para a reprodução do mosquito.

 

 

De acordo com o diretor de zoonoses de BH, Eduardo Viana, a utilização do drone ajuda a controlar a intensificação do Aedes aegypti, pois as imagens aéreas via drone possibilita a identificação dos potenciais focos do mosquito.

 

"A partir do tratamento das imagens, que tem um auxílio de inteligência artificial, as equipes de controle de zoonoses recebem pontos de interesses, onde o mosquito pode ser produzido. Os agentes acabam recebendo rapidamente a informação dos imóveis com potenciais focos e atuam de forma direcionada. Assim, a gente otimiza a atividade de eliminação dos possíveis riscos", diz Eduardo.

 

 

Os sobrevoos pelo equipamento aéreo são feitos de forma estratégica, em áreas prioritárias e selecionadas a partir de indicadores como número de casos da doença, quantidade de larvas e ovos do mosquito.

 

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, já foram realizados 111 sobrevoos em 2024, sendo mais de 15 mil imóveis verificados. As situações irregulares passam por análise técnica, em que é classificado o tipo de criadouro para atuação imediata dos Agentes de Combate a Endemias (ACE).

 

O diretor de zoonoses explica, ainda, que quando alguma irregularidade é detectada, os agentes vão até a residência para resolver a situação. Neste caso, os profissionais também passam orientações aos moradores sobre como evitar possíveis criadouros do mosquito. É o caso do aposentado José João dos Santos, conhecido também como JJ, que mora na região há 56 anos.

 

 

"O problema fica nas calhas da casa. A gente não alcança lá em cima e se tiver alguma coisa, o drone vai lá e olha. O pessoal de zoonoses vem e conversa com a gente sobre o que precisa fazer. A gente cuida da nossa parte, a Prefeitura também faz a dela e assim fica tudo bem", conta JJ.

 

O aposentado, que "abriu as portas da casa" para receber o drone, avalia a ação positivamente, pois acredita que a melhor maneira de prevenir as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti é o cuidado com água parada. Ele, que já teve dengue uma vez, acredita que precisa "se cuidar sempre, mas, agora, principalmente".

 

Tecnologia como aliada

 

De acordo com o diretor de zoonoses de BH, a ação realizada em Venda Nova foi programada, pois eles perceberam um aumento da atividade vetorial comparado aos anos anteriores. A partir dessa análise, é necessário agir imediatamente para evitar ainda mais o aumento dos propagadores das arboviroses. O uso da tecnologia é uma grande aliada, pois os drones conseguem visualizar grandes áreas de uma única vez.

 

"Os drones tem a capacidade de atender toda a BH, mas a questão não é só sobrevoar as cidades, mas realizar as ações em casa ponto. Por isso, utilizamos indicadores: para atuar de forma estratégica. BH não é uniforme em termos de risco ambiental, então esses indicadores que dizem onde identificar", explica Eduardo Viana.

 

Há ainda a possibilidade de tratamento com o próprio drone, nos locais de difícil acesso, já que os equipamentos possuem tecnologia para fazer o cálculo do volume de água acumulada e lançar o larvicida, em formato de cápsulas, diretamente no local. A substância utilizada não traz nenhum prejuízo ao meio ambiente e nem à população e só é lançada nas casas onde os moradores autorizam.

 

 

O diretor operacional da empresa responsável pelos drones, Renato Mafra, explica, ainda, que a ação não substitui o trabalho de campo, mas que está é a tecnologia mais eficaz para realizar o trabalho de identificação.

 

"O chamado Matriz 350 é o drone mais avançado hoje para esse trabalho de mapeamento. Com um único par de baterias ele é capaz de cobrir cerca de 80 hectares em um voo de 40 minutos, então é uma capacidade muito grande de cobertura. Ele não substitui o trabalho de campo que deve ser feito, a visita que deve ser feita, mas ele traz informação para o agente bater na porta certa, buscando a coisa certa", diz o diretor operacional.

 

 

Focos do Aedes aegypti na região

 

A Região de Venda Nova é a terceira com maior índice de focos do mosquito da dengue na capital, segundo dados divulgados pela PBH no início deste mês. As informações são do Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti (LIRAa), pesquisa que identifica as áreas com maior concentração do mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika.

 

Os dados colocam a cidade como área de baixo risco para a transmissão dos vírus, conforme critérios do Ministério da Saúde. A edição de 2024 do estudo encontrou larvas do mosquito em 0,6% dos imóveis visitados na cidade – índices abaixo de 1% representam baixo risco, entre 1% e 3,9% significam risco médio, e acima de 4% são considerados risco alto.

 

 

No entanto, a Região de Venda Nova registrou uma concentração de 0,8% de criadouros do Aedes aegypti. O número representa que por apenas dois décimos não foi classificada como uma região de risco médio. O primeiro e segundo lugar são ocupadas pelas Regiões Leste e Pampulha, ambas com 0,9% de concentração.

 

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O LIRAa é realizado anualmente pela Secretaria Municipal de Saúde, com base nos dados coletados por visitas de agentes de saúde a imóveis de todas as nove regionais da capital mineira.

 

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos