O movimentado Km 452, em Sabará, é um dos mais arriscados na Rodovia da Morte -  (crédito:  ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)

O movimentado Km 452, em Sabará, é um dos mais arriscados na Rodovia da Morte

crédito: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS

Ao norte, a Rodovia da Morte, segmento da BR-381 entre Belo Horizonte e João Monlevade por onde passam motoristas com destino aos litorais capixaba e baiano e que é conhecido pela violência do trânsito. Ao sul, a Fernão Dias, trecho da mesma BR entre Contagem a São Paulo e que registra o movimento mais intenso do estado, sobretudo de cargas. A BR-381 é o tema da primeira parte de um guia rodoviário preparado pela reportagem do Estado de Minas para os principais destinos de festas e recesso dos mineiros entre dezembro e janeiro, que será publicado de hoje a terça-feira.

 

 

Chuvas, condições de pavimentos e pontos de grande recorrência de acidentes estão entre os aspectos levantados por meio de dados de ocorrências da Polícia Rodoviária Federal, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e concessionárias para ajudar os motoristas a planejarem viagens mais seguras. Foram consideradas ocorrências dos últimos cinco anos, entre 2019 e 2023, entre os dias 20 de dezembro e 31 de janeiro, compreendendo justamente o recesso.

 

O primeiro segmento analisado da rodovia segue pelo trecho coincidente com a BR-262, o Anel Rodoviário de Belo Horizonte e a Rodovia da Morte, até João Monlevade, por 100 quilômetros, findando no ponto onde a estrada se abre na direção do Espírito Santo, do Vale do Aço e da Bahia. Nesse percurso foram 235 acidentes no período, com 22 mortes e 375 feridos dentro dos 51 dias avaliados em cinco anos.

 

 

O Km 365, em São Gonçalo do Rio Abaixo, é o mais violento segmento de mil metros da Rodovia da Morte, nos meses de dezembro e janeiro, tendo registrado 10 acidentes nos últimos cinco anos. Ao todo, três pessoas morreram e 15 ficaram feridas em ocorrências que envolveram 27 veículos. O trecho é repleto de curvas fechadas e tem poucos pontos de ultrapassagem, abrindo caminho para a imprudência.O município com áreas mais críticas para acidentes é Sabará, na Grande BH. Só nesse trecho houve 59 ocorrências, com nove óbitos e 87 feridos. Os agentes da PRF apontam a alta velocidade como o fator que mais contribuiu para os acidentes. Apesar de menos graves, as colisões traseiras são comuns em trechos muito movimentados como o de Sabará e são o tipo de acidente mais frequente registrado pela PRF.

 

 

Nessa cidade, o Km 439 e o 452 registraram seis acidentes e uma pessoa morta em cada um dos trechos de mil metros, sendo oito feridos no primeiro e sete no segundo. Os acidentes no Km 439 estão muito ligados ao volume de tráfego, sobretudo no retorno das festas e temporadas. A maior parte é uma reta, com forte declive, pista única e de ultrapassagem proibida no sentido BH e terceira faixa no sentido João Monlevade, na subida. Uma referência é o Restaurante e Lanchonete Fumaça, que fica em um posto de abastecimento. Já o Km 452 fica em um dos pontos de maior movimento da rodovia, bem em local urbano entre Sabará e BH, justamente após o Anel Rodoviário da capital mineira e a MG-05 despejarem seu tráfego de viajantes nas pistas duplas. Uma referência é a transportadora D'Granel.

 

O segundo município atravessado pela Rodovia da Morte com mais violência nas estradas durante as férias e as festas é João Monlevade, onde foram registrados 37 acidentes, deixando seis mortos e 94 feridos. A principal causa indicada pelas ocorrências é o ingresso na rodovia sem a devida observância das normas de segurança, enquanto os tombamentos de veículos de cargas e de passageiros são os acidentes que mais ocorrem ali.

 

 

No trecho Belo Horizonte a João Monlevade foram 50 acidentes sob chuva, garoa, chuvisco ou granizo, sendo que cinco pessoas morreram nessas condições e outras 77 pessoas ficaram feridas. A alta velocidade respondeu por 14 (28%) dos fatores que levaram aos acidentes, segundo observado pela PRF, sendo a maior parte dos registros de batidas com colisões frontais ou transversais, somando 16 (32%).


CHUVAS

 

Sabará também é um destaque negativo do ponto de vista das chuvas, figurando como o local onde mais acidentes ocorreram no período. Foram 15 registros, com um morto e 22 feridos. Na sequência, as chuvas estiveram envolvidas em mais acidentes no trecho de São Gonçalo do Rio Abaixo, que foi ainda mais mortal do que Sabará, com quatro pessoas tendo perdido as suas vidas em 15 ocorrências, que deixaram ainda 25 feridos.

 

Seguindo pela BR-381, o próximo trecho atravessa os vales do Aço e do Rio Doce, por mais 205 quilômetros, até Governador Valadares. Longe da Grande BH, o volume de acidentes cai drasticamente, somando 120 registros considerando o dobro de distância percorrida. Nos desastres registrados morreram 13 pessoas e 238 se feriram.

 

 

As curvas fechadas e fortes declives de Nova Era concentram o maior volume de óbitos, com cinco casos em 28 acidentes. Principalmente sob chuva, onde o município tem o maior volume de acidentes do trecho, com 17 ocorrências e quatro óbitos, acima de Bela Vista de Minas, também com as mesmas características sinuosas, onde 17 acidentes mataram duas pessoas.


CONSERVAÇÃO RUIM

 

As piores condições de conservação da BR-381 se encontram no segmento entre Ipatinga e Belo Oriente. Em Ipatinga, dentro da área urbana da cidade, onde a rodovia segue em trecho coincidente com a Avenida Pedro Linhares Gomes, pelo Bairro Veneza. Buracos e asfalto degradados na altura de Santana do Paraíso, referência Posto Castelo e Restaurante Rocinha, no Km 179. Trecho sinuoso e estreito com poucos pontos de ultrapassagem e muitos acessos locais de pequenas comunidades e também de atividades que empregam transporte pesado, todos utilizando a estrada. Segmento sujeito a neblina, e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) recomenda o uso de luz baixa nessas condições. Asfalto também precisa de reparos e apresenta buracos em alguns pontos na altura do Km 237, em Belo Oriente. O segmento, muito movimentado, tem vários acessos a povoados e poucos pontos para ultrapassar.

 

O caminho para a Bahia muda de estrada em Governador Valadares, rumo a Teófilo Otoni, por 130 quilômetros pela BR-116. Trecho de muitos acidentes, chegando a 211 no período, a maioria nas áreas urbanas de Valadares (86) e Teófilo Otoni (84), e um somatório de 15 mortes. Nova troca de rodovia para o sentido Nanuque, se o destino for Porto Seguro. São mais 213 quilômetros pela BR-418, até Posto da Mata, em Nova Viçosa (BA). Um trecho relativamente menos violento, com 18 acidentes registrados e sete mortes.

 

Em Posto da Mata, o motorista toma a BR-101, tendo de atravessar mais 208km por sete municípios. No período analisado, esse trecho registrou 121 acidentes, e o ponto mais crítico fica no município de Itamaraju, onde 21 ocorrências deixaram sete mortos. Em Eunápolis, o caminho final foi de 64km até Porto Seguro, um segmento que apresentou 38 acidentes, 26 deles já no município de destino.

 

 Fernão dias em Betim: com pouco espaço para frenagem devido ao forte fluxo de veículos, trecho registrou 274 acidentes, nos quais seis pessoas perderam a vida

Fernão dias em Betim: com pouco espaço para frenagem devido ao forte fluxo de veículos, trecho registrou 274 acidentes, nos quais seis pessoas perderam a vida

Jair Amaral/EM/D.A Press - 13/11/24

 

 

Nem duplicação doma o risco na movimentada Fernão Dias

 

Mesmo a segurança proporcionada na Rodovia BR-381 (Fernão Dias) entre BH e São Paulo por pistas duplicadas, com acostamentos e muitas dotadas de separação de sentidos não a deixa imune aos riscos. Há trechos sinuosos e íngremes, como a Serra de Igarapé, em Minas Gerais, e a Serra de Mairiporã, em São Paulo, que podem se tornar escorregadios com as chuvas e têm registros de neblina. Tudo isso sob o tráfego mais pesado de Minas Gerais.

 

A via é campeã de acidentes durante o ano, e nesta época também não é diferente. Segundo registros da PRF, só nos 470 quilômetros mineiros entre Contagem e Extrema foram 1.165 acidentes, com 50 mortos e 1.530 feridos. A alta velocidade é responsável pela maioria dos acidentes, sendo as saídas de pista as ocorrências mais comuns. O maior número de acidentes foi em Betim, na Grande BH, num total de 274. Esses acidentes resultaram também no maior número de mortes, seis, e deixaram 323 pessoas feridas.

 

A falta de reação do condutor é a causa mais frequente de acidentes. Um componente que a PRF afirma estar presente em inúmeras situações, mas que no trecho específico pode estar ligado ao fato de o tráfego ser muito volumoso, deixando poucos espaços entre os veículos, além de velocidade incompatível com o tempo hábil para frenagem. O tipo de acidente mais numero é a colisão traseira, o que corrobora a avaliação sobre o efeito do tráfego intenso.

 

 

Um dos grandes obstáculos enfrentados pelos motoristas é a Serra de Igarapé, um contínuo muito íngreme e sinuoso, com tráfego de veículos pesados de transporte de carga, podendo desenvolver altas velocidades e trazendo muitos acidentes ao longo do ano, mesmo com duas faixas de rolamento por sentido, acostamentos, sinalização, radares e separação de vias opostas. Somando o trecho de Brumadinho, Igarapé, Itatiaiuçu e Rio Manso, são 117 acidentes no período, com seis mortes e 130 pessoas feridas.

 

Nos segmentos que atravessam os três municípios da serra, a alta velocidade foi o componente que mais influenciou na causa de acidentes, de acordo com a avaliação dos agentes da PRF. Em Brumadinho, Itatiaiuçu e Rio Manso, a ocorrência mais frequente foi a saída de pista. Já em Igarapé, que recebe tráfego da BR-050, BR-262 e tem entrepostos de carga sobretudo de mineradoras no percurso, os tombamentos de veículos de transportes de cargas lideram o ranking.

 

Sob chuvas foram registrados 402 acidentes, que deixaram 14 mortos e 589 feridos. O município onde a chuva resultou em mais ocorrências foi Betim, com 52 registros, nenhum morto e 72 feridos, sendo a maioria também por ausência de reação do motorista, culminando em mais batidas traseiras. Lavras foi o município onde os acidentes, num total de 24, durante a chuva mais mataram nesta época do ano, levando a quatro óbitos e deixando 33 pessoas feridas.

 

Já em São Paulo, são pouco mais de 100 quilômetros pela BR-381 até o fim da rodovia na capital paulista. No período observado, houve 283 acidentes, com 15 pessoas mortas e 304 feridos. As principais causas de acidentes identificadas foram a falta de atenção dos motoristas e que resultaram em saídas de pista.

 

Tanto em São Paulo, quanto em Minas Gerais, as condições do pavimento são consideradas boas, a não ser em alguns pontos, como na área urbana de Pouso Alegre, nas proximidades do Bairro Cruz Alta. As referências para esse pontos são o Restaurante PA e o Posto Dom Pedro, bem como a unidade da PRF e o SOS Usuário da concessionária. Em Guarulhos e em São Paulo, as vias marginais da rodovia apresentam buracos em alguns segmentos, nas proximidades entre a Vila Galvão e o Jardim Palmira.


FIQUE DE OLHO

 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia

 

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) recomenda fazer revisão regular do automóvel observando alguns aspectos primordiais nesta época do ano. "É fundamental, antes de iniciar a viagem, verificar o estado de conservação dos pneus. Muitas vezes um pneu meia-vida, com o qual você trafega sem grandes dificuldades no período seco, por exemplo, sob a chuva vai trazer problemas, justamente por aumentar os riscos de derrapagens e aquaplanagens, a perda do contato com o solo devido ao grande volume de água", observa o porta-voz da PRF em Minas gerais, inspetor Aristides Amaral Júnior.

 

Outro equipamento fundamental, de acordo com a PRF, são as palhetas do limpador de para-brisas. Itens essenciais para a segurança na direção, mas muitas vezes negligenciados, por serem pouco utilizados. É fundamental lembrar que palhetas ressecadas comprometem a limpeza dos vidros, prejudicando a visibilidade do motorista. Além disso, o uso de aditivos específicos no reservatório do limpador potencializa a remoção de sujeiras, como óleo e pó, garantindo uma visão clara e segura.

 

A chuva reduz a visibilidade nas estradas, e essa situação se agrava ainda mais durante a noite. Por isso, é aconselhável programar suas viagens para o período diurno, quando a visibilidade é melhor. É bom lembrar ainda que as chuvas exigem mais da parte elétrica do veículo, com o uso frequente de faróis, ar-condicionado e ventilação. Essa sobrecarga pode comprometer o sistema elétrico, tornando uma revisão preventiva essencial para evitar problemas.