o reencontro  com o  lar - Vindo dos EUA, Samuel, de 15 anos, festeja o Natal em família com a mãe e professora de balé, Natália, nos braços, e ao lado do pai, Ricardo, da irmã, Raquel, e do caçula, Antônio -  (crédito: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

o reencontro com o lar - Vindo dos EUA, Samuel, de 15 anos, festeja o Natal em família com a mãe e professora de balé, Natália, nos braços, e ao lado do pai, Ricardo, da irmã, Raquel, e do caçula, Antônio

crédito: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS

Uma data especial para encontros, reencontros, abraços, votos de paz, sorte e saúde: Natal inspira harmonia, atrai bons sentimentos, desperta emoção. Nesta ocasião tão especial para a humanidade, independentemente da crença de cada um, muitas famílias mineiras têm motivo de sobra para celebrar.

 


A do estudante Samuel, de 15 anos, por exemplo, comemora sua vinda da Flórida para encontrar pais e irmãos em Contagem, na Grande BH. Residente em São José do Rio Preto (SP), Modestino Eloi Filho, de 80, festeja o clima natalino ao lado da irmã Maria do Carmo, de 94, em Santa Luzia, também na Região Metropolitana de Belo Horizonte, depois de tempos de saudade. Já na capital, Warlen, de 50, em recuperação de um transplante de rins, comemora com a mulher e o filho um recomeço cheio de esperanças.

 


Entrando nas casas, e nas histórias, dessas famílias, desejamos a todos elas, e a vocês, leitores, nossos votos de Feliz Natal! E fé na vida – com boas surpresas, encontros e muitos reencontros, sempre recheados de histórias para contar e relembrar.

 

 

Dos Estados Unidos para Contagem


O sorriso de Samuel Samarino Marçal, de 15 anos, mostra muito mais do que felicidade. Transmite confiança no presente, esperança no futuro, certeza do caminho escolhido. Nos últimos dias, desde que chegou dos Estados Unidos, onde cursa ensino médio e balé, sua grande paixão, o adolescente tem passado a maior parte do tempo na companhia dos pais – Ricardo Marçal, músico, e Natália Samarino, professora de balé e de história –, além da irmã Raquel, de 13, e do caçula Antônio, de 7.


“Estou feliz por estar aqui, pois nunca fiquei tanto tempo fora de casa. Na verdade, nunca passei o Natal longe deles”, diz o garoto, nascido e criado em Contagem, na Grande BH, antecipando a ceia e o almoço com a família toda novamente reunida, “na casa da minha avó, Luiza Samarino”. Ótima oportunidade para confraternizar, contar as novidades e falar da sua nova vida na cidade de Boca Ratón, na Flórida (EUA).

 

 

Até chegar à hora do reencontro, é fundamental contar a trajetória de Samuel, que despertou para o balé ainda bem pequeno, lá pelos 3 anos, apaixonado pelos movimentos da mamãe Natália, proprietária e professora do Centro de Dança Pas de Quatre, no Bairro Glória, em Contagem. Foi ali, impressionado com os “pliês”, “tendus” e “jetés”, que ele vislumbrou o futuro. E decidiu seguir a trilha, mesmo sob olhares de preconceito, os quais tirou de letra para não errar o passo nem perder o compasso. “Vi que queria era isso mesmo”, observa o admirador de Mikhail Baryshnikov e Carlos Acosta, aclamados mestres da dança.


A oportunidade


A grande chance para deslanchar na arte surgiu em janeiro último, quando Samuel acompanhou a mãe no Mostra Dança, curso internacional realizado em São Paulo (SP), onde Natália é professora de história da dança e de balé. Aproveitando a oportunidade, ele fez uma audição e recebeu o convite para um curso de verão em Boca Raton. Deu tão certo que ganhou uma bolsa para estudar no The Harid Conservatory, especializado no método Vaganova (criado pela bailarina russa Agrippina Vaganova – 1879-1951).


“Vou ficar três anos nos Estados Unidos. Tenho colegas do mundo inteiro, já fiz amigos, estou tendo uma ótima experiência”, detalha Samuel. “E quando bate a saudade?”, pergunta o repórter. O jovem sorri, abraça a irmã, Raquel, que também faz dança, e os olhos de Natália brilham mais ainda. O silêncio é quebrado pelo pai, Ricardo, que dá a maior força ao filho. “Ligo para ele todo dia”, revela Natália. Ao lado, Antônio brinca com o irmão, ainda sem saber se seguirá seus passos.

 

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Na hora da foto perto da árvore de Natal, nota-se como Samuel é preocupado com a postura. Com agilidade e força, ele levanta a mãe nos ombros, depois a irmã. Um autêntico “grand finale” desse encontro com uma família movida pela arte.

 

 o reencontro  com as raízes -Modestino Eloi Filho, de 80 anos, comemora a possibilidade de se reunir novamente com a irmã Maria do Carmo, de 94, e reviver lembranças e tradições de família, como o presépio

o reencontro com as raízes -Modestino Eloi Filho, de 80 anos, comemora a possibilidade de se reunir novamente com a irmã Maria do Carmo, de 94, e reviver lembranças e tradições de família, como o presépio

GUSTAVO WERNECK/EM/D.A PRESS


De São Paulo para Santa Luzia


Depois de muitos anos, os irmãos Maria do Carmo de Oliveira, de 94, e Modestino Eloi Filho, de 80, se reencontram para passar o Natal juntos. “Puxa! Há quanto tempo isso não acontecia. Temos muitas histórias para contar e lembrar. Vai ser bom demais encontrar também outros familiares!”, afirma Modestino, desde criança conhecido por Tino.


Morador de São José do Rio Preto (SP), Tino chegou na manhã de segunda-feira a Santa Luzia, na Grande BH, onde mora Maria do Carmo, que todos conhecem por Preta de Modestino Eloi –vale lembrar que, na cidade, o nome dos pais vale mais do que o sobrenome. “Nasci e fui criado aqui. Em 1971, fui para São Paulo, casei, hoje tenho dois filhos e quatro netos”, conta o mineiro, que há cinco anos ficou viúvo. “Muitas lembranças, boas e tristes, surgem no Natal. Mas precisamos celebrar a vida”, acrescenta Preta.


Antes de ir para São Paulo, Tino jogou no Cruzeiro, numa época de ouro do clube. Em 1966, era médio-volante (atual meio-de-campo), reserva do célebre Wilson Piazza. “Mas ele não machucava de jeito nenhum... Aí, eu ficava no banco”, brinca. Hoje aposentado, Tino trabalhou depois como representante comercial de uma empresa médica.


VOZ E VIOLINO


Na casa da Rua Santana, uma das mais antigas da tricentenária Santa Luzia, o presépio ajuda a criar o clima para o reencontro, feito com todas as tradições por Preta e pelo sobrinho Evandro Lara. Ao fundo, há um painel de anjo; do lado esquerdo, um quadro de Jesus Cristo. Uma das fundadoras do Coro Angélico do Santuário Arquidiocesano Santa Luzia, onde cantou durante décadas, e também violinista, Preta, servidora pública aposentada, conta que o Menino Jesus só chega à manjedoura à meia-noite, na passagem do dia 24 para o 25, conforme aprendeu quando criança.


“Quem fazia o presépio era minha irmã, Maria Matilde, a Biruca, já falecida. Depois, fiquei com a responsabilidade”, conta a luziense, ao mostrar uma imagem do Menino Jesus. É o instante perfeito para registrar o encontro dos irmãos, sorridentes, revivendo histórias e saudando a vida com alegria.

 

o reencontro com a  saúde - Após o segundo transplante de rim, Warlen Soares dos Santos celebra a chance de festejar o Natal em casa, ao lado da mulher, Carla Cristina, da sogra, Elizabete, e também do filho Igor

o reencontro com a saúde - Após o segundo transplante de rim, Warlen Soares dos Santos celebra a chance de festejar o Natal em casa, ao lado da mulher, Carla Cristina, da sogra, Elizabete, e também do filho Igor

LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS


Da Santa Casa para a própria casa


Em Belo Horizonte, o grande reencontro de Warlen Soares dos Santos, de 50, é com a saúde. Ao lado da mulher, Carla Cristina Rocha Neves dos Santos, vendedora, e do filho Igor Lucas Rocha dos Santos, de 22, consultor de beleza, o Natal dele chega em tom de celebração da vida. “Não tenho nada a lamentar, só mesmo a agradecer a Deus. Estou junto da minha família, e isso é o mais importante. Nada melhor do que voltar para casa.”


Na semana passada, Warlen, aposentado, teve alta da Santa Casa BH, onde ficou por nove dias, depois de se submeter ao segundo transplante de rim. “Saí do hospital perto do Natal, e isso me deixa muito alegre. Alegre também por ter sido contemplado com um rim. Tudo está nas mãos de Deus... E Deus tem Seu próprio tempo”, considera o morador do Bairro Jardim Vitória, na Região Nordeste de BH.


Em 2017, o aposentado fez o primeiro transplante. No entanto, a cirurgia não produziu o resultado esperado, e ele voltou para a hemodiálise. “Agora vai dar tudo certo. Tenho força de vontade. Comecei a trabalhar aos 15, quando ainda era permitido por lei. Perdi a visão do olho esquerdo, mas jamais perdi a força de vontade. Então, na noite deste Natal, só peço o melhor para mim, minha família e todo o mundo”, destaca Warlen, ao lado de Carla Cristina e da sogra, Elizabete Rocha Neves, verbalizando um desejo capaz de espalhar bênçãos, paz, união, recomeços e reencontros por todos os lares.