A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) indiciou um enfermeiro e uma médica pela morte de Nilton Carlos Araújo, de 69 anos, causada por uma superdosagem do medicamento Bortezomibe. A vítima, que tratava um mieloma múltiplo na clínica Medsênior, de Belo Horizonte, desde março deste ano, recebeu quatro aplicações do remédio em 19 de agosto, totalizando 8,78 mg - quase quatro vezes a dosagem prescrita, de 2,29 mg.
De acordo com a investigação, o enfermeiro responsável pela aplicação do medicamento comunicou o erro à enfermeira-chefe, mas não registrou o incidente no prontuário médico, inviabilizando medidas corretivas pelos médicos plantonistas. A médica responsável pelo tratamento de Nilton foi informada sobre a superdosagem, mas decidiu não adotar providências para reverter o quadro clínico do paciente.
A Polícia Civil concluiu que ambos agiram com dolo eventual, assumindo o risco de causar a morte de Nilton ao não tomarem as ações necessárias. "Após ouvir testemunhas, analisar prontuários médicos, realizar sindicâncias internas e laudos periciais, a PCMG concluiu que os investigados, o enfermeiro e a médica, agiram com dolo eventual. Ambos assumiram o risco de causar a morte ao optar por não agir, mesmo tendo plenas condições de tentar evitar a morte do paciente”, destacou o inquérito.
Relembre o caso
Nilton Carlos Araújo foi diagnosticado com mieloma múltiplo, um câncer que atinge a medula óssea, em dezembro de 2023. A doença provoca descalcificação dos ossos, causando fraturas frequentes. Segundo a filha do paciente, Carolina Araújo, de 29 anos, o diagnóstico veio após ele sofrer uma fratura na coluna. “Até sentado ele podia quebrar algum osso”, explicou na época.
No dia 19 de agosto, Nilton recebeu a superdosagem do Bortezomibe. Carolina percebeu que o enfermeiro preparava quatro ampolas do medicamento, enquanto a prescrição indicava apenas uma por semana. Questionado, o profissional afirmou que estava aplicando a dose corretamente.
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Após a sessão, Nilton começou a passar mal, apresentando vômitos e um mal-estar intenso. Ele foi atendido em duas ocasiões consecutivas, mas seu estado de saúde piorou rapidamente. Quatro dias depois, Nilton faleceu, mesmo após internação e suporte de ventilação mecânica.
Posicionamento
Na época, a Medsênior lamentou o ocorrido e informou o afastamento do enfermeiro até a conclusão da investigação. Confira a nota completa:
"A Medsênior lamenta profundamente o ocorrido e informa que está conduzindo uma investigação detalhada sobre o caso do paciente Nilton Carlos Araújo, com o objetivo de compreender todas as circunstâncias envolvidas e apurar fatos e responsabilidades. O funcionário foi afastado até a elucidação dos fatos.
A empresa manifesta seu imenso pesar e sua solidariedade à família, oferecendo apoio integral aos familiares, e reitera que tem como premissa seguir rigorosamente todos os protocolos estabelecidos para assegurar a integridade e a segurança de seus pacientes."
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