Buscas tiveram de ser interrompidas devido à forte chuva que cai no local -  (crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press)

Buscas tiveram de ser interrompidas devido à forte chuva que cai no local

crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press

A casa que desabou na tarde deste sábado (28/12) no Bairro Paraíso, na Região Leste de Belo Horizonte, matando pelo menos três pessoas, estava sob risco, conforme avaliação da Defesa Civil Municipal. De acordo com o órgão, uma vistoria no imóvel realizada em 2022 constatou a necessidade de intervenções urgentes para prevenir "riscos iminentes de desabamento". Uma vizinha do imóvel disse à reportagem que toda a região em volta corre riscos durante as chuvas.

 

 

"Aqui atrás é uma mina de água. Tem uma nascente de água. É tudo muito alagado. As árvores aqui atrás já estão ocas e já tombando. Dá para ver que é situação de risco. E está muito perigoso. E eu não sei porque a gente acomoda e deixa a coisa acontecer e chegar num ponto desse", detalha a cuidadora de idosos Maria de Fátima Ribeiro Martins, de 54 anos.

 

 

A casa que desabou fica localizada próximo uma encosta onde o Córrego dos Joões se conecta com o Córrego do Navio, um dos maiores da Região Leste e que deságua no Ribeirão Arrudas. A região, inclusive, fica em uma área de risco de inundação, conforme aponta o mapa oficial da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).


Segundo a Defesa Civil de BH, foi realizada uma vistoria em julho de 2022 no local, na qual foi identificados trincas, rachaduras e infiltrações de longa data. No segundo andar, foram encontradas deterioração de tijolos, ferragens expostas e infiltrações na laje. Na ocasião, uma moradora informou a existência de uma antiga cisterna próxima ao imóvel, e que coincidia com as áreas de maior comprometimento estrutural.

 

O órgão ainda afirma foi constatada a necessidade de intervenções técnicas urgentes no imóvel para assegurar a estabilidade das estruturas e prevenir riscos iminentes de desabamento - intervenções estas que são de responsabilidade do proprietário.

 

"Após a vistoria de risco, que foi acompanhada pelo responsável, foi elaborada uma notificação que orienta o mesmo de suas obrigações e responsabilidades, como providenciar um profissional técnico habilitado para promover a mitigação do risco e recuperação do local, incluindo o isolamento das áreas afetadas e o monitoramento constante dos danos garantindo a segurança dos ocupantes", informou a Defesa Civil Municipal.

 

Tragédia

 

O desabamento aconteceu por volta das 12h30. Durante a noite de sexta-feira (28) e o começo da manhã de sábado, Belo Horizonte enfrentou fortes chuvas. Todas as regionais da cidade estão sob alerta de risco geológico até a próxima sexta-feira (3). A região Leste é a única que está sob risco moderado - todas as outras estão sob risco alto.

 

 

"A gente considera esse período de chuvas muito propício para este tipo de desastre. Hoje tinha um risco moderado de movimento de massas na cidade. Então, possivelmente a gente atribui essa queda [da casa] à chuva", explica o tenente Marco Moura, do Corpo de Bombeiros.

 

Segundo a coronel Amanda Cristina Miranda, também do Corpo de Bombeiros, não chovia no momento do desabamento, e a perícia realizada pela Polícia Civil irá investigar o que pode ter motivado a queda do imóvel.

 

"O que a gente já pode apurar de informações preliminares é que no ano de 2022 a Defesa Civil esteve e constatou algumas patologias na edificação que deveriam ser sanadas, e eles foram notificados. Agora, a perícia vai fazer a busca dessas informações, juntamente com os registros e a perícia in loco, para dizer o que realmente poderia ter causado este desabamento", detalha

 

De acordo com a vizinhança, na hora em que a casa desabou foi ouvido um barulho semelhante ao de uma bomba. Com a queda, a residência inteira foi ao chão. "Quando cheguei na varanda vi a casa terminando de cair", conta uma moradora do imóvel ao lado do desabamento.

 

Ocorrido

 

Três moradoras da residência foram encontradas sem vida soterradas pelos escombros. São elas Meury Helena, Tânia Lúcia e Maria de Fátima. Uma quarta moradora, chamada Shirley, estava na porta de casa e conseguiu escapar.

 

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Há possibilidade de haver mais vítimas sob os escombros, já que, conforme relatos de vizinhos, as moradoras recebiam visitas no momento do desabamento. No entanto, os trabalhos de buscas por parte dos bombeiros tiveram de ser interrompidos devido à forte chuva que cai no local.

 

No total, 30 militares do Corpo de Bombeiros estiveram empenhados na busca, além de dois cães farejadores. Seis agentes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) estiveram na ocorrência. A Defesa Civil e a Polícia Militar também foi acionada.