Os visitantes vão poder conhecer dois espaços, chamados de células, com capacidade para cerca de 80 pessoas  -  (crédito: Marcos Vieira /EM/DA. Press.)

Os visitantes vão poder conhecer dois espaços, chamados de células, com capacidade para cerca de 80 pessoas

crédito: Marcos Vieira /EM/DA. Press.

O icônico Edifício Acaiaca, marco arquitetônico no Centro de Belo Horizonte, vai ganhar mais uma atração a partir de 16 de janeiro. O bunker construído durante a Segunda Guerra Mundial no subsolo do prédio vai ser aberto para visitação. O abrigo antiaéreo, composto de uma área anexa e a própria estrutura, com dois espaços chamados de células, recebe os ajustes finais para a inauguração. Ainda não há previsão de abertura para compra de ingressos nem o valor da visita.

 

Da portaria, o visitante vai descer uma escada que dá acesso a essa área. Também é possível chegar ao subsolo por elevador. "Esse elevador, especificamente, vai ter quatro paradas: bunker, portaria, 25° e 26° andares", explica Márcio Crivellari, diretor dos espaços de evento do edifício. Ele diz que haverá um combo, com ingresso para visitar todos esses andares. “Os demais elevadores vão continuar atendendo ao prédio como um todo.”

 


Nos corredores da área do bunker foram feitas intervenções artísticas de cinco artistas diferentes nas paredes. "Apesar de ser um bunker, que remete à guerra, a ideia é usar imagens mais leves, já que ele nunca precisou ser usado. Estamos preparando essas peças para além da pintura, queremos colocar informativos, matérias de jornais da época, fotos, imagens. Era uma época tensa, mas o Brasil não participou diretamente do conflito”, relembra. 

 


Os visitantes vão poder observar ainda rotas de fuga e um túnel que levava para fora da estrutura. O local também será ornamentado com vestimentas da época, segundo Crivellari. Ele diz que o lugar é um patrimônio que merece ser compartilhado com o público. "Não sabemos de bunker abertos para visitação no Brasil. Achamos que é o único. Sabemos que têm outros, mas viraram depósito, garagem. Resolvemos abrir o nosso ao público para visitação." 

 


A ideia, segundo o diretor, é que a visitação não se limite ao bunker. “Há outros espaços que devem receber intervenções artísticas, exibição de filmes. Queremos trazer movimento. Esses espaços podem funcionar como galeria de arte, para exibição de filmes", explica, mostrando um corredor que antigamente era a saída do cinema que funcionava no prédio.


Sensação e surpresas 


Na entrada do bunker, o visitante vai passar por um chuveiro de descontaminação. "A pessoa vai ter a sensação de estar saindo do bunker e ganhar um jato de vapor, simulando a época. Era uma coisa que existia. O piso do local é original, mas uma parte teve de ser reconstituída. O local funcionou como depósito, por exemplo, o que ajudou a danificá-lo.” 

 


Ao todo, são quatro espaços, mas somente dois serão abertos ao público. A expectativa, porém, é que, no futuro, as outras duas células também sejam recuperadas e abertas à visitação. Cada espaço tinha capacidade para abrigar cerca de 80 pessoas. "Durante o passeio, os visitantes vão receber informações de quanto tempo as pessoas poderiam permanecer no bunker, o que poderia ser levado, quais eram as regras do local. Fica aí essa pitadinha de curiosidade”, brincou Crivellari.  


Ele diz que a ideia é transformar o edifício histórico em um parque vertical, com as atrações do mirante, do bunker e do terraço. Outras, como um elevador panorâmico, uma tirolesa, um rapel, uma biblioteca digital, estão previstas, ainda sem data. “Estamos trazendo para o edifício Acaiaca, além da utilização convencional de um prédio comercial, atrações de um parque vertical. Com a abertura do bunker, temos cerca de metade deste projeto. Temos ainda uns 50% para implantar.” 


O síndico do edifício, Antônio Miranda, também fala do que espera da mais nova atração. “Temos uma expectativa grande de fazer com que o Acaiaca venha a ser um ícone do desenvolvimento do hipercentro de Belo Horizonte, como foi um dínamo propulsor na época da sua construção. O Acaiaca ajudou a verticalizar a cidade.”


Miranda diz que o objetivo é devolver para Belo Horizonte um espaço que faz parte da história, mas ainda pouco conhecido. “Poucas pessoas conhecem o bunker e o motivo de ele ter sido criado. Na década de 1940, quando o edifício foi projetado, estávamos em plena Segunda Guerra Mundial, o presidente era o Getúlio Vargas, e havia um decreto. Prédios de uma determinada altura deveriam ter um bunker. O arquiteto da época, Luiz Pinto Coelho, já fez a planta colocando esse bunker.”

 

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Ele lembra, porém, que o edifício em estilo art déco foi inaugurado em 1947, depois que a Segunda Guerra já havia terminado. Por isso, o bunker nunca foi usado.