A Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde de Belo Horizonte vai notificar a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) para prestação de informações sobre o fechamento do bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste da capital. Os procedimentos na unidade foram interrompidos, por tempo indeterminado, a partir dessa quarta-feira (8/1).
Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), uma “Notícia de Fato” com objetivo de apurar a decisão do governo de Minas Gerais será instaurada. A partir do envio do ofício, as informações deverão ser repassadas ao órgão no prazo de 48h.
Como o Estado de Minas já havia noticiado, conforme a Fhemig, responsável pela administração da unidade, a medida foi necessária devido à dificuldade na aquisição de uma peça essencial do arco cirúrgico. Aproximadamente 200 cirurgias mensais foram redirecionadas para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, que já está sobrecarregado com atendimentos de urgência e emergência.
A situação no HMAL tem gerado preocupação entre profissionais de saúde, que realizaram se manifestaram em frente a unidade de saúde nessa quarta-feira. Durante o ato, uma paciente do Sistema Único de Saúde, que recebe atendimento no hospital, declarou: "Eu tenho orgulho de mostrar a cicatriz aqui na minha perna. Aqui, tem profissionais que salvaram minha vida. Lá em cima, a gente é tratado como rainha. Vamos lutar. A gente entra no bloco cirúrgico pedindo a Deus para cuidar da gente. Essas profissionais que estão aqui hoje salvaram minha vida."
Prejuízos
Luciana Silva, que integra a Secretaria de Formação do SindSaúde-MG, afirma que a interdição é parte de uma intenção maior do governo de fechar o hospital completamente. Ela explica sua denúncia pela pausa nos atendimentos dos procedimentos eletivos, que, conforme Silva, não acontecem desde março de 2024.
A representante da entidade ainda destaca o impacto direto nos pacientes uma vez que alguns chegam a viajar mais de 300 quilômetros para ser atendido no hospital. "O governo fez a transferência dos pacientes para as cirurgias eletivas no bloco cirúrgico do Hospital João XXIII, mas os trabalhadores estão denunciando que as cirurgias estão sendo canceladas porque o bloco do João não está suportando a demanda."
A reportagem procurou a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), que informou que o Hospital João XXIII, com oito salas em seu bloco cirúrgico, tem plena capacidade para atender casos de urgência, assim como os pacientes com cirurgias eletivas vindos do HMAL, e afirmou que os usuários serão atendidos normalmente, sem prejuízo algum.
Ainda segundo a Fundação, durante um procedimento no HMAL, foram danificados o intensificador de imagens e outros equipamentos essenciais para a realização de cirurgias. Por isso, o bloco foi fechado para revisão.
"Ressaltamos que o Hospital Maria Amélia Lins realiza somente cirurgias de baixa complexidade, classificadas como eletivas; ou seja, são programadas de acordo com a avaliação clínica do paciente e a capacidade operacional das unidades hospitalares. Em média, são realizadas cerca de 200 cirurgias por mês no HMAL. São procedimentos com curto tempo de internação, entre 24 horas e 48 horas, que estão sendo feitos no João XXIII. Após a cirurgia, o paciente retorna para o HMAL para sua recuperação até o momento da alta. Somente nos últimos dois anos, foram investidos R$ 31 milhões no Complexo Hospitalar de Urgência, do qual os dois hospitais fazem parte, com amplo investimento em equipamentos de ponta para o João XXIII, referência em politraumas, queimaduras e intoxicações.", finaliza a Fundação