O delegado Saulo Castro e o médico-legista Thales Bittencourt -  (crédito: Ivan Drummond/EM/D. A. Press)

O delegado Saulo Castro e o médico-legista Thales Bittencourt

crédito: Ivan Drummond/EM/D. A. Press

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu a identificação de 39 corpos das vítimas que morreram no dia 21 de dezembro do ano passado por causa do acidente envolvendo um ônibus de viagem, uma carreta e um carro na BR-116, próximo a Teófilo Otoni, na Região do Vale do Mucuri. O trabalho árduo provocou o cancelamento de férias e folgas de funcionários do Instituto Médico Legal (IML), em Belo Horizonte.

 

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A conclusão dessa etapa das investigações foi anunciada pelo superintendente do órgão, o médico-legista Thalles Bittencourt, que explicou como foi o processo de identificação, e também a evolução do IML mineiro para esses casos. Já o inquérito sobre a dinâmica do acidente ainda não está concluída e não há previsão para o encerramento do processo.

 

 

“O IML recebeu 41 sacos mortuários que, em princípio, significariam ser de 41 corpos. No entanto, havia registro, pela empresa de ônibus, de que seriam 39 passageiros. E ao abrirmos os 41 sacos, eles se transformaram em 46, isso, porque haviam pedaços de corpos, que foram recolhidos”, diz o dr. Thales.

 


Os exames, segundo ele, foram divididos em três: o primeiro, de papiloscopia, que são exames baseados nas impressões digitais. Com essa técnica, no primeiro dia, foram identificadas 11 vítimas, e no dia seguinte, mais duas, totalizando 13.


A segunda fase foi o de radiografias odontológicas, que dependem da ajuda de parentes. Esse tipo de exame possibilitou a identificação de mais quatro pessoas. “Dependemos, nesse caso, não só de parentes, mas na maioria dos casos dos dentistas dessas vítimas. Era preciso que todos tivessem radiografias guardadas”, diz o dr. Thales.

 

 

Por fim, a terceira e última hipótese, através do exame de DNA, mais complicado, segundo o legista, pois o IML passou a depender, também, da colaboração de institutos de outros estados. “Mas obtivemos ajuda das polícias civis de São Paulo, da Bahia e do Paraná. No total, identificamos os últimos 22 corpos".


Do total de 39 corpos, 37 já foram entregues a parentes. “Dos dois que restam, uma família Já foi comunicada. Estamos, agora, tentando a comunicação com a última das famílias", diz ele.

 

Tragédias e evoluções


O serviço de identificação das 39 vítimas do acidente da BR-116, segundo o médico-legista Thales, mostra o aprimoramento do Instituto Médico Legal (IML) da Polícia Civil de Minas Gerais, e que certamente é hoje, o melhor e mais qualificado do brasil.


Segundo ele, essa evolução aconteceu a partir da tragédia de Brumadinho, passando depois pelo acidente de ônibus na BR-381, em João Monlevade e, agora, com a tragédia da BR-116.


“Brumadinho foi muito complexo, muito sofrido e nos ensinou muito. Foi um grande aprendizado. Experimentamos, de lá para cá, além da qualificação, uma melhora, muito grande em termos de equipamentos. Temos um IML de ponta, com um prédio reformado e modernizado, equipado. Tudo isso acontece em meio a grandes tristeza, mas estamos avançando”, diz o médico-legista Thales.


A evolução, segundo ele, acontece também no caso assistencial, às família de vítimas. “Hoje temos um atendimento de qualidade, principalmente por ser num momento de grande dor. As famílias de vítimas estão acompanhadas por esse setor assistencial, o tempo todo.”


Inquérito


O inquérito que investiga o acidente, no entanto, ainda não tem um prazo definido para ser encerrado, segundo o delegado Saulo Castro, porta-voz da Polícia Civil.


A conclusão, que apontará a dinâmica do acidente e suas causas, ainda depende de uma série de análises e, para isso, a Polícia Civil mineira contará com ajuda da Polícia Civil de São Paulo.


O resultados dos exames e análises técnicas, como de peças dos veículos envolvidos no acidente, como velocímetro e sistema de freios, serão anexados ao depoimento do motorista da carreta, que segundo consta, estava com a carteira de habilitação vencida.

 

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