LITERATURA

Estátua do escritor "A Escrava Isaura" é vandalizada em cidade de Minas

Prefeitura de Conselheiro Lafaiete promete restaurar monumento de Bernardo Guimarães

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Ataque à cultura, agressão à história, desrespeito à população. Recém-inaugurado em Conselheiro Lafaiete, na Região Central de Minas, o monumento em homenagem ao escritor mineiro Bernardo Guimarães (1825-1884), autor do célebre romance “A Escrava Isaura”, é alvo de vandalismo. De acordo com informações da prefeitura local, foi quebrado o dedo indicador direito e escritas algumas palavras, em inglês, no livro que o autor tem aberto na mão esquerda. “Estamos tomando todas as providências para restaurar o bem. Infelizmente, ainda não há câmeras no local”, disse, ontem, o secretário Municipal de Cultura, Alex de Souza Gomes Júnior.

O vandalismo ocorre quando são celebrados o bicentenário de nascimento de Bernardo Guimarães e os 150 anos de publicação de “A Escrava Isaura”, que se tornou grande sucesso mundo afora com a novela de televisão. O secretário disse que as palavras escritas no livro, com um tijolo, já passaram por uma limpeza, a cargo da equipe da prefeitura, mas será necessária a presença dos dois artistas, que ali trabalharam, ambos residentes em outras cidades, para deixar a estátua como anteriormente.

“Já fizemos contato com a empresa que fez a obra, em concreto armado, para os devidos reparos. Teremos o monumento de volta”, garantiu o secretário. Segundo ele, o caso está sob investigação da Polícia Civil e acompanhamento do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). “A Prefeitura de Conselheiro Lafaiete reitera seu compromisso com a preservação do patrimônio público e a garantia da segurança da população. Ressaltamos que qualquer cidadão que presencie ou tenha informações sobre tais atos pode denunciá-los através dos canais oficiais da prefeitura e do MPMG”.

Cultura e arte

Em espaço que reúne “cascata” de livros, fonte do saber e um coração traduzindo o amor pela literatura, a Praça Escritor Bernardo Guimarães, com a escultura do escritor, reverencia a memória de Bernardo Joaquim da Silva Guimarães, nascido em Ouro Preto, também na Região Central. Inaugurado no final do ano passado, pelo poder público municipal, com recursos próprios, o monumento ocupa um antigo depósito de sucata a céu aberto.

Espaço reúne "cascata" de livros, Praça Escritor Bernardo Guimarães reverencia a memória do autor

Espaço reúne "cascata" de livros, Praça Escritor Bernardo Guimarães reverencia a memória do autor

EDUARDO SACRAMENTO/DIVULGAÇÃO

O projeto da Praça Escritor Bernardo Guimarães foi entregue ao artista visual Jorge Fonseca, residente em Ouro Preto. “Recebi o convite como uma missão muito forte. Espero que este espaço atraia muitos estudantes e sirva para estimular a leitura, valorizar a história e fortalecer a educação”, afirmou, em entrevista ao Estado de Minas, o artista, que trabalhou durante seis meses para concluir a obra.

O conjunto abriga o busto de corpo inteiro (em escala real do autor), resultado do trabalho do escultor Felipe Rodrigues, de Piranga, na Zona da Mata, e três monumentos concebidos por Jorge Fonseca, criador do Fiotim (Museu em Movimento). Na parte superior, a escultura “A Fonte dos Saberes” evoca o formato de uma nascente, de uma onda de livros em constante movimento, em evolução. Na central, o busto de Guimarães, sentado sobre um pedestal de livros e com um aberto nas mãos, pronto para compartilhar suas ideias com os visitantes, emoldurado pela escultura “O Escritor em seu Mundo”. Aí está uma estante que parece lançar livros em uma cascata, numa símbolo de conhecimento.

A terceira escultura, “O Sábio Encontro”, tem a forma de um coração composto por livros, que se estende em dois bancos, convidando o visitante a interagir com o espaço.

Vida e obra

Patrono da cadeira nº 5 da Academia Brasileira de Letras, da nº 21 do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e da nº 15 da Academia Mineira de Letras, Bernardo Guimarães nasceu em Ouro Preto, em 15 de agosto de 1825, e morreu na mesma cidade, em 10 de março de 1884.Aos 17 anos, em Conselheiro Lafaiete, participou de combates na Revolução Liberal de 1842. Formou-se na Faculdade de Direito de São Paulo (1847), cidade onde se tornou amigo dos poetas Álvares de Azevedo (1831-1852) e Aureliano Lessa (1828-1861). Os três e outros estudantes fundaram a Sociedade Epicuréia.

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O livro mais conhecido do escritor é “A Escrava Isaura”publicado pela primeira vez em 1875 pela editora do livreiro J. B Garnier. Narra as agruras de uma jovem que vivia em uma fazenda do Vale do Paraíba (RJ). O romance se tornou uma novela de sucesso internacional, em 1976 e em 1977, e depois em 2004. Conforme pesquisa do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Bernardo Guimarães foi ainda juiz municipal e de órfãos de Catalão, Goiás. Exerceu o cargo até 1854. Em 1858, mudou-se para o Rio de Janeiro. Oito anos mais tarde, foi nomeado professor de retórica e poética do Liceu Mineiro, de Ouro Preto.

Entre 1873 e 1879, Bernardo Guimarães lecionou línguas clássicas no antigo liceu de Conselheiro Lafaiete. Nesse período, publicou, além de “A Escrava Isaura” (1874), as obras “Novas Poesias” (1875), “Maurício ou os Paulistas em São João del-Rei” (1876) e “A Ilha Maldita e o Pão de Ouro” (1878).

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