A Associação de Apartamentos Turísticos de Barcelona  (Apartur) informou, nesta terça-feira (17), que reivindicou mais de 4,2 bilhões de euros (R$ 27 bilhões) em compensações pelo decreto que a Prefeitura desta cidade espanhola muito visitada editou para eliminar estes alojamentos até 2029. 

Estas reivindicações de responsabilidade patrimonial, apresentadas no momento ao governo regional catalão, correspondem a 7.200 apartamentos na cidade de Barcelona e outras comarcas próximas, informou, em nota, a Apartur. 

A administração tem agora seis meses para responder. Caso não o faça, esta organização que reúne empresas administradoras, proprietários e particulares, vai recorrer à justiça. 

"A Apartur considera a medida uma expropriação encoberta e canalizou grande parte destas reclamações, que levam em conta os gastos e investimentos efetuados pelos proprietários de apartamentos turísticos nos últimos cinco anos, assim como o retorno que seria obtido com a continuação da atividade", explicaram na nota.

Diante das dificuldades crescentes dos moradores de Barcelona para encontrar moradias acessíveis, o socialista Jaume Collboni anunciou, em junho, a intenção de extinguir as licenças dos cerca de 10.000 apartamentos turísticos existentes na cidade até o fim de 2028.

Para consegui-lo, ele pretende recorrer a um decreto aprovado no ano passado pelo Parlamento regional da Catalunha, da qual Barcelona é a capital, que regula a quantidade de moradias com licenças de uso turístico nos municípios com maior pressão habitacional. 

Com base nele, a Prefeitura pretende não renovar nem conceder mais nenhuma licença quando todas as existentes expirarem, em novembro de 2028. O anúncio provocou indignação nos proprietários de apartamentos turísticos, segundo os quais este tipo de moradia representa apenas 1% do total do parque habitacional da cidade.

"Os apartamentos turísticos regulados não são a causa do problema da moradia, nem sua eliminação garante que passem a se tornar moradias residenciais", afirmou o presidente da Apartur, Enrique Alcántara, citado no comunicado.

Barcelona, onde o preço dos aluguéis subiu 68% na última década, já levava anos sem expedir licenças para este tipo de alojamento.

Com cerca de 170.000 visitantes por dia, em média, segundo estimativas municipais, o turismo representa aproximadamente 14% do PIB de Barcelona, mas também se situou como o terceiro problema que mais inquieta seu 1,6 milhão de habitantes, segundo os últimos indicadores municipais.

Nos últimos meses, voltaram a aparecer pela cidade pichações com a frase "Tourists go home" (Turistas, voltem para casa) e protestos contra a massificação ou os altos preços da habitação, assim como em outros pontos da Espanha, o segundo destino turístico mundial, depois da França, e que no ano passado recebeu 85,1 milhões de turistas estrangeiros.

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