Donald Trump afirmou que a ex-congressista republicana Liz Cheney, uma de suas mais ferrenhas oponentes, pode ter "sérios problemas" após a publicação de um relatório que a acusa de manipular uma testemunha, em um exemplo das ameaças do presidente eleito contra seus rivais.

"Liz Cheney pode estar em sérios problemas, de acordo com as evidências obtidas pelo subcomitê [do Congresso], que afirma que 'provavelmente Liz Cheney violou várias leis federais e que essas violações deveriam ser investigadas pelo FBI'", publicou Trump na madrugada desta quarta-feira (18) em sua rede, a Truth Social.

Liz Cheney, filha do ex-vice-presidente Dick Cheney, participou da investigação do Congresso dos Estados Unidos sobre o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 por uma multidão de apoiadores de Trump que queria impedir a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições.

A comissão concluiu que Trump "supervisionou e coordenou um plano sofisticado" para "reverter a eleição presidencial e evitar a transferência de poder".

Quando os republicanos recuperaram a maioria na câmara baixa do Congresso em 2022, alguns legisladores trumpistas criaram um subcomitê encarregado de investigar "as falhas e a politização da comissão de 6 de janeiro".

O relatório publicado na terça-feira por esse subcomitê acusa a ex-congressista de conspirar com um ex-funcionário da administração Trump que testemunhou contra o republicano.

Cheney classificou as acusações como um "ataque covarde e malicioso à verdade" que "nenhum advogado, legislador ou juiz respeitável" as levaria a sério.

A republicana chegou a ser considerada uma estrela emergente do partido na Câmara dos Representantes, mas caiu em desgraça por suas críticas à recusa de Trump em reconhecer sua derrota nas eleições de 2020.

Em novembro passado, Cheney apoiou a candidata democrata Kamala Harris.

Durante a campanha, chamou Trump de ditador "vingativo e cruel", depois de ele sugerir que a ex-congressista seria menos "falcão de guerra" se estivesse de frente para um pelotão de fuzilamento.

A nova investida de Trump é mais um exemplo de seu desejo declarado de tomar medidas contra aqueles que considera seus inimigos políticos quando retornar à Casa Branca, em 20 de janeiro.

Na segunda-feira, o magnata processou um jornal e uma empresa de pesquisa de Iowa que haviam o apontado como perdedor antes das eleições presidenciais naquele estado, gerando temores de uma guerra aberta contra a mídia.

Além disso, Trump nomeou como diretor do FBI Kash Patel, um aliado fiel que afirmou em 2023 que, como chefe da instituição, as agências policiais "perseguiriam" jornalistas, assim como certos funcionários da administração Biden.  

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