O Exército de Israel afirmou, nesta sexta-feira (20), que só ataca “alvos militares” em Gaza, em resposta a uma investigação publicada pelo jornal israelense Haaretz, que o acusa de atirar indiscriminadamente em civis em uma área disputada do território palestino.

Na reportagem publicada na quinta-feira, o jornal de esquerda, que é muito crítico ao governo de Benjamin Netanyahu, cita os depoimentos anônimos de vários soldados mobilizados no corredor de Netzarim.

A zona desmilitarizada de sete quilômetros, estabelecida pelo Exército israelense, separa o norte da Faixa de Gaza do restante do território entre Israel e o Mar Mediterrâneo.

“As ordens eram claras: quem atravessasse a ponte para entrar no corredor levaria um tiro na cabeça”, diz um soldado citado pelo Haaretz.

Outro soldado fala do anúncio feito pelos superiores de que 200 combatentes do grupo islamista palestino Hamas haviam sido mortos, quando na verdade "apenas 10" foram mortos, segundo ele.

Em uma resposta à publicação, o Exército israelense garantiu à AFP em um comunicado que “só ataca alvos militares e atua com precisão”.

“Inúmeras medidas são tomadas antes da realização dos bombardeios para limitar o risco de vítimas civis”, acrescentou.

O Exército também rejeita os relatos de que os oficiais em campo têm muita liberdade para tomar decisões.

“Todas as operações na Faixa de Gaza, inclusive no Corredor Netzarim, seguem procedimentos de combate e ordens aprovadas no mais alto nível da hierarquia”, disse. 

O Hamas, cujo ataque letal em solo israelense em 7 de outubro de 2023 desencadeou a guerra em Gaza, também reagiu à investigação do Haaretz.

De acordo com o movimento palestino, os testemunhos dos soldados constituem “mais evidências de crimes de guerra e operações de limpeza étnica realizadas de forma estruturada”.

O Hamas pede que a ONU e a Corte Internacional de Justiça (CIJ) “investiguem os depoimentos e adotem as medidas necessárias para acabar com o genocídio em curso na Faixa de Gaza”.

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