A Justiça argentina pediu às autoridades venezuelanas que informem o paradeiro de Nahuel Gallo, que foi detido após entrar na Venezuela vindo da Colômbia há duas semanas, em uma decisão divulgada nesta segunda-feira (23), na qual acusa o suposto “desaparecimento forçado” do militar.

O tribunal federal da província argentina de Mendoza, no oeste do país, ordenou “instar a República Bolivariana da Venezuela, por meio das autoridades correspondentes, a informar imediatamente o paradeiro do Sr. Nahuel Agustín Gallo (...), as razões de sua detenção e a autoridade judicial competente onde ele está detido”.

Além disso, resolveu “instar as autoridades judiciais venezuelanas” a apresentar Gallo às autoridades designadas pelo Ministério das Relações Exteriores da Argentina e solicitou que ele fosse contatado por seus familiares.

A sentença, datada de domingo e à qual a AFP teve acesso, afirma em suas considerações: “Dado o suposto cometimento do crime de desaparecimento forçado de pessoas pelas autoridades de outro Estado, entendemos que no presente caso a possibilidade de permitir o uso do princípio da jurisdição universal por este tribunal é devidamente justificada”.

O princípio da “jurisdição universal” permite que os países processem crimes contra a humanidade independentemente de onde tenham sido cometidos e da nacionalidade dos autores ou de suas vítimas.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Argentina, Nahuel Gallo, um cabo de 33 anos da Gendarmaria Nacional Argentina (GNA), foi preso em 8 de dezembro na Venezuela depois de entrar na Colômbia para visitar sua companheira e seu filho, que completará dois anos em janeiro.

O ministro venezuelano do Interior, Diosdado Cabello, por sua vez, disse que Gallo foi à Venezuela para “cumprir uma missão” e o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Yvan Gil, garantiu que o gendarme “queria se infiltrar” no país e que “ele está sendo processado com total respeito ao estado de direito”.

A prisão do policial estremeceu ainda mais as relações entre a Argentina e a Venezuela.

Caracas rompeu relações com a Argentina de Javier Milei depois que ele não reconheceu a reeleição do presidente Nicolás Maduro em 28 de julho.

Desde então, a embaixada argentina em Caracas tem sido custodiada pelo Brasil. Em março, seis colaboradores da líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, acusada de “terrorismo”, refugiaram-se na embaixada. Cinco deles permanecem atualmente no prédio.

De acordo com a ONG venezuelana Foro Penal, 19 estrangeiros e 31 pessoas com dupla nacionalidade são considerados “presos políticos” na Venezuela.

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