O Exército israelense anunciou que lançou nesta sexta-feira (27) uma operação contra combatentes do Hamas próximo a um dos últimos hospitais em funcionamento no norte da Faixa de Gaza, devastada por mais de um ano de guerra entre Israel e o movimento palestino.

Por sua vez, o Hamas acusou os soldados israelenses de terem invadido o estabelecimento.

A operação perto do hospital Kamal Adwan, em Beit Lahia, ocorre um dia após o diretor desse hospital, Hossam Abu Safiya, anunciar a morte de cinco membros de sua equipe em um ataque israelense.

O Exército israelense, questionado pela AFP, não comentou sobre esse ataque.

O hospital tornou-se "um reduto das organizações terroristas e continua sendo usado como esconderijo para os terroristas", afirmou o exército em comunicado nesta sexta-feira.

As forças israelenses realizaram uma operação perto do hospital, com base em informações dos serviços de inteligência, segundo o exército.

"As tropas estão realizando operações seletivas" e tentando evitar danos a civis, pacientes e profissionais de saúde, acrescentou.

Israel intensificou sua ofensiva terrestre e aérea no norte da Faixa de Gaza desde 6 de outubro para impedir, segundo o exército, que os combatentes do Hamas se reorganizem.

Antes de iniciar a operação perto do hospital, o exército declarou que suas tropas haviam "facilitado a evacuação de civis, pacientes e profissionais de saúde".

No entanto, o Hamas afirmou em comunicado que "o exército de ocupação invadiu o hospital Kamal Adwan, forçando a evacuação dos profissionais médicos, pacientes, feridos e pessoas deslocadas".

Acusou ainda as forças israelenses de "prender os evacuados".

O movimento palestino "negou categoricamente", em comunicado divulgado nesta sexta-feira, qualquer atividade ou "presença de combatentes da resistência no hospital" Kamal Adwan.

"As mentiras do inimigo sobre o hospital visam justificar o crime abominável cometido hoje pelo exército de ocupação, que evacuou e incendiou todos os serviços do hospital no contexto de um plano de extermínio e deslocamento forçado", indicou o comunicado, pedindo uma comissão de investigação da ONU.

- "Serviços de cirurgia incendiados" -

"O Hamas responsabiliza totalmente a ocupação pela vida dos pacientes, feridos e profissionais médicos, que foram presos e levados para um local desconhecido", acrescentou o movimento.

O Exército israelense costuma acusar o Hamas de usar hospitais como centros de comando para lançar ataques contra suas forças, acusações que o grupo islamista nega.

O Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas afirmou, citando o diretor do hospital, que o Exército israelense "incendiou todos os serviços de cirurgia" do centro.

Também "evacuou toda a equipe médica e as pessoas deslocadas", acrescentou o diretor do hospital, Abu Safiya.

O centro abrigava na manhã desta sexta-feira cerca de 350 pessoas, incluindo 75 feridos e doentes, bem como 180 membros da equipe de saúde, segundo a mesma fonte.

O hospital foi evacuado, e centenas de pessoas que vivem próximas foram "forçadas a se refugiar na escola Al Fajura e no hospital Indonésio" em Jabaliya, relataram testemunhas.

Abu Safiya acusou na segunda-feira as forças israelenses de terem atacado o hospital "com a intenção de matar e deslocar à força as pessoas que estavam dentro".

A Organização Mundial da Saúde classificou as condições do hospital como "horríveis" e declarou que o centro operava em níveis "mínimos".

A guerra em Gaza foi desencadeada em 7 de outubro de 2023, quando militantes islamistas mataram mais de 1.200 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, e sequestraram 251, segundo um balanço baseado em números oficiais israelenses.

A campanha militar lançada como represália por Israel já causou até agora 45.436 mortes em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.

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