Dezenas de milhares de pessoas se reuniram nesta quinta-feira (9) em Viena para "dizer não a um chanceler de extrema direita", enquanto o líder do Partido da Liberdade (FPÖ), Herbert Kickl, negocia com os conservadores para formar governo na Áustria.

"Tenho medo por nosso país, tenho medo pela Europa e, de fato, pelo mundo inteiro, porque autocratas malucos estão chegando ao poder e as pessoas votam neles sem se dar conta de que estão cavando a própria cova", afirmou Elisabeth Helminger, uma manifestante de 59 anos, que chegou em cadeira de rodas a uma praça lotada no centro da capital austríaca.

O caminho se abriu repentinamente no início desta semana para o FPÖ, após o fracasso das discussões iniciadas em outubro pelos outros partidos para tentar bloqueá-lo. A legenda de extrema direita ficou em primeiro lugar nas eleições legislativas realizadas no final de setembro.

O presidente da Áustria, o ecologista Alexander Van der Bellen, encarregou Kickl a formar um governo em maioria com os conservadores. As discussões começaram nesta quinta.

"Não queremos um chanceler [chefe de governo] de extrema direita e por isso estamos aqui hoje", disse à AFP Alexander Pollack, porta-voz da ONG antirracista SOS Mitmensch, que considera um eventual governo de Kickl "uma ameaça para os direitos humanos e a democracia".

Entre a multidão -- 50 mil segundo os organizadores e metade segundo as autoridades --, alguns dizem temer uma guinada "em direção à vizinha Hungria", do primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orban.

"É quase, entre aspas, uma ditadura. Certamente, Orban é o escolhido nas urnas, mas, graças à lavagem cerebral, é inatingível e é isso que [Kickl] quer. É muito perigoso", alertou Peter Mayer, de 51 anos, funcionário de um escritório de arquitetura.

Fundado na década de 1950 por ex-nazistas, o FPÖ já esteve no poder como sócio minoritário, mas nunca ocupou a chefia de governo na história contemporânea da Áustria.

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