As ilhas Canárias sentem o "abandono" e a "falta de solidariedade" por parte do governo espanhol e das regiões do país, muitas delas governadas pela direita, face à chegada em massa de imigrantes irregulares, afirmou o seu presidente, Fernando Clavijo, nesta segunda-feira (13).
"O problema da imigração não vai ser resolvido na raiz. Este é um drama humanitário inerente à humanidade, e o que precisamos é que ele seja gerenciado de forma racional e com respeito aos direitos humanos", afirmou Clavijo em uma entrevista ao jornal El Mundo.
As Ilhas Canárias são a principal porta de entrada de imigrantes na Espanha, apesar do perigo extremo da rota marítima a partir da costa noroeste da África.
Em 2024, 46.843 migrantes chegaram ao arquipélago atlântico, um número que excede em muito o recorde de 2023 (39.910).
"Temos um sentimento de abandono e solidão", lamentou o presidente das Ilhas Canárias, uma região sobrecarregada pela magnitude das chegadas nos últimos meses, sobretudo em termos de atendimento a menores desacompanhados, que precisa acomodar em instalações de acolhimento superlotadas.
"É a primeira vez na democracia que um território em uma situação de emergência está sendo submetido à falta de solidariedade do governo da Espanha, que não assume suas obrigações, mas também das comunidades autônomas (regiões)", declarou.
Na Espanha, o atendimento aos imigrantes adultos é de responsabilidade do governo central, mas os cuidados aos menores desacompanhados fica sob tutela das regiões autônomas.
Há meses, o governo do socialista Pedro Sánchez e a oposição de direita, que comanda um grande número de regiões, não conseguem chegar a um acordo para enviar os menores que chegam às Canárias por todo o país.
Para contornar o bloqueio da oposição e aliviar as infraestruturas saturadas das Ilhas Canárias, o governo está estudando uma medida específica para distribuir cerca de 5.000 menores, mas ela ainda não foi aprovada.
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