O Brasil passa por um momento desafiador com a crescente ascensão dos "nem-nem", jovens que não estudam nem trabalham. Segundo dados do IBGE, aproximadamente um em cada cinco jovens brasileiros, com idades entre 15 e 29 anos, se encontram nessa situação, totalizando quase 11 milhões de pessoas. Esse quadro se torna ainda mais preocupante entre os jovens de 18 a 24 anos, faixa em que a porcentagem de "nem-nem" chega a 24,4%. Os dados são de 2022 e especialistas acreditam que esses números são ainda maiores dois anos depois.
Uma das principais consequências dessa tendência é a escassez de mão de obra qualificada no Brasil. Fatores como abandono escolar, baixo rendimento acadêmico e ausência de competências básicas contribuem de maneira significativa para esse problema. Além disso, aspectos econômicos e sociais, como a realidade familiar e a condição de pobreza, exercem um papel crucial na perpetuação do fenômeno "nem-nem".
Fato é que jovens que não estudam e não trabalham têm menos oportunidades de adquirir habilidades e experiência, tornando-se menos atrativos para os empregadores. É uma reação em cadeia. Menos jovens trabalhando, um ciclo maior de desigualdade social e dificuldades econômicas, o que tende a comprometer o potencial humano do país.
A começar pelo setor de tecnologia da informação – uma das áreas que mais crescerão nas próximas décadas no Brasil –, o rombo entre a demanda e a oferta será assustador. Um estudo da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) mostra que até 2025 a expectativa é a criação de quase 800 mil novos postos, mas o Brasil forma pouco mais de 53 mil profissionais de tecnologia por ano – o que deve abrir um déficit de 532 mil pessoas para trabalhar na área.
Para as empresas brasileiras, a escassez de mão de obra qualificada representa um desafio significativo na contratação e retenção de talentos. Conforme o relatório anual The Future of Jobs, divulgado em 2023, entre os 673 milhões de postos de trabalho analisados pela pesquisa, a estimativa é de que 83 milhões sejam eliminados, enquanto outros 69 milhões devem ser criados. Para lidar com essa realidade, é urgente a necessidade de uma resposta estratégica por parte das empresas e das instituições de ensino, no sentido de investir no trabalho e na educação tecnológica.
Além disso, com a ampliação de inúmeras possibilidades proporcionadas pela inteligência artificial (IA) e pela robótica, sua implementação será uma faca de dois gumes: de um lado, o aumento de produtividade e redução de custos de produção; de outro, a possível demissão em massa com a substituição de pessoas por máquinas.
Dados do relatório da Resume Builder revelam que 37% das empresas que usam a IA afirmam que a tecnologia substituiu trabalhadores em 2023. A mesma pesquisa aponta que 44% dessas empresas acreditam que a IA levará a demissões em 2024. Resta saber como a geração “nem-nem” vai se comportar diante desse cenário nos próximos meses.