O trinado alegre de um passarinho. No início dos anos 2000, esse foi o conceito imaginado por jovens entusiastas da internet que queriam criar um espaço virtual onde as pessoas poderiam “atualizar seus status”. Essa atualização daria a sensação de um sobressalto, um twitch, em inglês. Folhearam um dicionário em busca de uma palavra que começasse com “tw” e encontraram o termo mágico: twitter.
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Estava lançada a pedra fundamental de uma rede que, bem usada, seria útil em diversos aspectos, mas que calou e entristeceu o passarinho ao se tornar uma plataforma para disseminação de ódio, desinformação e preconceito. A história é detalhadamente contada pelos repórteres Ryan Mac e Kate Conger, do New York Times, no livro “Limite de caracteres: como Elon Musk destruiu o Twitter”, lançado no Brasil pela editora Todavia.
Kate Conger vive em San Francisco, onde é repórter de tecnologia e escreve sobre temas como o mundo clandestino dos hackers e o uso de inteligência artificial em armas autônomas. Ryan Mac trabalha em Los Angeles e passou mais de uma década cobrindo os poderosos do Vale do Silício quando ainda era funcionário da Forbes e do BuzzFeed News.
Juntos, escreveram o livro que faz um panorama daquele que foi um dos sites com maior tráfego e influência do mundo, o Twitter, desde sua fundação até ser vendido pela quantia surreal de US$ 44 bilhões ao polêmico e bravateiro Elon Musk, quando a plataforma foi rebatizada de X, a mesma letra que serve de apelido a X Æ a-XII, um dos 12 filhos de Musk.
O livro expõe a personalidade caótica e traços do comportamento por vezes estapafúrdio do homem mais rico do mundo, que será chefe do Departamento de Eficiência Governamental de Donald Trump. Amigos, conhecidos, advogados, funcionários e ex-funcionários que foram entrevistados por Kate Conger e Ryan Mac se referem a Musk como uma pessoa incendiária que tem “a delicadeza de uma retroescavadeira”.
Individualmente, pode ser charmoso e bom ouvinte, mas em grupo costuma perder o controle do próprio ego e não gosta de parecer inferior. O também dono da Tesla, SpaceX e Neuralink não quis dar sua versão para o livro, mas já declarou ter sido diagnosticado com Síndrome de Asperger, que faz parte do espectro autista, o que poderia explicar algo sobre sua dificuldade de socialização.
Conforme a apuração dos repórteres do New York Times, Elon teria começado a usar LSD e ecstasy em festas enquanto passava por uma fase emocionalmente instável. Tornou-se “maníaco” pelo Twitter, onde navegava até tarde da noite enquanto tomava Zolpidem. No fim de 2021, ele chegou a publicar 250 tuítes por mês e considerava a rede social uma praça pública onde todos poderiam expressar livremente suas opiniões.
Preocupado em manter as fábricas da Tesla abertas, posicionou-se contra os lockdowns durante a pandemia de COVID-19 e, definitivamente, deu uma guinada à extrema direita. Criticado, passou a odiar jornalistas e a desdenhar de movimentos por justiça social, como no caso George Floyd. Engatou mais uma marcha e encarou como inimigos aqueles que pediam por diversidade, equidade e inclusão.
Elon Musk se forjou como um azarão. Primeiro filho de uma família originária da África do Sul, chegou aos Estados Unidos via Canadá e se formou em física e economia pela Universidade da Pensilvânia. Em 1995, fundou, com o irmão mais novo, a Zip2, empresa que mapeava cidades e oferecia soluções de dados online. Depois de quatro anos de muito trabalho, dormindo no escritório e vivendo de hambúrguer, vendeu a marca por incríveis us$ 305 milhões.
Tornou-se, ali, um dos principais surfistas das ondas iniciais da internet. Muitos anos depois, já consolidado como empresário de sucesso, viu no Twitter a chance de controlar uma narrativa só dele. Indignado com críticas da imprensa aos carros produzidos pela Tesla, passou a usar a plataforma a seu favor, ignorando qualquer contraditório, e alimentando fãs famintos por lacração.
Os repórteres mostram que nessa fase o Twitter era “assolado internamente por dilemas sociais, tecnológicos e políticos” e que os líderes da plataforma chegaram a fazer inimigos entre ativistas, celebridades e seus próprios colaboradores. Enquanto isso, cada vez mais os “tuiteiros” sentiam raiva, enjoo e frustração, mas mesmo assim ficavam ansiosos para saber quais seriam as novidades daquele ambiente tóxico: o próximo meme, vídeo viral ou polêmica.
Elon Musk, que já participava ativamente do chamado “hellsite”, onde disseminava desinformação e conteúdo transfóbico, passou a se posicionar contra “uma suposta influência esquerdista” nas tomadas de decisões do Twitter sobre moderação de conteúdo. Incomodava-se e prometia acabar com bots e spams que, segundo ele, geriam contas falsas no site.
O caminho que levou Musk a comprar o Twitter, um dos maiores acordos financeiros de todos os tempos, foi tortuoso e cheio de percalços. Entre idas e vindas, a negociação se arrastou por longos meses até que o bilionário colocasse a tinta no papel. O livro nos mostra que, ouvindo conselhos e sugestões de pouquíssimas pessoas, o empresário instaurou uma espécie de regime absolutista em que o corte de gastos foi a regra.
Apesar de demitir milhares de funcionários, sua administração errática criou imensa dívida, o que contribuiu para afastar marcas, anunciantes e internautas. Elon Musk, que se notabilizou por ser um troll, compartilhando memes e jogando brinquedos para fora do berço quando contrariado, agora se vê diante de uma questão séria e parece não saber onde colocar o X. Leia, a seguir, a entrevista ao Pensar de um dos autores do livro, o jornalista Ryan Mac.
Entrevista com Ryan Mac
Jornalista e um dos autores de “Limite de caracteres”
Quando e por que vocês decidiram escrever um livro sobre a história do Twitter e o impacto provocado pela aquisição da rede social por Elon Musk?
Kate e eu trabalhamos no The New York Times. Ela é a pessoa que cobre o Twitter diretamente, enquanto eu sou um repórter que faz matérias investigativas na editoria de tecnologia. Desde o início das negociações, quando Elon fez a oferta para comprar a rede social, estávamos trabalhando com esse assunto.
E depois que a venda foi concluída, passamos a escrever duas ou três matérias por dia, ou seja, dedicamos muito tempo para contar essa história. Como todo o nosso trabalho não cabia nas páginas do jornal, então decidimos escrever um livro. Tínhamos muito material que merecia estar em um lugar onde pudéssemos escrever mais detalhadamente, explicar um pouco melhor e simplesmente dedicar mais atenção ao assunto. Foi mais ou menos assim que decidimos fazer isso.
Em sua opinião, qual foi a maior dificuldade para concluir esse trabalho? O que lhe chamou mais a atenção ao escrever sobre os bastidores de um dos sites com maior tráfego e influência do mundo? Por quê?
Para nós, foram duas grandes dificuldades. Primeiro, estávamos correndo contra o tempo. Sabíamos que precisávamos lançar este livro antes da eleição presidencial nos Estados Unidos. Seria importante na preparação para o pleito. Não acho que poderíamos ter previsto o quanto Musk estaria envolvido, mas sabíamos que, por causa do papel do Twitter na política e pela loucura daquele período, achávamos relevante lançá-lo antes. Isso nos deu cerca de dois anos para pesquisar, escrever tudo e publicar. O outro desafio foi decidir onde terminar o livro.
Terminamos com o primeiro encontro de Musk com Donald Trump, em março deste ano. E foi difícil decidir onde encerrar, porque acontecia algo novo todos os dias. Todos os dias havia uma nova história sobre Elon Musk, o que ele estava fazendo e como estava se envolvendo na política. Foi complicado encontrar um ponto onde houvesse um corte claro. Muita coisa aconteceu desde o ponto onde terminamos, e provavelmente poderíamos escrever outro livro inteiro agora apenas com o material que surgiu.
Mas sentimos que aquele era um ponto de encerramento claro, um lugar onde as pessoas poderiam entender como o relacionamento começou e como as coisas se desenrolaram até a eleição em novembro passado. Pudemos nos aprofundar muito mais em algumas reportagens que não conseguimos explorar completamente nas páginas do The New York Times. Você sabe como reportagens, às vezes, são muito curtas e feitas com prazos apertados.
Fazer um livro nos permitiu revisitar muitas cenas, anedotas e memórias com nossas fontes ao longo dos últimos dois anos. Elas puderam nos contar histórias completas que nos deixaram realmente impressionados. Então, acho que ter esse tempo para investigar foi um privilégio para nós, porque pudemos dedicar muito mais tempo a um único assunto e contar uma história mais completa.
Vocês fizeram mais de 150 horas de entrevistas com funcionários, ex-funcionários e pessoas que participaram do processo de venda do Twitter. Qual foi a principal reclamação ou queixa dessas pessoas? Qual sentimento elas mais demonstraram nessas conversas?
Não sei se dá para resumir em uma única queixa ou reclamação principal. Havia uma série de problemas que as pessoas enfrentavam, muitos deles estavam relacionados às suas situações individuais na empresa. Mas posso dizer uma coisa: acho que o sentimento unificador era a incredulidade das pessoas em relação à crueldade de como tudo aconteceu.
Desde as demissões e cortes até a forma desorganizada com que as mudanças foram implementadas. Pessoas que dedicaram suas vidas e carreiras a essa empresa foram sumariamente demitidas ou desligadas sem sequer um “obrigado”. A crueldade disso foi chocante. Além disso, acho que as pessoas também ficaram surpresas com a falta de planejamento na transição.
Muitos viam Elon Musk, inclusive aquelas que apoiavam a ideia de ele assumir e promover mudanças, como alguém capaz de trazer sucesso para a companhia, especialmente porque tinham visto o sucesso relativo dele na Tesla e na SpaceX. Mas o que elas perceberam foi que ele não tinha um plano real para questões como publicidade, geração de receita com assinaturas para usuários ou moderação de conteúdo.
Era tudo meio improvisado, feito de forma desorganizada. Essa falta de planejamento essencialmente condenou Elon e sua equipe desde o início. Esse é um ponto importante e um tema que surgiu bastante em nossa apuração e nas conversas com as pessoas.
Em entrevista recente, o youtuber brasileiro Felipe Neto, já considerado pela ‘Time’ uma das pessoas mais influentes do mundo, disse que Elon Musk é mais perigoso que Donald Trump, inclusive por transformar o Twitter em máquina de propaganda neofascista. O que você acha dessa declaração? Por quê?
Como repórter, precisamos ser bastante cuidadosos na forma como descrevemos as pessoas sobre as quais reportamos. Não sei se eu o chamaria de perigoso, mas a maneira como penso em reportar, especialmente sobre bilionários, CEOs e tecnologia, área em que tenho trabalhado na última década, é simplesmente analisando o poder que eles têm e o que controlam.
Nesse sentido, ao examinar o poder de Elon Musk, percebo que ele está no auge de sua influência. Ele é mais rico do que nunca, com um patrimônio líquido em torno de US$ 350 bilhões. Controla grandes empresas como Tesla, SpaceX e X. E, agora, tem a atenção da pessoa que está entrando na Casa Branca, Donald Trump.
Musk vai tomar decisões relacionadas a políticas públicas, contratações, demissões no governo e formulação de leis. É uma situação sem precedentes. Algumas pessoas podem chamá-lo de perigoso, mas acho que seus apoiadores poderiam considerar isso algo admirável e apoiá-lo.
No fim das contas, acho que ninguém pode negar que ele é incrivelmente poderoso, incrivelmente influente e vai usar esse poder de formas que o beneficiem, como ele tem feito nas últimas duas décadas de sua carreira.
O livro destaca que Elon Musk detesta jornalistas e não confia no trabalho da imprensa por não tolerar críticas. A participação do dono do X no segundo governo de Donald Trump coloca em risco a imprensa e a democracia no mundo? Por quê?
Musk nunca escondeu seu desdém pelos jornalistas. Como você disse, isso é algo central em sua carreira. Desde o início, ele demonstrou desconfiança em relação à imprensa, principalmente porque a vê como antagonista, duvidando dele e de suas habilidades, especialmente nos primeiros anos da Tesla e da SpaceX. E ele gosta de tentar provar que essas pessoas estão erradas.
Com isso, o bilionário tem travado batalhas com a imprensa, discutido com jornalistas e, em alguns momentos, até ameaçado processar. Isso não é algo exclusivo de Elon Musk. Pessoas poderosas ou que são alvo de reportagens investigativas frequentemente fazem isso. Eles usam ameaças legais como uma forma de, potencialmente, intimidar repórteres ou impedir que certas histórias sejam publicadas. Donald Trump também é assim.
Ele já fez ameaças à imprensa, chamou repórteres de “inimigos do povo". Então, acho que essa combinação certamente sinaliza uma administração mais antagonista em relação à mídia. Vamos ter que esperar para ver como isso se desenrola. Tanto Donald Trump quanto Elon Musk já expressaram interesse em enfraquecer leis e precedentes que garantem à imprensa, nos EUA, a capacidade de se expressar e escrever livremente. Sem dúvida, quem é repórter precisa estar ciente disso, e certamente é uma preocupação para os próximos quatro anos.
Em 2024, o X ficou fora do ar no Brasil por descumprir decisões judiciais. Na sua opinião, por que Elon Musk deixou a situação chegar a esse ponto? É possível que isso ocorra em outros países ou o Brasil representa um local estratégico para o bilionário?
Acho que essa situação escalou por diversos motivos. Primeiro, Elon Musk, como você sabe, está alinhado com Jair Bolsonaro, que é o principal opositor de Lula. Ele enxergou o juiz que tomou essas decisões, Alexandre de Moraes, como um aliado do atual presidente e decidiu enfrentá-lo. Acredito que Musk recebeu conselhos de pessoas que consideravam as ações de Moraes inconstitucionais e resolveu se posicionar em nome da liberdade de expressão.
O que acho interessante é que Elon Musk aplica a ideia de liberdade de expressão de forma muito seletiva. Ele afirma que comprou o Twitter para proteger a liberdade de expressão no mundo todo. Mas, em outros países onde houve desafios governamentais em relação ao conteúdo na plataforma, ele em alguns casos cedeu rapidamente a essas pressões baseando-se em suas alianças políticas. Penso, por exemplo, na Índia, onde ele prontamente atendeu às demandas do governo para remover um documentário da BBC relacionado a Narendra Modi.
Portanto, há aspectos políticos e cálculos envolvidos nas decisões de Musk em desafiar as decisões judiciais no Brasil. Outra coisa que vimos foi que, uma vez que ele toma uma posição pública, gosta de exercer pressão. Isso foi evidente com suas postagens e tweets sobre Moraes e a situação no Brasil. No entanto, ele recuou, e recuou em menos de um mês. E o que se nota é que ele praticamente não falou mais sobre o Brasil ou suas leis desde que o X cedeu às ordens do governo.
Acredito também que o X e Musk cederam porque o país é um mercado bastante importante para a plataforma e sempre foi. Em alguns cálculos, o Brasil é considerado a quarta ou quinta maior base de usuários globalmente. E esses números são relevantes, especialmente quando a empresa já enfrenta desafios com a queda de usuários e de anunciantes.
Acho que Musk percebeu esses desafios e também reconheceu a ameaça que essa escalada poderia representar para seus outros negócios. Empresas e celebridades têm seguido um movimento de saída do X, provocando o declínio de usuários ativos da rede social.
A plataforma está condenada ao esvaziamento ou o quadro é reversível? Por quê?
É meio difícil calcular o impacto ou a real saída de usuários da plataforma, já que não há mais informações públicas disponíveis sobre a empresa. Além disso, o que Musk e sua CEO, Linda Yaccarino, dizem geralmente é bastante genérico e não é respaldado por números concretos.
Embora eles afirmem que o número de usuários na plataforma esteja maior do que nunca, acho que, falando anedoticamente, temos visto celebridades e empresas deixando a plataforma. E, sim, isso certamente é um desafio para qualquer site que perde seus usuários mais influentes.
Nesse caso, Elon tem sido bastante antagonista com esses famosos, aqueles usuários importantes que costumavam fornecer conteúdo gratuito regularmente. Acho que ele não percebeu que essas pessoas eram os principais impulsionadores de atenção no Twitter e agora no X. Você perguntou se isso é uma espiral descendente. Bem, isso não é um bom sinal.
Acho que é difícil dizer qual será o impacto duradouro, mas, se as pessoas começarem a perceber que suas comunidades ou as celebridades que gostam de seguir e acompanhar estão desaparecendo do X, isso torna a plataforma menos atraente. Assim, elas provavelmente vão parar de contribuir com o X tanto quanto antes.
Isso pode levar a um efeito em rede, onde mais pessoas começam a sair em massa. Acho que levará um bom tempo para isso acontecer completamente, mas, no momento, os sinais certamente não são bons para o X.
Esse trabalho investigativo revela vários traços da personalidade de Elon Musk. É possível defini-lo em uma palavra ou frase? Qual seria?
Eu diria que é complicado, sabe? E essa é a visão que sempre tivemos dele ao trabalhar nesse livro. Por um lado, ele é um grande empreendedor de uma geração, alguém que fundou empresas de bilhões de dólares. Ele criou novas indústrias. Com a privatização do espaço, possibilitou a revolução dos carros elétricos e liderou, de certa forma, a revolução dos veículos elétricos no mercado de massa.
Por outro lado, ele essencialmente destruiu uma plataforma de mídia social, ou o negócio por trás de uma plataforma de mídia social. Ele a arruinou financeiramente, e simplesmente não parece entender como as pessoas se comunicam online. Uma das maiores lições do nosso livro é que alguém que pode ser incrivelmente inteligente e bem-sucedido em uma área não necessariamente é a melhor pessoa para operar uma empresa em outra área.
E eu acho que essa confiança, autoconfiança ou até mesmo a arrogância de Musk, a ideia de que ele poderia simplesmente administrar uma plataforma de mídia social porque teve sucesso com a Tesla ou SpaceX ou qualquer outra empresa, foi uma falha fatal. Isso não era um problema de engenharia. Não era simplesmente um problema técnico.
Administrar o Twitter ou o X, e o fato de ele ver dessa forma, complicou as coisas para ele e tornou muito mais difícil quando simplesmente achava que poderia entrar no lugar e fazer com que ele se curvasse à sua vontade.
Ficha do livro
Limite de caracteres: como Elon Musk destruiu o Twitter
Ryan Mac e Kate Conger
Tradução de Bruno Cobalchini Mattos, Christian Schwartz, Marcela Lanius e Mariana Delfini
Editora Todavia
488 páginas
R$ 82,90 (e-book: R$ 78,75)